Crítica - Rio (2011)

Realizado por Carlos Saldanha
Com Vozes de Jesse Eisenberg, Anne Hathaway, Leslie Mann, Rodrigo Santoro, Jemaine Clement

Quando uma arara domesticada até ao tutano embarca numa viagem ao Rio de Janeiro para conhecer a ave dos seus sonhos e salvar a sua espécie, o resultado é um dos filmes mais enérgicos, coloridos e simplesmente divertidos da História da animação. Que o Rio de Janeiro, sobretudo por altura do Carnaval, é um dos locais mais alegres e calorosos do planeta, já todos sabemos. Que essa inaudita loucura poderia ser transportada para o grande ecrã com tamanho sucesso e espírito imaginativo, não sabíamos. Mas ficámos agora a saber. Pois, fiel àquilo que o seu trailer prometia, “Rio” é um filme onda a energia transborda para fora do ecrã e onde o carisma das suas personagens nos enche o coração de doçura.


Blu (Jesse Eisenberg) é uma arara de origem brasileira que, por uma série de circunstâncias mais ou menos macabras, vai parar às mãos de Linda (Leslie Mann) – uma afável rapariga do Minnesota. Vivendo um para o outro, ambos depressa constroem uma relação mais forte que cimento. Mas então chega o dia em que Tulio (Rodrigo Santoro) – um especialista de aves brasileiro – visita a livraria de Linda e dá de caras com Blu. Prontamente entusiasmado com o inacreditável acaso, Tulio manifesta a sua intenção de levar Blu até ao Brasil, com o intuito de este último procriar com Jewel (Anne Hathaway) – uma bela arara do mesmo tom azulado – e assim salvar a sua espécie em vias de extinção. A princípio, tanto Linda como o próprio Blu se mostram algo renitentes em abandonar o estado do Minnesota. Mas depois, em prol daquilo que é correcto, lá decidem viajar até à terra do samba. E como sempre acontece, a sua viagem sofre alguns abalos inesperados, principalmente quando Blu e Jewel se vêem capturados por um traficante de animais que se serve de um vaidoso passaroco chamado Nigel (Jemaine Clement) para atingir os seus fins…
Mais do que qualquer outra coisa, “Rio” é uma homenagem ao espírito brasileiro (não foi à toa que os produtores escolheram o brasileiro Carlos Saldanha para a cadeira da realização) e uma ode à mais vibrante felicidade. Arrisco-me mesmo a dizer que este é o filme de um estúdio para além da Pixar (“Rio” é da Blue Sky) que mais próximo está daquilo que todos nos habituámos a ver nos filmes de John Lasseter e companhia. As personagens são divertidíssimas, o argumento é extremamente competente e a animação é da mais fulgurante que já vimos. É certo que esta obra nunca chega a alcançar a profundidade dramática de películas como “WALL-E”, “Up!”, ou “Toy Story 3”. Mas “Rio” é igualmente detentor de alguns momentos de lágrima no olho, e tem o dom de se manter criativo, cómico e refrescante até ao último segundo de película. Sem nunca perder de vista o objectivo de agradar a miúdos e graúdos.


De facto, a narrativa mantém-se vibrante e animada até ao derradeiro suspiro dos créditos finais, jamais caindo na previsibilidade e na desaceleração de criatividade a que temos assistido em obras como o mais recente “Rango”, só para dar um exemplo. “Rio” é um dos filmes mais coloridos e brilhantemente dinâmicos dos últimos anos, usufruindo das sequências musicais para pôr o público a dançar, e aproveitando-se dos dotes vocais de um elenco que contém ainda nomes como Jamie Foxx, Wanda Sykes e George Lopez para captar toda a paixão da audiência. E que fique bem claro que o faz sem qualquer mérito do 3D, que, uma vez mais, pouco ou nada se faz notar.


Classificação – 4 Estrelas Em 5

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