Crítica - A Nightmare on Elm Street (2010)

Realizado por Samuel Bayer
Com Jackie Earle Haley, Rooney Mara, Kyle Gallner, Katie Cassidy

No ano de 1984, pelas mãos de Wes Craven, uma lenda do género fantástico nascia no seio da Sétima Arte. “A Nightmare on Elm Street” estreava nas salas de todo o mundo e dava-nos a conhecer o sádico, maléfico e horripilante Freddy Krueger. Com a sua epiderme terrivelmente conspurcada e com a fiel e dilacerante garra firmemente presa à mão direita, Freddy Krueger depressa se transformou numa das personagens mais assustadoras e originais do cinema de terror, assegurando a sua devida posição no eterno imaginário de cada espectador. O filme original de Craven era cru, arrojado e simplesmente brutal. Ele surgia numa altura em que estes filmes de série B se afirmavam como uma alternativa às limitações criativas impostas pelos grandes estúdios norte-americanos e, como muitos outros, não hesitava em brindar o espectador com descarados banhos de sangue e uma imensa panóplia da mais variada fornada de monstros freaks. Apenas uma das muitas razões pela qual se tornou um filme de culto.
Esta nova versão da tresloucada e sanguinária obra de Craven chega até nós numa altura em que o cinema de terror se encontra em profunda crise (especialmente o cinema de terror oriundo das terras do tio Sam). Este renovado “A Nightmare on Elm Street” pretende ser um remake do filme original, recuperando a génese da história e as personagens que deram início à famosa saga do serial-killer do mundo dos sonhos. Pretendia-se então apresentar o idiossincrático Freddy Krueger a uma nova geração de jovens. Aquilo que eu posso dizer é o seguinte: Samuel Bayer e a sua equipa de produção bem que podiam ter ficado quietos. Pois o “A Nightmare on Elm Street” criado para esta nova geração não possui um pingo da ousadia e da criatividade do filme original e, infelizmente como já se esperava, estamos perante um dos filmes mais pobres, medíocres e inconsequentes dos últimos anos.


A película conta-nos a história de um grupo de adolescentes que vive aterrorizado por um único pesadelo constante. Um pesadelo onde um sádico e impiedoso homem carbonizado – Freddy Krueger (grande Jackie Earle Haley) – os persegue com a promessa de que os irá esquartejar a todos… com o maior dos prazeres. A princípio, nenhum dos jovens compreende que o seu pesadelo é mútuo e ninguém se atreve a imaginar o terrível destino que os espera. Afinal de conta, não passavam de pesadelos. Que mal poderiam trazer às suas vidas? Porém, a pouco e pouco, os jovens vão falecendo durante o sono de uma forma incrivelmente brutal e invulgar. Rapidamente, todos eles começam a descurar a racionalidade dos seus pensamentos e começam a temer seriamente as constantes visitas do homem da camisa às ricas pretas e vermelhas. Caberá a Nancy (Rooney Mara) e ao seu platónico amigo Quentin (Kyle Gallner) descobrir o mistério por detrás do assombramento de Krueger, antes que seja tarde demais para ambos e um encontro com a morte se torne inevitável.
Há muito pouco de positivo a dizer acerca deste filme. Depois de muito matutar, identifico-lhe apenas dois aspectos relativamente agradáveis. O primeiro prende-se com os diabólicos e claustrofóbicos cenários do mundo de Freddy Krueger, o que é o mesmo que dizer o mundo dos sonhos (ou pesadelos, como preferirem). Aquando da previsível morte de um dos jovens intervenientes, os assombrosos e aterradores cenários fazem-nos acreditar que estamos, de facto, no mais realista e traumático dos pesadelos. O segundo aspecto positivo tem, inevitavelmente, a ver com a fabulosa e perturbadora prestação de Jackie Earle Haley. Devo admitir que Haley foi o único factor que me levou a ver este remake do clássico de Craven. O inesquecível Rorschach de “Watchmen” e o inquietante George Noyce de “Shutter Island” prometia oferecer a Freddy Krueger um sadismo e uma profundidade dramática admiráveis e nunca antes vistas. Conforme esperava, Haley oferece-nos uma interpretação brilhante, bem mais séria e demoníaca que a do seu predecessor Robert Englund. Já nomeado para um Oscar da Academia pela sua prestação em “Little Children”, Jackie Earle Haley é um grande actor, mas apesar do seu brilhantismo, não consegue salvar um filme que é o autêntico reflexo do desastre. Até porque, no cômputo geral, Freddy Krueger acaba por estar presente em apenas 20 ou 30 minutos da película.


