Realizado por F. Gary Gray
Com Jamie Foxx, Gerard Butler, Colm Meaney, Bruce McGill
A violência exacerbada está amplamente presente em “Law Abiding Citizen”, uma produção extremamente superficial e muito pouco credível que nos apresenta inúmeras sequências irrealistas onde as explosões e os macabros homicídios são os principais intervenientes, assim sendo, estamos perante um produto cinematográfico bastante incompleto que apenas se preocupa em fornecer ao espectador a maior quantidade possível de violência e de adrenalina através dos seus medíocres e implausíveis segmentos que não são convenientemente acompanhados pela sua leviana narrativa. Clyde Shelton (Gerard Butler) é um cidadão exemplar que vê a sua mulher e filha serem brutalmente assassinadas durante uma invasão a sua casa. Quando os assassinos são detidos, Nick Rice (Jamie Foxx), um jovem e ambicioso procurador, é chamado para participar no processo. Apesar dos seus protestos, Nick é forçado pelo seu chefe a oferecer a um dos suspeitos uma sentença leve em troca de um testemunho contra o seu cúmplice. Uma década depois, o homem que se safou da acusação de homicídio é encontrado morto e Clyde Shelton admite friamente que é o culpado e em seguida faz um enigmático aviso ao procurador, ou compõe o sistema de justiça que falhou com a sua família ou as pessoas importantes do processo morrerão. Shelton avança com as suas ameaças, orquestrando a partir da sua cela prisional, um fio de impressionantes e diabólicos assassínios que não podem ser previstos ou prevenidos. A cidade de Filadélfia está dominada pelo medo à medida que os alvos de Shelton são mortos uns a seguir aos outros e as autoridades não têm poder para acabar com esta onda de terror. Apenas Nick poderá parar esta matança, e para tal, terá de ser mais astuto que este brilhante sociopata, num crucial concurso de vontades em que o menor descuido significa a morte e com a sua própria família na mira do intrépido assassino, Nick vê-se envolvido numa corrida exasperante contra o tempo, enfrentando um adversário mortal que parece estar sempre um passo à sua frente.
O conceito de “Law Abiding Citizen” é, no mínimo, pouco imaginativo porque não é a primeira vez que somos confrontados com uma personagem aparentemente normal e estável que adoptou um caminho de violência e vingança após uma experiência traumática, no entanto, este conceito previsível e recorrente é levado ao extremo do ilusório e do superficial por esta medíocre produção que é protagonizada por um individuo traumatizado que prossegue uma perturbante e desconexa vendeta contra o sistema judicial, vendeta essa que é pautada pela utilização de impressionantes apetrechos tecnológicos e por avançadas estratégias militares. A utilização de impressionantes estratégias militares não é completamente irrealista, porque apesar do interveniente ser um engenheiro é possível que este seja um sobredotado e que possa ter apreendido todas as suas estratégias através de um estudo exaustivo, assim se explica as suas constantes citações de conhecidos estrategas e generais, no entanto, é a sua utilização de engenhos e de equipamentos tecnologicamente avançados para executar essas estratégias que levantam inúmeras questões para as quais a história não fornece quaisquer respostas.
