Imprensa Cinematográfica Portuguesa: Que Futuro?

Como se, de repente, tivéssemos dobrado o horizonte e descoberto um novo mar de águas desconhecidas onde as possibilidades de encontrar algo de novo são infinitas, eis que a imprensa cinematográfica de Portugal acorda para uma nova vida. Pela primeira vez em muitas décadas de cobertura cinematográfica, o nosso pequeno país lusitano vai ter quatro revistas de cinema totalmente independentes umas das outras nas bancas, naquilo que se afirma como um despertar tardio, mas imensamente bem-vindo, para o que os cinéfilos portugueses há muito pediam.
Até há bem pouco tempo, a “Premiere” era a única revista de cinema acreditada em Portugal. Durante muitos anos, satisfez as exigências dos seus ávidos leitores com críticas bem desenvolvidas, notícias de última hora e variados espaços que tanto nos faziam rir como reflectir sobre o estado do cinema internacional. Porém, a ideia de que a “Premiere” necessitava de concorrência esteve sempre bem presente, como um parasita que se alimenta do nosso cérebro e se recusa a abandoná-lo. Pois bem… numa altura em que a “Premiere” vacilou, passando por momentos de verdadeira turbulência que até ditaram o seu encerramento durante um bom período de tempo, eis que três novas revistas surgiram no mercado, determinadas em mostrar uma outra face da imprensa cinematográfica e, quiçá, roubar o trono àquela que se orgulhava de ser “a única revista de cinema em Portugal”.
A primeira que se atreveu a fazer concorrência à “Premiere” foi a “Magazine HD”. Esta é a única das quatro aqui abordadas que não se dedica exclusivamente à Sétima Arte. A “Magazine HD” possui vários espaços diferenciados, que vão desde os jogos de vídeo até ao VOD (video-on-demand), sendo o espaço dedicado ao cinema elaborado pela revista on-line “Take Cinema Magazine”. Neste mês de Abril surgiu também a versão portuguesa da conceituada “Total Film”, revista que conseguiu mesmo roubar alguns membros de staff à “Premiere” e que conta com a colaboração de nomes tão sonantes como o realizador António-Pedro Vasconcelos e o actor Joaquim de Almeida. Por fim, no próximo mês de Maio (pelo menos, são essas as indicações que temos), será a vez da versão portuguesa da ainda mais reconhecida revista “Empire” chegar às bancas nacionais. Esta foi a única que ainda não tive oportunidade de analisar, mas a julgar pela sua versão original, tudo indica que será em tudo semelhante à “Total Film”, oferecendo aos seus leitores toda uma panóplia de espaços e crónicas cinematográficas.
A concorrência deve sempre ser encarada como algo de positivo. Não apenas porque faz sobressair o melhor de todos os elementos responsáveis pelas diversas revistas, mas também porque oferece aos cinéfilos portugueses a grande oportunidade de consultar uma informação mais variada e, em última análise, mais competente e aprofundada. A questão que se coloca é quem irá levar a melhor nesta nova era da imprensa cinematográfica portuguesa. Parece-me óbvio que a balança penderá para a revista que melhor atender às exigências e às sugestões do público cinéfilo (público bem exigente, diga-se), construindo uma relação mais sadia e até colaborativa com esse mesmo público.
Antecipam-se meses de uma autêntica batalha de titãs entre a “Premiere”, a “Magazine HD”, a “Total Film” e a “Empire”. Meses em que os colaboradores e responsáveis de cada revista tentarão demonstrar que são os melhores e mais competentes na matéria. E quem irá beneficiar com tudo isto? Obviamente, os cinéfilos portugueses, que tanto ansiavam por uma imprensa cinematográfica diversificada e que, agora, tanto anseiam por ver no que isto vai dar.

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3 Comentários

  1. Imagino um combate sangrento com muitas vítimas. Atendendo aos objectivos de vendas que cada uma apresenta, duvido que dentro de meio ano ainda todos comprem todas.
    Para um público minoritário quem escreve e sobre o que escreve pode bastar, mas para os milhares que têm de vender mensalmente só com bons passatempos.
    Como dizes, os leitores ganham em qualquer caso.

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  2. A Empire já lançou a meio do mês de Abril, a sua edição de Maio.

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  3. Infelizmente acho que metade delas não vão conseguir durar mais que um ano. Lembro-me quando cancelaram a Premiere, recordo-me da linha editorial bem mais interessante e vejo hoje no que se tornou.infelizmente, para conseguirem vingar precisam de muito mais do que textos traduzidos das revistas-mãe...precisam de se aproximar do público, de ir à descoberta...

    http://cinemaschallenge.blogspot.com/

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