Crítica - Sucker Punch (2011)

Realizado por Zack Snyder
Com Emily Browning, Jena Malone, Vanessa Hudgens, Carla Gugino e Jon Hamm

Segundo o Dicionário de Inglês de Oxford, o termo Sucker Punch foi usado pela primeira vez em 1947 para baptizar um golpe no Boxe. Em essência, um Sucker Punch é um murro de que não se está à espera. O Sucker, neste caso, é o tótó ou alguém de quem se pode abusar. Posteriormente, o termo passou a ser usado como expressão idiomática em inglês que significa - consequências negativas inesperadas. Por outro lado, o dicionário online Devil's define Sucker Punch como dizer adeus aos sogros no Dia de Acção de Graças, para depois descobrir que, afinal, eles regressarão para o Natal. De igual modo, Sucker Punch significa dor de cabeça ou ressaca que costuma acompanhar a ingestão abusiva de álcool. A ironia está presente em ambas as definições. E, curiosamente, também no filme de Zack Snyder, ou não tivesse ele criado uma Cinderela Punk-Gótica com inspiração Polly Pocket.


O realizador começou a sua prolífica carreira com Dawn of The Dead, numa homenagem a George A. Romero, para depois enveredar pelo género épico com 300, recriando a história de Esparta num Universo visual digno de um Michelangelo dos CGI. Seguiu-se Watchmen, onde os saiotes espartanos deram lugar a fatos de lycra, numa adaptação da Banda Desenhada com o mesmo nome, dedicada a um grupo de Super-Heróis. Com Lenda dos Guardiões fez uma passagem pela animação e chega-nos agora Sucker Punch, que muito tem de (desenho) animado.
Baby Doll (Emily Browning) é uma adolescente que é enviada para um manicómio pelo padrasto, após este descobrir que ela é a única herdeira da fortuna deixada pela mãe. O objectivo é submetê-la a uma lobotomia para poder ficar com todo o dinheiro. A jovem orfã descobre que tem muito pouco tempo até à operação e, nessa luta contra os ponteiros do relógio, acaba por encontrar a salvação num reino de fantasia, criado na sua mente. Com a ajuda de quatro amigas do manicómio, Sweet Pea (Abbie Cornish), Rocket (Jena Malone), Blondie (Vanessa Hudgens) e Amber (Jamie Chung), Baby Doll vai dar início a uma batalha interior sem precedentes, onde a realidade se confunde com o imaginário.


O universo dos contos góticos é bem presente e transversal ao filme. E o trabalho de fotografia e de efeitos especiais, a esse nível, prima pelo cuidado e pelo bom gosto. O mesmo não se pode dizer da narrativa, infelizmente. Almejando a originalidade, visto ser este o primeiro guião de sua autoria, Zack Snyder levou tudo ao extremo. A começar no estereótipo das personagens, que claramente ilustram fetiches masculinos para todos os gostos. Nos seus trajes menores, pavoneiam-se no reino fantástico da mente de Baby Doll, enquanto enchem de porrada as mais diferentes criaturas, desde Zombies a Orcs , há de tudo um pouco. Só faltam mesmo algumas criaturas políticas, caso conhecesse o fantástico reino nacional. Mas já basta ver por ali perdido um Jon Hamm muito longe do carisma de Don Draper.
Em termos de parafernália visual, o efeito bullet time (consagrado com Matrix) é usado até à náusea, as sequências de acção sucedem-se umas às outras que nem pãezinhos quentes a sairem do forno e no meio de tanto tiroteio perdemos a história. Sucker Punch é mesmo um murro que nos deixa atordoados, tal a misturada de géneros que para ali anda a circular durante 110 Minutos. As actrizes ainda tentam dar alguma profundidade à narrativa, mas infelizmente estão reduzidas a mulheres de acção de um qualquer jogo de Playstation. O que faria sentido, num jogo.


Sucker Punch é uma versão gótico-punk do conto da Cinderela se ela se tivesse cruzado com a Lady Gaga no refeitório do liceu, misturado com Os Anjos de Charlie - full throttle, apimentado com excertos de Edgar Allan Poe e cozinhado com música pop-gótico-romântica. No meio de tanto ingrediente, uma história que poderia inspirar adolescentes a armar-se até aos dentes, figurativamente falando, claro, acaba por reduzi-las a meros objectos de fantasia sexual. Zack Snyder é o menino bonito da estética videoclip mas a maturidade de Watchmen ficou perdida algures pelo caminho. É pena.

