Crítica – The Ghost Writer (2010)

Realizado por Roman Polanski
Com Ewan McGregor, Pierce Brosnan, Kim Cattrall

Longe de ser o melhor filme do realizador, The Gost Writer apresenta-se ainda assim como um bom thriller e uma interessante adaptação do romance de Robert Harris. O escritor-fantasma (Ewan McGregor) é contratado para acabar as memórias do Primeiro- ministro inglês, deixadas incompletas pelo seu antecessor, que morreu em circunstâncias estranhas. Para comprimir a sua tarefa, o escritor muda-se para uma ilha perto de Nova Iorque, onde o Primeiro-Ministro britânico tem uma casa muito sofisticada sobre a praia e completamente vigiada pela segurança. Nessa casa, fechada sobre si mesma apesar das paredes em vidro, encontram-se também as secretárias do Primeiro-ministro, Adam Lang (Pierce Brosnan), a inesquecível assistente e amante, Amélia Bly (Kim Cattrall,)e a esposa destroçada emocionalmente, Ruth (Olivia Williams).
O escritor, para além de escrever as memórias, empreende uma investigação por conta própria sobre a morte do seu antecessor e as informações secretas que o manuscrito continha mas que ninguém sabia decifrar. Fotos comprometedoras que vêm parar às suas mãos também o iluminam na sua pesquisa. Assente sobre tudo em diálogos reveladores de uma forte tensão psicológica, The Ghost Writer é uma denúncia à colaboração do governo inglês como os interesses americanos, podendo reconhecer-se em Lang alguns traços de Tony Blair bem como de George Bush. É ainda uma denúncia da luta no Iraque, dos lobbies políticos e ainda da degradação moral, da miséria emocional e dos danos colaterais de qualquer batalha.


Pessoalmente não considero o filme superior a outras obras de Polanski. Ainda que as interpretações de McGregor, Catrall, Olvia Williams e mesmo de Pierce Brosnan sejam bastante versáteis e marcantes, o filme acaba por cair nos estereótipos do género com perseguições, políticos enigmáticos, seguranças sanguinários, sexo e traições não trazendo nada de novo a este tipo de cinema. Esta recorrência de clichés diminui o interesse na intriga que de um intrincado jogo político se transforma numa narrativa à la Hollywood que desperta fundamentalmente no espectador a curiosidade de saber quem mata quem. Por outro lado, as figuras visadas já foram demasiado analisadas pela opinião pública para esta machadada alterar alguma coisa. Na própria rodagem do filme revemos cenas do nosso imaginário como Lang a morrer nos braços da esposa legítima ou que se torna cansativo e corta o efeito surpreso. Esse efeito é apenas conseguido nos minutos finais que dão algum valor acrescentado ao fio narrativo.


Classificação - 4 Estrelas Em 5

Enviar um comentário

11 Comentários

  1. Não é claramente o melhor filme de Polanski mas devo dizer que gostei muito. Os paralelismos com a vida real são muito interessantes e o final também está muito bem conseguido. É competente como thriller.

    ResponderEliminar
  2. Não me surpreendeu em nenhum ponto, a não ser no final.

    ResponderEliminar
  3. ---SPOILER---NÃO LER QUEM AINDA NÃO VIU O FILME---

    Vocês conhecem uma série chamada Dollhouse? Tem a Olivia Williams como vilã, numa personagem calculista, fria, quase sem consciência. Depois de ver essa interpretação, mal a vi neste filme soube que ela tinha de ter um papel importante no final! Já me aconteceu isto várias vezes, tenho vindo a aperceber-me que, quando um actor tem um papel muito forte numa série, quando passa para outra série ou para um filme tem sempre uma importância não óbvia... imagino que tal se deva ao peso que as séries têm vindo a ganhar. Já me estragaram muitos suspenses!! :)

    ResponderEliminar
  4. Eu por acaso não estava à espera que ela fosse aquilo que é, sempre esperei um twist do género mas relacionado com a personagem da Kim Cattral que à semelhança de Sex And The City também só tem papeis muito sexuais.

    ResponderEliminar
  5. Eu concordo com a Ana até porque a caracterização tão desleixada da Olivia Williams, ainda que servisse para reforçar a sua inteligência, confere-lhe tambem a autoridade da mulher de Primeiro-Ministro que se pode dar ao luxo de não se arranjar. É uma interpretação um bocadinho fútil mas falamos também de imagens.

    ResponderEliminar
  6. Também reparei nisso, Ana! Agradou-me bastante esse pormenor! Foi um detalhe soberbo.

    ResponderEliminar
  7. Sinceramente, achei o filme bastante chato e sem qualquer poder cinematográfico.

    ResponderEliminar
  8. Se isso que aí dizem de o Lang no final da trama morrer nos braços da mulher for verdade, então desculpem, mas mesmo tendo aparecido na rodagem, e tal, não tinham de ter revelado, pois há gente, como eu, que ia ver o filme esta noite, e só por causa deste pequeno detalhe revelado já não vai! Se isto ia ter spoilers, podiam ter dito, porque assim não tinha lido a crítica. Sinceramente, pela primeira vez fiquei desapontado com este blog...

    ResponderEliminar
  9. Nós avisámos que tinha spoilers. Veja mais acima. De qualquer forma esse não é o final do filme.

    ResponderEliminar
  10. Não é um filme surpreendente, nem fantástico, mas tem boas interpretações e, sobretudo, algo que começa a faltar em alguns filmes, uma história contada de forma simples, sem declinar o conteúdo e a crítica.

    ResponderEliminar
  11. No âmbito da filmografia do realizador polaco "The Ghost Writer" terá obviamente de ser considerada uma obra menor. Só para falar nos thrillers de Polanski fica a anos-luz de um "Frantic", por exemplo.
    Mas se pensarmos em todos os sub-produtos com que semanalmente nos violentam nas salas escuras, então "The Ghost Writer" poderá até passar por um grande filme (que logicamente não o é de todo). Sinais dos tempos...

    ResponderEliminar

//]]>