Crítica – The Social Network (2010)

Realizado por David Fincher
Com Jesse Eisenberg, Bryan Barter, Dustin Fitzsimons
A extraordinária pertinência do tema desta obra, a fundação do Facebook, contrasta vivamente com o resultado final. A rede social Facebook veio revolucionar as relações entre as pessoas e o modo com elas lidam com a internet a um nível que ainda hoje não compreendemos e cujas consequências não podemos prever, no entanto, no filme, a dimensão do Facebook é relegada para segundo plano. Privilegia-se a construção do carácter de Mark Zuckerberg, brilhantemente interpretado por Jesse Eisenberg, um jovem com dificuldades de relacionamento, moralmente duvidoso, mas extraordinariamente dotado. Segundo o filme a ideia do Fecebook surgiu de uma zanga de Zuckerberg com a namorada e da sua vingança ao criar um site, a partir da rede existente entre os alunos de Harvard, onde se classificava a sensualidade das alunas. Daqui ao apogeu daquilo que viria a ser uma rede social mundial, assistimos através de flashbacks ao modo como trai o amigo que financiou o projecto desde o início, com dribla os criadores da rede de Harvard, enfim um percurso rumo ao sucesso tão rápido como trucidante para aqueles que se lhe atravessam no caminho.
O modo como a narrativa se desenrola é vertiginoso a ponto de muitas nuances do processo se perderem, e tendo como consequência a fraca construção psicológica das personagens, à excepção da do protagonista, das suas motivações, da complexidade da sua relação com Zuckerberg, e do seu destino. Tudo se concentra no alucinante processo de ascensão da rede, a custo da criação de um contexto consistente para o fenómeno. Ao público é dado o papel de juiz do carácter do protagonista, mas não lhe são fornecidas todas informações. Não compreendi a que tipo de curiosidade ou expectativas o filme poderia corresponder tantas são as minhas interrogações sobre o processo que ficaram por responder. O que movia tão friamente o fundador da rede? A vertigem do sucesso? O dinheiro? O seu desprezo pelos pares? O universo é profundamente masculino, como já viramos noutras obras de Fincher, e o ambiente de uma agressividade desprovida de emoções. Uma guerra que se trava nas teclas de um computador.
Classificação - 3 Estrelas Em 5

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5 Comentários

  1. Também ficamos sem saber porquê que ele fez aquilo ao amigo, basicamente lixou-o..

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  2. é verdade, também fiquei com a sensação de que os argumentos são utilizados vertiginosamente mas a curiosidade do publico não é satisfeita.

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  3. Cara Ana Campos, ele traiu o amigo porque foi influenciado por Sean Parker para largar o amigo e assim eles os dois ganharem mais dinheiro. Sim os dialogos sao um bocado rapidos mas sao os melhores do ano. E pergunta o que move o fundador ? Sugiro que veja de novo a cena inicial. O que move o fundador e o sucesso. A vontade de fazer algo unico. Ha pessoas assim que querem ser originais. Nao e um filme pra todos mas e um grande filme. Infelizmente e preciso alguma inteligencia para o perceber. E claramente voce nao o percebeu.

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  4. Aff!
    Precisa-se de alguma inteligência? KkKkK...Tá tirando né?
    O que moveu este simplesmente foi a competitividade que é imposta a todos...Melhor em estudar, melhor em beleza, melhor em aparência... Mas que saber? Tudo isso se dissipa...
    Prefiro ser desconhecida do que precisar passar por cima de alguém para poder ser reconhecida, prefiro manter o meu caráter e valores...
    Afinal, um dia te esquecerão.

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  5. Anónimo, só hoje vi o seu comentário (culpa nossa). Peço desculpa pela minha falta de inteligência mas com o sem ela os valores morais são sólidos e este filme, sublinho, depende inteiramente da moda facebook. Daqui a alguns anos, quando se fizer a história do cinema deste período, the social network vai ser recordado por que razão?

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