Espaço Memória - Novecento - 1900 (1976)

Realizado por Bernardo Bertolucci
Com Robert De Niro, Gérard Depardieu, Dominique Sanda, Burt Lencaster


Ainda na senda do sucesso de Ultimo tango a Parigi (1972), Bertolucci ousou filmar a História de Itália na primeira metade do século XX, numa película que teria na sua versão final cerca de cinco horas, divididas por duas partes, o que obrigou a que o filme fosse cortado aleatoriamente nos diferentes países. Esta história é narrada através da vida de dois rapazes que nasceram no mesmo lugar, no mesmo dia, mas em classes sociais muito distintas o que vai condicionar todas as opções que fazem na vida, nomeadamente e, acima de tudo, as politicas, são eles Alfredo Berlinghieri (Robert de Niro) e Olmo Dalcò (Gerard Depardieu). Este é o pretexto para uma longa justificação do crescimento lado a lado a lado do fascismo e do comunismo e a legitimação dessa adesão das pessoa a cada um deles num microcosmo de Itália que é a propriedade dos Berlinghieri e a aldeia vizinha, personificados nas figuras dos dois rapazes que se fazem homens e que aderem à ideologia que melhor defende os seus interesses, apesar a amizade que os une.

Apesar de não ter sido um sucesso comercial, a componente fortemente política da obra que tem como principal objectivo denunciar o que foi o fascismo em Itália, o seu crescimento e a sua destruição, apresenta aspectos muito interessantes como, por exemplo, o modo como a sua educação e opções ideológicas levam cada um dos jovens homens a relacionar-se com o sexo oposto, ou ainda a análise da necessidade profundamente humana de exercício de poder sobre o outro, ou também a reflexão sobre o ciclo de vinganças completamente cegas e injustas que a opressão acaba por desencadear. Trilhando o caminho iniciado por Il Gattopardo de Visconti, Berttolucci pode contar com Burt Lencaster no elenco, do qual fizeram também parte actores norte-americanos, franceses e italianos. São dignas de nota, e talvez um dos pontos mais fortes da obra, as interpretações de De Niro e Depardieu. O filme recebeu em 1977 o Prémio Bodil para Melhor Filme Europeu.

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