Crítica - José e Pilar (2010)

Realizado por Miguel Gonçalves Mendes
Com José Saramago e Pilar del Río

Entre 2006 e 2009, Miguel Gonçalves Mendes trabalhou incessantemente neste “José e Pilar”, um fantástico documentário sobre José Saramago e Pilar del Río, mais concretamente sobre o seu dia-a-dia normal que em nenhum momento nos é vendido como sendo idílico, muito pelo contrário, é nos apresentado como um quotidiano comum e perfeitamente adequado a um casal que realmente se respeitava e se apoiava mutuamente. “José e Pilar” é um trabalho documental extremamente realista e exaustivo mas não evasivo sobre Saramago e Pilar del Río, um trabalho que ora nos mostra a serenidade do comum dia-a-dia do casal em Lanzarote (Ilhas Canárias – Espanha), como acompanha as suas caóticas estadias nas mais variadas metrópoles mundiais, estadias essas que são provocadas pelos vários compromissos publicitários e comerciais de José Saramago, um homem octogenário que ainda mostrava muita vontade de viver e de escrever, mas que em vários momentos também mostrava uma notória debilidade física que o levava a classificar esta etapa da sua vida como o seu momento “mais próximo da porta de saída”. O documentário está cheio de momentos absolutamente fantásticos que nos mostram a verdadeira essência dos seus dois intervenientes e do seu relacionamento, que outrora foi amplamente criticado pela imprensa nacional, momentos tão verdadeiros e tão comuns como aqueles onde o casal conversa sobre as mais variadas trivialidades, ou onde o escritor se diverte com o Jogo do Solitário no seu computador num raro momento de verdadeiro relaxamento. Os diálogos entre os dois intervenientes também são indicativos do seu amor mútuo, mas são as pequenas frases que o escritor profere em alguns momentos desta obra que mais nos tocam e sensibilizam, porque muitas delas podem ser facilmente adaptadas ao nosso próprio quotidiano. Em última análise, “José e Pilar” é um documentário extremamente sensível e comovente que deve ser visionado por qualquer apreciador de um bom documentário, ou então por qualquer pessoa que queira ver um excelente filme sobre um casal real e verdadeiramente extraordinário. “José e Pilar” também se assume como uma magnífica homenagem a José Saramago, um dos mais amados e talentosos escritores português que faleceu recentemente aos oitenta e quatro anos de idade, sendo que vinte e dois desses anos foram passados ao lado de Pilar del Río, uma mulher que sempre o apoiou e que nunca deixou de o amar.

Classificação – 4,5 Estrelas em 5

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4 Comentários

  1. O Casal é tão ordinário como qualquer outro. Isso é que o filme mostrou.

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  2. O amor é ordinário, Sr anónimo, n sabia?
    Mas é sempre bom vê-lo mais uma vez. è em vê-lo e não em ser único, que reside a beleza de mais este casal.
    Vê-lo...senti-lo..

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  3. De saramago so podia ser ordinario, se tudo é ordinario vindo dele, o filme não podia ser diferente. Se ele não fosse cremado até podia fertilizar o solo, (estrume)

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  4. típico português, se algo sai do normal e costume, é criticado até não dizer mais! Ganhem vergonha e vejam o verdadeiro artista português que tivemos! Um homem inteligente e sábio que reinventou a escrita, tornou-a sua, que critica os problemas da sociedade, coisa que nós bem os sabemos apenas não os assumimos! Enfim, ganhem vergonha por dizerem mal de um dos maiores e melhores artistas e por lá fora, terem-lhe dado muito mais valor que o seu próprio povo, e isso é triste. Mas só comprova que o povo português não sabe avaliar o que de melhor tem. Ordinário? Sim era, e todos nós não o somos? E ordinário é diferente de irónico e satírico, aprendam o que isso significa, e depois sim podem falar de José Saramago.

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