Este “A Nightmare on Elm Street” é mais da mesma pestilenta matéria que nos tem chegado dos Estados Unidos da América, no que a filmes de terror diz respeito. Samuel Bayer deve ter estudado bem a lição do manual de fazer maus filmes. Pois esta obra é um autêntico manual de clichés, parvoíces, tiradas desnecessárias, enigmas sem qualquer mistério, interpretações em piloto automático, planos de câmara banalíssimos e um argumento provavelmente escrito sob o consumo de altas doses de crack. Uma vez mais, temos as raparigas jeitosas a tomar banho e a andar pela casa em trajes menores enquanto são confrontadas pelo monstro; temos adolescentes a entrar pelas janelas das casas às três da manhã, sem que os seus pais vejam algo de mal nisso; temos personagens que foram abusadas sexualmente e que não se lembram de um único pormenor do acontecimento mais traumatizante das suas vidas; temos a sempre agradável tirada asneirenta da personagem principal ao dar o golpe final no inimigo; e para encerrar em beleza, temos o twist final que, de tão esperado que é, acaba por não ser twist nenhum, surge sem qualquer noção de coerência narrativa e tem o singular propósito de deixar em aberto uma triste sequela.
Começo a aperceber-me de que já não tenho paciência para estes filmes. O argumento, de tão mau que é, nem sequer explica a razão de ser da rua que dá nome à obra. E o filme em si possui uma densa aura de amadorismo que já não se admite em pleno blockbuster do século XXI. As personagens interpretadas pelo conjunto de adolescentes são tão ocas e unidimensionais que até magoam a vista do espectador e fazem com que, rapidamente, torçamos pelo mau da fita. A certa altura, o tédio é tão grande que damos por nós a desejar que o Sr. Krueger acabe com os supostos heróis da fita o mais cedo possível. Fora a interpretação de Haley e o sadismo com que o seu Krueger despacha as vítimas, tudo o resto é puro lixo. E assim se dá cabo de uma das maiores, mais icónicas e mais adoradas lendas da Sétima Arte.

Classificação – 1 Estrela Em 5

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16 Comentários

  1. Não podia concordar mais. O trailer ainda prometia alguma coisa mas após ver o filme fiquei muito decepcionado. Eu não esperava uma maravilha mas também não esperava tão pouco. Acho que este remake/reboot é muito pior que aqueles que foram feitos para os outros iconicos viloes do terror americano, Michael Myers (Halloween) e Jason (Friday The 13th).

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  2. Apesar de este ter sido terrivelmente mau (salvo apenas pela interpretação do Jackie Earle Haley), não posso concordar contigo JT.
    O "Friday the 13th" foi péssimo. A meu ver, muito pior que este A Nightmare on Elm Street.

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  3. Ainda não vi este filme, mas sinceramente não me admiro que este filme esteja uma verdadeira podridão... É preciso ter muita coragem, ou nenhum cérebro para tentar fazer como 1ª longa-metragem e não vídeo-clips para a MTV, um remake de um grande clássico que nem o próprio criador conseguiu superar (relembro para quem conhece os filmes do Pesadelo em Elm Street, o 7º filme é o pior de todos mesmo, e foi o Wes Craven que o fez também...)
    Por tanto acho também, que o sr. Samuel Bayer,deveria estar quietinho...
    E na minha opinião os dois remakes do Halloween, feitos pelo Rob Zombie estão perfeitos... É de ver e gritar por mais...Abafa por completo os filmes a seguir aos do John Carpenter.

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  4. tenho de admitir que também concordo que o filme é uma decepção. concordo com os pontos positivos que foram ditos e até acrescento um que terá sido a brilhante caracterização de Freddy. tinha algumas reservas quanto a isso visto ser uma personagem da minha infancia que, admito, tirou-me algumas noites de sono quando era mais novo, no entanto a mais moderna caracterização de Freddy surpreendeu-me pela positiva.

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  5. Ainda não vi o filme, mas agora com estes comentários fiquei apreensivo.
    Gosto bastante dos primeiros, estou com receio de me desiludir com este.

    abraços.
    http://vidadosmeusfilmes.blogspot.com/

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  6. o original não é nada por aí além

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  7. só tenho a dizer que neste filme o freddy kueger pareceu-me mais um tarado do que outra coisa. só rezo a deus que ñ se ponham a fazer mais filmes estilo continuação, pois o promeiro é bastante mal e ñ chega aos calcanhares do original.
    quem quer mesmo ver freddy kueger no seu melhor vê os primeiros 4 filmes da saga.

    inté..