O principal objectivo da narrativa é explorar as fragilidades do sistema judicial e as possíveis consequências que essas fragilidades têm no quotidiano dos cidadãos que os responsáveis judiciais deveriam proteger, no entanto, esse objectivo é meramente hipotético porque em nenhum momento somos confrontados com uma abordagem devidamente aprofundada sobre o funcionamento incorrecto ou inadequado do sistema judicial americano, somos sim confrontados com uma análise artificial e irrealista de uma situação concreta que é protagonizada por um justiceiro desequilibrado e um procurador arrogante, duas personagens que acabam por encontrar a sua redenção individual através das suas respectivas acções que se entrosam constantemente num verdadeiro confronto de vontades e de intenções, ou seja, Clyde Shelton encontra o seu conforto emocional na sua sangrenta vingança que envolve a violenta aniquilação de todos os elementos que contribuíram para a sua injustiça judicial que foi parcialmente obtida graças à intervenção de Nick Rice, uma figura que representa o típico procurador americano e que tenta emendar as inúmeras injustiças que cometeu ao longo do seu passado profissional através do confronto intelectual com o resultado directo da sua maior injustiça judicial, Clyde Shelton. A relação que se desenvolve entre estas duas personagens é necessária para estabelecer uma distinção entre o correcto e o errado, no entanto, chegamos à simples conclusão que nenhuma das duas está correcta porque ambos são responsáveis por situações completamente inaceitáveis e incompreensíveis. O espectador conseguirá compreender facilmente as motivações individuais e subjectivas de cada um desses intervenientes, mas será muito difícil defender as suas atitudes e os seus comportamentos sem colocar em dúvida os seus sentidos de justiça e de vingança. Os diálogos em “Law Abiding Citizen” são extremamente triviais e em alguns dos casos são mesmo pretensiosos, porque tentam conferir uma intelectualidade inexistente à história através de citações históricas ou divagações filosóficas.
O confronto pseudo-intelectual entre os protagonistas é constantemente interrompido pelas superficiais e explosivas sequências de violência que se assumem como o principal elemento desta produção, no entanto, essa preponderância não é acompanhada por uma presença assídua de qualidade ou de imaginação. Os primeiros segmentos até são razoavelmente interessantes e até conseguem entreter minimamente o espectador porque obedecem a uma construção inteligente que assenta essencialmente na imprevisibilidade mas à medida que a história se vai desenvolvendo e essas sequências se vão sucedendo sem demonstrar uma grande evolução imaginativa, os espectadores vão perdendo gradualmente o seu interesse por elas. O grande culpado por esta situação é F. Gary Gray, um cineasta que não conseguiu editar convenientemente essas sequências e que também não se preocupou em construir e desenvolver menos segmentos desse género mas com mais qualidade e interesse porque o principal problema de “Law Abiding Citizen” é precisamente a presença excessiva dessas sequências que são compostas por efeitos especiais que aumentam inegavelmente a sua espectacularidade mas que em nada contribuem para a sua eficácia ou qualidade. Gerard Butler e Jamie Foxx não têm aqui as melhores performances das suas carreiras, muito pelo contrário, não conseguem deslumbrar o espectador com as suas interpretações unidimensionais. As performances secundárias de Viola Davis, Colm Meaney e Bruce McGill também não são melhores e também não conseguem cativar a atenção do público.
À semelhança de inúmeras produções do género, “Law Abiding Citizen” foi claramente prejudicado pela sua excessiva artificialidade e pela sua aposta desmedida em sequências de violência e de acção exacerbada, no entanto, esses segmentos poderão entreter e agradar aos espectadores que apreciem um espectáculo cinematográfico de pirotécnica e de violência desmedida.
Classificação – 2 Estrelas em 5
Com Jamie Foxx, Gerard Butler, Colm Meaney, Bruce McGill
A violência exacerbada está amplamente presente em “Law Abiding Citizen”, uma produção extremamente superficial e muito pouco credível que nos apresenta inúmeras sequências irrealistas onde as explosões e os macabros homicídios são os principais intervenientes, assim sendo, estamos perante um produto cinematográfico bastante incompleto que apenas se preocupa em fornecer ao espectador a maior quantidade possível de violência e de adrenalina através dos seus medíocres e implausíveis segmentos que não são convenientemente acompanhados pela sua leviana narrativa. Clyde Shelton (Gerard Butler) é um cidadão exemplar que vê a sua mulher e filha serem brutalmente assassinadas durante uma invasão a sua casa. Quando os assassinos são detidos, Nick Rice (Jamie Foxx), um jovem e ambicioso procurador, é chamado para participar no processo. Apesar dos seus protestos, Nick é forçado pelo seu chefe a oferecer a um dos suspeitos uma sentença leve em troca de um testemunho contra o seu cúmplice. Uma década depois, o homem que se safou da acusação de homicídio é encontrado morto e Clyde Shelton admite friamente que é o culpado e em seguida faz um enigmático aviso ao procurador, ou compõe o sistema de justiça que falhou com a sua família ou as pessoas importantes do processo morrerão. Shelton avança com as suas ameaças, orquestrando a partir da sua cela prisional, um fio de impressionantes e diabólicos assassínios que não podem ser previstos ou prevenidos. A cidade de Filadélfia está dominada pelo medo à medida que os alvos de Shelton são mortos uns a seguir aos outros e as autoridades não têm poder para acabar com esta onda de terror. Apenas Nick poderá parar esta matança, e para tal, terá de ser mais astuto que este brilhante sociopata, num crucial concurso de vontades em que o menor descuido significa a morte e com a sua própria família na mira do intrépido assassino, Nick vê-se envolvido numa corrida exasperante contra o tempo, enfrentando um adversário mortal que parece estar sempre um passo à sua frente.
