Crítica - The Adjustment Bureau (2011)

Realizado por George Nolfi
Com Matt Damon, Emily Blunt, Anthony Mackie, John Slattery, Terence Stamp

Os críticos norte-americanos mais radicais e comerciais têm classificado este “The Adjustment Bureau” como sendo o “Inception” de 2011, mas esta obra de George Nolfi nada tem a ver com o fantástico filme de Christopher Nolan. É verdade que este “The Adjustment Bureau” tem uma essência científica/futurista semelhante à de “Inception” mas, em última analise, este filme do rookie George Nolfi é substancialmente mais fraco, no entanto, não é um mau filme, muito pelo contrário, é um thriller eficaz e cativante que se centra nos prós e contras do livre arbítrio e do controlo institucional. A sua história é centrada em David Norris (Matt Damons), um ambicioso político norte-americano que tem um curto mas maravilhoso encontro com uma bela bailarina, Elise Sellas (Emily Blunt), na noite em que perde a corrida ao Senado. O seu encontro acaba por resultar num amor à primeira vista que leva David a tentar conhecer melhor Elise, uma tentativa que é constantemente frustrada por misteriosos homens que os tentam manter afastados, homens esses que pertencem ao Adjustment Bureau (Agentes do Destino), uma entidade secreta que controla os destinos de várias pessoas influentes da sociedade norte-americana e que não quer que David e Elise se transformem num casal, porque o seu relacionamento poderá por um fim à promissora carreira política de David que, em ultima analise, será forçado a escolher entre Elise e a sua carreira.


O enredo de “The Adjustment Bureau” é baseado em “Adjustment Team”, um livro da autoria de Philip K. Dick, um conhecido autor que também escreveu “Do Androids Dream of Electric Sheep?” e "The Minority Report", que foram respectivamente transformados em “Blade Runner” (1982), de Ridley Scott e “Minority Report“ (2002), de Steven Spielberg, dois excelentes filmes que utilizaram a sua história futurista para fazer uma interessante análise crítica a várias temáticas controversas. “The Adjustment Bureau” também tem uma história claramente ficcional mas não futurista que aborda uma série de problemáticas actuais, sendo a principal aquela que revolve à volta do livre arbítrio e da sua importância numa sociedade cada vez mais controladora, uma sociedade que é aqui representada pelos Agentes do Destino (Adjustment Bureau). Estes agentes são uma entidade fictícia que utiliza meios futuristas e sobrenaturais para controlar os destinos de indivíduos que eles consideram ser fundamentais para o crescimento dos Estados Unidos da América, um controlo que não é autorizado por esses indivíduos que vivem, sem saberem, sob a sua direcção. David Norris é um desses indivíduos que descobre acidentalmente que a sua vida política e pessoal é controlada por esta calculista entidade, que o impede de se relacionar com Elise sob pena de ver a sua promissora carreira política cair por terra. É a partir deste momento que David inicia uma duradoura batalha contra o sistema/controlo institucional para recuperar o seu livre arbítrio, uma batalha que a um nível secundário leva a outra batalha entre o Amor (Elise) e o Destino (Futuro Politico). O final de “The Adjustment Bureau” confirma a vitória da liberdade e do amor, uma vitória previsível mas demasiado fácil tendo em conta o poderio dos “vilões” que acabam por aceitar que David e Elise merecem viver o seu amor e fazer as suas próprias escolhas mesmo que estas afectem seriamente o seu percurso profissional.


O cineasta estreante George Nolfi apresenta com este “The Adjustment Bureau” um bom primeiro filme que poderá simbolizar o inicio de uma brilhante carreira, mas ainda é cedo para falar até porque estamos perante um filme baseado numa obra literária de Philip K. Dick mas, ainda assim, temos que dar crédito a Nolfi por ter criado um filme que mantém um ritmo acelerado e um ambiente tenso até final, características essenciais num thriller intelectual. O nível técnico de “The Adjustment Bureau” também é muito elevado, sendo a banda sonora de Thomas Newman o elemento que mais salta a vista, no entanto, não está ao nível da criada por Hans Zimmer em “Inception”, essa sim uma banda sonora perfeita para um thriller intelectual. O seu elenco também está muito bem. Matt Damon e Emily Blunt têm uma excelente química entre si e oferece-nos performances muito credíveis e realistas. A nível secundário, Anthony Mackie tem uma boa performance como Harry Mitchell, um membro activo dos Agentes do Destino e maior aliado de David Norris na sua luta contra o Bureau. “The Adjustment Bureau” não é “Inception” mas é, ainda assim, um bom filme que deverá entreter todos aqueles que apreciem filmes tensos e tematicamente fortes, no entanto, não esperem um filme muito intelectual ou cheio de reviravoltas.

Classificação – 3,5 Estrelas Em 5

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5 Comentários

  1. Olá!!

    Gostei muito do espaço que criou...

    Posso te add em meus links na lateral de meu blog?

    Já estou seguindo!

    Um abraço,

    Kleber
    oteatrodavida.blogspot.com

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  2. Concordo plenamente com a crítica do JT, o filme é bom mas não se pode comparar com inception isso é de outro campeonato, Nolan é um grande realizador, mas para primeiro tabalho de George Nolfi este agentes do destino é bom.

    Gostaria de perguntar ao JT se ha alguma maneira ou possibilidade de ajudar nas críticas do vosso blog?

    Estava a começar um blog porque adoro o vosso e inspirou me, mas está a ficar muito parecido com o vosso por isso acho que não vou continua-lo.

    Cumprimentos

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  3. Caro André. É complicado falar por comentários, envie um email para portalcinemapt@gmail.com

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  4. É de bom tom anunciar no começo de uma crítica/resenha que ela contém spoilers sobre a obra analisada quando o autor não consegue deixar de contar o final.

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  5. sinceramente... pra quem sempre pensa sobre o assunto abordado no filme, é muito bom
    bastante original!!

    acho q não tem como comparar com Inception, por serem estilos diferentes (sim, os dois são ficção, mas abordam temas que não tem muito em comum)

    no mais, achei um filme excelente!
    e pela sua critica, vc nao gostou tanto como eu.. hehe

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