Crítica – Crash (1996)

Realizado por David Cronenberg
Com James Spader, Holly Hunter, Elias Koteas

Super filme de culto gore, o polémico Crash devia ser, em meu entender, classificado para maiores de trinta e cinco e com comprovativo de sanidade mental. Cronenberg no auge de si mesmo, adapta aqui ao grande ecrã a obra de J. G. Ballard sobre a fusão da estimulação sexual com a adrenalina dos acidentes de automóveis.
James Ballard (James Spader) entra num mundo que nunca julgou possível existir depois de um violento acidente de automóvel. Nesta vertigem sexual-paranóica arrasta consigo a mulher, Catherine (Deborah Unger), com quem já mantinha uma problemática vida sexual. Muito sangue, muita manipulação dos corpos, muita segregação de adrenalina constroem um universo estranhíssimo onde o terror, à boa maneira do realizador, reside dentro do corpo de cada uma das personagens. As figuras são feias, tanto como pessoas como fisicamente, o argumento é tenebroso, a sensação transmitida ao espectador é desagradável mas talvez por isso mesmo, ao assistirmos a Crash, sentimos que este filme pode, realmente, criar um movimento de culto em seu redor e motivar praticas perversas e fatais, sentindo-nos desconcertados pelos limites aos quais a mente humana pode chegar.


Pessoalmente nunca gostei das propostas de Cronenberg desde que em adolescente assisti pela primeira vez a um filme para adultos à noite no cinema, era The Fly. No entanto, não conseguimos ficar indiferentes e a este tipo de terror, num momento de tão grande crise do género, nem não nos deixar tocar pelas marcas tão características do realizador. O filme recebeu o premio especial do júri em Cannes em 1996 e foi nomeado no mesmo ano para a Palma de Ouro.

Classificação - 5 Estrelas Em 5

Enviar um comentário

11 Comentários

  1. Será impressão minha, mas a classificação máxima atribuída não está em desacordo com a crítica?

    ResponderEliminar
  2. Uma coisa é um juío de gosto outra um juízo de valor. Este é um excelente filme e com um forte impacto sobre o espectador, mas, ainda assim, não é o meu género de filme. Nem por isso deixo de lhe dar a nota máxima.

    ResponderEliminar
  3. Ok, compreendo, apesar de eu ser incapaz de atribuir nota máxima a um filme de que não gosto particularmente. Ou seja, não consigo separar os dois tipos de juízos.
    Mas afinal essa imparciabilidade é que é capaz de ser um atributo válido para um bom crítico. Coisa que obviamente eu não sou - gosto apenas de falar das coisas que me dão prazer, como no cado dos filmes.
    Parabéns pelo blogue.

    ResponderEliminar
  4. Não é um filme de terror! É uma imensa metáfora, tal e qual como no livro, a toda uma fenomenologia urbana e contemporânea. Acresce ainda que, à excepção dos seus últimos 3 filmes, Cronenberg dedicou toda a sua obra ao "Corpo" como sendo ele a derradeira e suprema metáfora. Atente-se por exemplo no M. Butterfly, Existenz e em como o corpo é sempre a Charneira em cada argumento nos respectivos filmes, de uma forma ou de outra. Isto é essencial para compreender o filme aqui em causa. Secalhar é mesmo para pessoas com mais de "35 anos"...

    ResponderEliminar
  5. Eu tenho mais de trinta e cinco anos e se estuda retórica verá que metáfora é o grande tropo que dá para tudo desde que o significado não seja linear. Ainda que interprete o gore como metáfora da fenomenologia urbana e contemporânea ele é agradável, simpático, acolhedor, ou terrível, perturbante e assustador?

    ResponderEliminar
  6. Tenho que acrescentar é que, como sempre, não enfileiro em cultos ainda que sejam bem em certos grupos.

    ResponderEliminar
  7. Partilho da atitude sobre encarrilhar em Grupos, grupinhos e grupóides! Referi-me aos maiores de 35 anos metaforicamente... apenas quis deixar e relevar que me parece mesmo muito evidente que não é de forma gratuita ou simplista que o realizador em causa obtém sistematicamente filmes com este tipo de sentimento ou ambiente.

    ResponderEliminar
  8. Não quis mesmo, dizer ou insinuar o que quer que seja em relação À sua pessoa, a referência à idade era com outro objectivo, de forma genérica e não tinha em relação a si.

    ResponderEliminar
  9. eu não acho que o cinema de Cronenberg seja gratuito ou superficial, acho apenas que determinados tipos de filmes podem consequencias não estéticas e graves e por isso mesmo aceito que a exibição deste filme tenha sido proibida em muitos lugares porque não é de facto um filme para qualquer pessoa, nem de qualquer idade, nem com o qualquer nível de insegurança perante o sexo ou a sociedad e ou lá o que for

    ResponderEliminar
  10. Deixemo-nos de discussões pseudo intelectuais.
    Considero que o filme tem um cunho artistico, artistico demais o que me leva a concluir que, após reunião com os meus pares, o filme é péssimo, muito péssimo, mui terrible.
    Só não me levantei da cama para ir desligar o pc porque me doiam as costas (não ,não tenho ferros ou cicatrizes nas costas).
    Parabéns pelo blogue. Nota 20!

    ResponderEliminar
  11. Nota 10 para o filme. Eu pessoalmente tenho uma queda pelo James Spader mas meu filme favorito dele é Secretária com a espantosa Maggie Gillehall. Quanto a esse filme considero corajoso e retrata nada mais nada menos que a natureza humana. tudo que há nele é crível e ao mesmo tempo surreal mas é humano até o talo. Parabéns pelo blog
    Ass.Patrícia

    ResponderEliminar

//]]>