O conceito de “Law Abiding Citizen” é, no mínimo, pouco imaginativo porque não é a primeira vez que somos confrontados com uma personagem aparentemente normal e estável que adoptou um caminho de violência e vingança após uma experiência traumática, no entanto, este conceito previsível e recorrente é levado ao extremo do ilusório e do superficial por esta medíocre produção que é protagonizada por um individuo traumatizado que prossegue uma perturbante e desconexa vendeta contra o sistema judicial, vendeta essa que é pautada pela utilização de impressionantes apetrechos tecnológicos e por avançadas estratégias militares. A utilização de impressionantes estratégias militares não é completamente irrealista, porque apesar do interveniente ser um engenheiro é possível que este seja um sobredotado e que possa ter apreendido todas as suas estratégias através de um estudo exaustivo, assim se explica as suas constantes citações de conhecidos estrategas e generais, no entanto, é a sua utilização de engenhos e de equipamentos tecnologicamente avançados para executar essas estratégias que levantam inúmeras questões para as quais a história não fornece quaisquer respostas.
O principal objectivo da narrativa é explorar as fragilidades do sistema judicial e as possíveis consequências que essas fragilidades têm no quotidiano dos cidadãos que os responsáveis judiciais deveriam proteger, no entanto, esse objectivo é meramente hipotético porque em nenhum momento somos confrontados com uma abordagem devidamente aprofundada sobre o funcionamento incorrecto ou inadequado do sistema judicial americano, somos sim confrontados com uma análise artificial e irrealista de uma situação concreta que é protagonizada por um justiceiro desequilibrado e um procurador arrogante, duas personagens que acabam por encontrar a sua redenção individual através das suas respectivas acções que se entrosam constantemente num verdadeiro confronto de vontades e de intenções, ou seja, Clyde Shelton encontra o seu conforto emocional na sua sangrenta vingança que envolve a violenta aniquilação de todos os elementos que contribuíram para a sua injustiça judicial que foi parcialmente obtida graças à intervenção de Nick Rice, uma figura que representa o típico procurador americano e que tenta emendar as inúmeras injustiças que cometeu ao longo do seu passado profissional através do confronto intelectual com o resultado directo da sua maior injustiça judicial, Clyde Shelton. A relação que se desenvolve entre estas duas personagens é necessária para estabelecer uma distinção entre o correcto e o errado, no entanto, chegamos à simples conclusão que nenhuma das duas está correcta porque ambos são responsáveis por situações completamente inaceitáveis e incompreensíveis. O espectador conseguirá compreender facilmente as motivações individuais e subjectivas de cada um desses intervenientes, mas será muito difícil defender as suas atitudes e os seus comportamentos sem colocar em dúvida os seus sentidos de justiça e de vingança. Os diálogos em “Law Abiding Citizen” são extremamente triviais e em alguns dos casos são mesmo pretensiosos, porque tentam conferir uma intelectualidade inexistente à história através de citações históricas ou divagações filosóficas.