Classificação - 1,5 Estrelas em 5

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19 Comentários

  1. é preciso ter uma mente mesmo muito sexista para conseguir afirmar que o filme levou um mau caminho apenas pelo facto de ter pegado em mulheres bonitas em trajes menores para representar..

    o Zack snyder fez um filme excelente com uma dinâmica muito fora do comum, conseguindo misturar ritmos alucinados com outros absolutamente calmos.. o fim está bem conseguido e a cena inicial é apenas GENIAL.. uma mistura ao nivel de fotografia, som, cenários fantástico..

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  2. Este foi dos filmes que mais prazer me deu ver no cinema e gozei literalmente até ao ultimo segundo dos créditos. É um verdadeiro orgasmo visual e sonoro. Os efeitos são fantásticos e a banda sonora é simplesmente excelente - já a comprei e não paro de a ouvir.
    Para mim o filme é uma grande alegoria. Afinal o sonho comanda a vida.

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  3. expliquem-me como é que um filme que no IMDB leva 6.6 pode levar um 1,5. é que o filme para alem de estar muito bom graficamente, a narrativa esta muito bem conseguida, e se é o facto de as actrizes estarem em trajes menores, pelo filme dá para perceber a razão de ela (Baby Doll) preferir aquele ambiente ao próprio manicómio. para mim o filme está muito bem conseguido, e que daqui a uns anos, mesmo que os efeitos especiais já tenham sido ultrapassados, a narrativa que consegue cativar e chamar a atenção ira continuar fenomenal.

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  4. Concordo com o anónimo de cima

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  5. sexista é fazer comentários anónimos e apontando o dedo apenas a uma parte do texto. alem disso, admiro o trabalho do zack snyder, mas aqui, na minha opinião ele não esteve nada bem. Mas cada um tem direito à sua visão pessoal e isso é como tudo na vida. por outro lado uma cena inspirada não faz do filme GENIAL.

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  6. todos têm opinião válida, por isso comentem o que vos apetecer!

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  7. isto sim pode-se dizer q é um filme. Talvez um filme demasiado genial e inteligente para algumas pessoas.

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  8. não percebo qual o problema de criar um comentário anónimo, aqui quem dá a cara é quem escrev o blog, não quem faz comentários.. de qualquer maneira ao bom estilo AA "olá eu sou o Pedro"..

    ainda agora estou baralhado com a parte do "sexista é fazer comentários anónimos" axo k nunca ouvi nada mais sem nexo mas pronto..

    diz que eu peguei numa unica parte mas conseguiu na critica só falar de "trajes menores, lady gaga e anjos de charlie" e a mim isso parece-me que foi devido a ter visto um trailer e ter dito isto é coisa de homens estereotipando logo o filme. quando viu já estava de pé atrás não conseguiu desfrutar devidamente do filme..
    continuo a achar inequívoco que a história é diferente, com um conceito extraordinário a revelar que os meandros do nosso ser conseguem ir ao limite para resolver os problemas que se nos atravessam..

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  9. olá pedro e bem vindo.
    Sim quem dá a cara é quem escreve, mas se pretende criticar, faça-o com um nome.

    Já vi que gostou muito do filme. agora não queira que todos pensem o mesmo. e definitivamente não vi o mesmo filme que você.

    E gosto muito do universo do Zack , mas aqui, acho que ele pecou pelo excesso de histeria.

    Mas , como disse, cada um gosta do que gosta.

    E quanto ao conceito da historia, também a alice no país das maravilhas é ir ao limite para resolver os problemas que nos atravessam. E consegue-o com mais classe.

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  10. dear zombie , também nem toda a gente gosta de filmes europeus ou coreanos ou de terror e não os faz menos inteligentes que os demais. nem quem gosta é mais inteligente que os demais. a inteligencia não se mede pelos gostos pessoais. se assim pensa, então o seu sentido de respeito pelo proximo está um bocadinho fora de norte..

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  11. ricardo quanto ao IMDB , nem todas as criticas lá presentes são positivas. Mas é saudavel ter uma memoria selectiva. Mas se calhar se vir os comentarios no facebook do portal de cinema, talvez possa ter algum sentido de compreensão.

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  12. sim, é verdade que a opnião acerca de cinema, como quase tudo na vida, é subjectiva..

    não posso dizer que é o melhor filme de todos os tempos, apenas digo que é um trabalho bem conseguido, com uma narrativa fora do comum e inovadora, tal como o watchman já tinha sido..

    acho que o exemplo do alice não é claramente o melhor, até porque é mais ou menos concensual que tendo em conta o ponto de partida o filme deixou imenso a desejar..