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  8. Eu vi o primeiro e fiqei estupidamente desiludd. So lia comentarios sobre aqilo ser hiper asustador e de deixar as pessoas sem noites de sono. Hammmm, NOT !! Eu fiqei igual, achei aqilo mto mto fracote. Mas pronto, eu sou aqela rapariga qe em 17 anos de vida ainda nao viu um unico filme de terror qe tivesse realmnt assustado... E eu qeria ir ver o remake mas ja tou a ver qe nao vou. Ate pq ir ao cinema ta cada x mais caro -.-

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  9. Isto mete muito medo? É que em criança fartei-me de ver aquilo e na altura tive muito medo! Agora quero ir a ver, mesmo que seja muito mau, só que não gosto muito de filmes de terror. Mete muito medo?

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  10. Detestei o primeiro e provavelmente vou detestar este, não é o meu genero de filme. E só vim aqui comentar por estar muito interessado neste regresso, principalmente a papeis secundarios muito fortes, de Jackie Earle Haley. E na minha opinião poderemos muito bem estar na presença de um novo John Malkovich. Não sei se partilham da minha opinião...

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  11. bem o que tenho a dizer do filme

    ta uma porcaria não gostei

    ok o actor pode ter interpretado bem o papel do kruger mas falta o espirito do freddy

    quando era pequena via o filme e assustava-me com algumas partes neste filme ia adormecendo

    espero que não voltem a fazer filmes deste género

    isto não da para encaixar em nada
    tipo não é de terror nem suspense nem nada que se pareça...

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  12. Concordo com a critica em certa parte. Para quem nunca viu o filme original (como eu, a malta mais jovem) não diria que seja um mau filme de terror. Até é razoável. Sendo esse o principal factor que condiciona a minha critica. Portanto para quem vê pela primeira vez penso que está mais ou menos conseguido, não têm na verdade grandes enigmas, falta mais intensidade e construção das personagens (quase inexistente). Contudo o que não gostei nada foi do porquê da história, ou seja o motivo pelo qual Freddy se vinga. Não têm sentido nenhum a meu ver. Não achei que tenha sido muito assustador mas pessoas mais sensíveis talvez se impressionem. Destaque para a interpretação de Jackie Earle Haley que esteve realmente bem. Filme no geral razoável. Nota 3 em 5.

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  13. Jackie Earle Haley fez um Freddy miserável, não tem nada de espetacular nele, alias ele matou de fato o Freddy de tantos pesadelos, fazendo dele um pedófilo sem estilo algum, tirou toda a personalidade do assassino q o Englund criou.
    De resto, elenco de péssima qualidade, q Nancy era aquela? Filme detestável, e pra mim Jackie Earle Haley ajudou a piorar tudo q ja estava horrivel no filme, ele foi o naufrágio do filme.

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  14. Ignorando tudo o que foi dito, o filme assusta sim, não sei se conseguirei dormir adequadamente esta noite, estou apavorado! O final do filme parece prometer que haverá uma continuação... Meu deus! Eles querem estragar a série toda??? Só de pensar no quão ruim pode ser o próximo filme, fico angustiado...

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  15. Embora estes comentários tenham sido deixados já a muito tempo, não poderia deixar de comentar.
    O filme embora não seja péssimo (especialmente imaginando que nunca se terá visto os originais), foi também para mim, uma completa desilusão.
    O Robert Barton Englund era um icon, e por alguma razão, foi sempre ele a representar o kruguer.
    De facto no meu ponto de vista, conseguiram transformar um monstro assassino de crianças, num pedófilo banal.
    Bem sei que é moda, e especialmente surgindo na América, numa altura em que a pedofilia no seio da igreja americana estava no centro das atenções, nada mais foi que aproveitar a onda.
    Kruguer um jardineiro de uma escola que levava as crianças para a sua gruta.
    Deveria de ser um infantário sem professores, educadores ou auxiliares, mas enfim, este tipo de filmes é para não pensar muito nos pormenores, certo? :P
    Falando da interpretação do novo Kruguer, gostei, mas infelizmente houve um mito antes dele, e quem viu os outros filmes, certamente teve saudades do Freddy original.
    Quanto ao resto das interpretações... fracas, muito fracas. Como diziam acima, são tão aborrecidas que a certa altura já estamos a torcer para que o Freddy, os apanhe o mais rápido possível.
    Só conseguimos associar o filme ao seu nome, porque nos fizeram o favor de mostrar durante o mesmo, varias vezes placas com o nome da rua, porque de resto, o argumento é tão fraco que nem na rua fala.
    Terminando... a ultima cena, além de super previsível, é completamente sem sentido, a não ser que a Nancy estivesse a dormir quando ele ataca a mãe dela, porque se não estiver, isso de monstros atacarem através de espelhos, é de outro filme de terror :)

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  16. o filme é bom , mais não da medo,
    faltou a ele aquele humor negro de um vilão psicopata como nos filmes antigos

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