O confronto pseudo-intelectual entre os protagonistas é constantemente interrompido pelas superficiais e explosivas sequências de violência que se assumem como o principal elemento desta produção, no entanto, essa preponderância não é acompanhada por uma presença assídua de qualidade ou de imaginação. Os primeiros segmentos até são razoavelmente interessantes e até conseguem entreter minimamente o espectador porque obedecem a uma construção inteligente que assenta essencialmente na imprevisibilidade mas à medida que a história se vai desenvolvendo e essas sequências se vão sucedendo sem demonstrar uma grande evolução imaginativa, os espectadores vão perdendo gradualmente o seu interesse por elas. O grande culpado por esta situação é F. Gary Gray, um cineasta que não conseguiu editar convenientemente essas sequências e que também não se preocupou em construir e desenvolver menos segmentos desse género mas com mais qualidade e interesse porque o principal problema de “Law Abiding Citizen” é precisamente a presença excessiva dessas sequências que são compostas por efeitos especiais que aumentam inegavelmente a sua espectacularidade mas que em nada contribuem para a sua eficácia ou qualidade. Gerard Butler e Jamie Foxx não têm aqui as melhores performances das suas carreiras, muito pelo contrário, não conseguem deslumbrar o espectador com as suas interpretações unidimensionais. As performances secundárias de Viola Davis, Colm Meaney e Bruce McGill também não são melhores e também não conseguem cativar a atenção do público.
À semelhança de inúmeras produções do género, “Law Abiding Citizen” foi claramente prejudicado pela sua excessiva artificialidade e pela sua aposta desmedida em sequências de violência e de acção exacerbada, no entanto, esses segmentos poderão entreter e agradar aos espectadores que apreciem um espectáculo cinematográfico de pirotécnica e de violência desmedida.
Classificação – 2 Estrelas em 5
10 Comentários
Nao concordo.
ResponderEliminarA produçao conseguiu demonstrar sua intençao, sua mensagem. É isso o que vale.
O carro-chefe é a açao, logo utilizou esse meio para deixar sua mensagem.
Para mim este foi sem dúvida o melhor filme de 2010.
ResponderEliminarAmei. O argumento é genial, bem como o interesse, alma, ritmo etc e tal, mas o final é ingénuo. No entanto cheira-me - cheira-me, que vai ser considerado um dos melhores thrillers/dramas da ultima década, quiçá, das ultimas décadas (lembrei-me tantas vezes do Saw e da argúcia do Dexter).
ResponderEliminarO final foi “memo memo” desprezível.. podia ser mais adulto, inteligente, forte.. merecia. Não entendi como é que a policia destrói um edifício que é do erário público ($?!$), com tantos prisioneiros no mesmo espaço.. Enfim, não sou obrigado a entender tudo o que me querem enfiar pelos olhos a dentro.
Pelo final infantil, incauto.. perde na minha classificação, de zero a cinco, vale três e meio.
[SepolOm]
Tambem não concordo com tantas críticas. É um filme de acção e suspense que prende quem está a ver. A parte de rebentar com a prisão de facto não foi o melhor fim, tal como não faz sentido como sabia o policia que ele rebentava precisamente só dentro da cela? É certo que têm algumas falhas mas merece ser visto.
ResponderEliminarnao apreciei o fim
ResponderEliminaro filme é muito bom, ao contrario do que muitos dizem, o facto de combinar varios filmes num so é o que faz valer a pena ver, porque nao temos so "um tipo de acçao" temos imensas cenas que nos podemos indentificar.
ResponderEliminarA parte do fim tambem concordo que esta muito franca, como tambem a parte que capturam o clyde em casa dele e ele despe-se, fiquei sem perceber o porque, nao tem qualqer logica
Achei o fim mau, quando se mata pessoas inocentes ninguém quer saber, mas quando se trata de advogados ou juízos ate foram contra as leis...
ResponderEliminarEnfim também um pouco da realidade
"Um Cidadão Exemplar" tem um ponto de partida interessante, mas a forma que essa premissa foi desenvolvida fez com que o argumento se tornasse algo desinteressante e cansativo. "Law Abiding Citizen" é um filme bom, mas é apenas isso.
ResponderEliminar3*
Cumprimentos, Frederico.
Qual a mensagem que o filme passa alguém pode me ajudar?
ResponderEliminarA mensagem principal é que "a vingança não compensa" por muita razão que possa existir para tal vingança
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