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  13. "Sucker Punch é uma versão gótico-punk do conto da Cinderela se ela se tivesse cruzado com a Lady Gaga no refeitório do liceu, misturado com Os Anjos de Charlie - full throttle, apimentado com excertos de Edgar Allan Poe e cozinhado com música pop-gótico-romântica." Isto diz tudo. E, para mim, diz que o filme é maravilhoso. Opiniões variam. Pessoalmente, acho que marca a diferença - É original, diferente, singular e inovador e isso é o que, actualmente, faz mais falta nas salas de cinema. Tem qualidade, do meu ponto de vista; é certo que não é fácil de digerir; alguém que não engole "Kill Bill", por exemplo, dificilmente digere "Sucker Punch". É preciso gostar de diferença... do exuberante, do criativo e do "levado ao extremo". Acho que o exagero nas cenas de acção, violência e até nos cenários e no guarda-roupa das protagonistas é um exagero propositado e muito bem conseguido, característico do já conhecido universo de de Zack Snyder.

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  14. O filme é muito ruim, não entendo como há tanta gente que gosta, acho que simplesmente é falta de exigência, isso, sim. Então a garoto veste aquelas roupas de feitiches sexuais pois a a realidade em que vive é ruim, hein? Bem sei não, se eu fosse lutar na minha mente vestiria roupas mais confortáveis, e não aquelas de feitiches masculinos. Ou melhor se fosse fugir da realidade, iria não lutar e sim, para um lugar, mais romanticos, como nos livros do romantismos, vestindo belissimos e longos vestidos, humm, isso para mim é uma imaginação feminina, e não o feitiche masculino, adolescente vidrado em video game, que eu vi no filme.

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  15. é verdade que essa seria a "fuga" à realidade mais normal, mas não é de normal que se fazem os filmes..
    essa atitude tomaram todas as figurantes que estavam lá presas e que não fizeram nada pra tentar fugir.. pois se ela fugisse para o romantismo como tinha queimado, esfaqueado, etc.. até conseguir escapar.

    pego ainda no que foi dito atrás acerca do Kill Bill, este também pode ser criticado da mesma adrenalina masculina, no entanto, me desculpem se ofender alguém ao desprezar essas opiniões..

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  16. Esta crítica mereceu destaque na nova rubrica do Keyzer Soze's Place, (A "Polémica" do Mês), disponível aqui: http://sozekeyser.blogspot.com/2011/04/polemica-do-mes-1.html


    Cumps cinéfilos!

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  17. Tecnicamente o filme está quase perfeito, adorei o tipo de CGI, as cenas de acção estão qualquer coisa de espectacular. Adorei a Emily Browning, gaja é mesmo boa , quanto ao resto do cast esteve bem, apesar de esperar mais da Vanessa hudgnens, esteve muito morta o filme todo. Resumindo adorei, dou-lhe um 9/10 sólido pela ousadia, o conceito está muito bom, acção de qualidade com um argumento que nem é assim tão mau e tão oco, uma loucura de filme, o Zack snyder conseguiu criar uma filme único que me vai ficar na cabeça durante algum tempo.

    O escritor desta critica tem que ver outra vez o filme com outros olhos, é um filme unico, é filmes destes que ainda me fazem ver cinema, e até digo mais, acredito que seja um filme intemporal que vai ser relembrado durante muito tempo, a genialidade do filme está lá, tens é que a procurar. ;)

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  18. Acho q vc*s naum entenderam a questão da "roupa"...
    .
    Logo, na primeira vez q a Babydool entra no seu sonho, uma outra personagem dá uma explicação do Pq das roupas...acredito que alí seja uma metalinguagem e uma crítica aos produtores-sugadores-de-alma-de-hollywood que querem cada vez menos roupas e mais sexo, pois o sexo vende mais fácil.
    .
    E sobre o filme, o achei grandioso...muito criativo e diferente...ele só me cansou um pouco, pois as batalhas foram se repetindo em sua coreogrfia...talvez proposital para criar maior catarse no final apoteótico. Não é um "Insepticon", mas é um grande filme.

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  19. Na minha opinião o filme está muito bom. A trilha sonora é sem dúvida uma das melhoras que eu vi até hoje (eu sou novo, e entrei a pouco tempo numa onde de ver filmes, e tentar comentá-los). Os efeitos visuais agradam-me, no entanto, são um pouco excessivos. Relativamente a roupas, que foi um assunto bastante comentado nesta página, o realizador usou esse método para atracção a meu ver. Contudo, não foi só isso, para mim, uma mulher que se vista assim sentem-se superior, sendo uma forma de mostrar a determinação delas. Este filme mostra também o modo como muitos clubes funcionam, o dinheiro que circula e a corrupção existente hoje em dia.

    Agora uma dúvida que tenho, foi o padrasto que matou a irmã da actriz principal ? Ou foi mesmo, a actriz principal ?

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