Crítica - Hanna (2011)

Realizado por Joe Wright
Com Saoirse Ronan, Eric Bana, Tom Hollander, Cate Blanchett

Após ter realizado três dramas que foram criticamente e comercialmente aclamados - “Pride & Prejudice” (2005), “Atonement” (2007) e “The Soloist” (2009) - Joe Wright decidiu aventurar-se nos thrillers com este “Hanna”, um filme razoável que peca pela sua narrativa confusa e ocasionalmente monótona. A história deste thriller é protagonizada por Hanna (Saoirse Ronan), uma adolescente decidida e dedicada que tem a destreza e a astúcia de um soldado, fruto do austero treino militar que o seu pai, Erik Heller (Eric Bana), lhe proporcionou no Norte da Finlândia. Após anos de treino, Hanna está finalmente preparada para iniciar a sua missão que envolve matar uma astuta e misteriosa mulher, Marissa Wiegler (Cate Blanchett), que trabalhou com o seu pai e que de certa forma transformou-a numa assassina insensível e altamente eficaz.


A história de “Hanna” deriva de um conceito muito interessante que infelizmente não foi habilmente concretizado por David Farr (Guionista), que acabou por criar um enredo interessante mas ocasionalmente confuso que, infelizmente, ficou um pouco aquém das expectativas criadas porque não é tão cativante ou tão intenso como deveria ser, sendo raros os momentos de verdadeira adrenalina ou violência. O seu enredo também não está isento de pequenos erros que retiraram credibilidade à história, no entanto, esses erros só saltarão à vista de quem estiver atento aos pormenores, porque a nível narrativo as únicas falhas crassas que encontramos dizem respeito ao passado de Erik Heller e de Marissa Wiegler, que nunca é devidamente abordado ou contextualizado, levantando assim várias dúvidas que nunca são devidamente esclarecidas. A estrela do filme, Hanna, é alvo de uma construção narrativa muito astuta que nos mostra o seu crescimento emocional sem cair em melodramatismos desnecessários ou em crises existências/ filosóficas ridículas, no entanto, este seu crescimento emocional não afecta a sua frieza calculista que a transforma numa anti-heroína fantástica e no elemento mais interessante deste filme. A conclusão de “Hanna” está recheada de mortes, mas é o confronto final entre Hanna e Marissa Wiegler que mais salta à vista devido ao seu simbolismo e ao seu dramatismo inerente, no entanto, fica no ar a sensação que este confronto final poderia ter sido muito mais emotivo e violento.


O elenco de “Hanna” tem em Saoirse Ronan e em Cate Blanchett os seus melhores elementos. Saoirse Ronan volta a nos oferecer uma performance fantástica, desta vez como uma adolescente assassina sem remorsos que só quer matar a mulher que destruiu a sua família, uma vilã também ela sem remorsos que é maravilhosamente interpretada por Cate Blanchett. Eric Bana e Tom Hollander têm duas performances secundárias interessantes, mas relativamente inferiores às de Ronan e Blanchett. A nível técnico, “Hanna” conta com uma excelente banda sonora da autoria dos The Chemical Brothers, que fornece um excelente apoio sonoro às várias sequências de acção que pautam esta obra e que foram habilmente coordenadas por Joe Wrigh, um talentoso cineasta que, em última análise, acaba por não ter com “Hanna” um dos melhores ou mais felizes trabalhos da sua carreira.


Classificação – 3,5 Estrelas Em 5

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11 Comentários

  1. Boa crítica, concordo contigo especialmente quando dizes que é uma história "ocasionalmente confusa". Mas pondo isso de parte, acho que cumpre sem dúvida os seus objectivos. Pessoalmente adoro a banda sonora e a interpretação de Cate Blanchett. Também já foi colocada uma crítica ao filme no meu blog.

    Sarah
    http://depoisdocinema.blogspot.com

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  2. Não sendo um mau filme a verdade é que se sai com a sensação que podia ter sido muito melhor explorado.

    a forma como parece que o único objectivo da nova "familia" acabar por ter como único objectivo o enganar a inocência de uma criança. A batalha de homens final, em que, o vilão secundário morre quase sem luta.. e a batalha final ficam muito aquem das expectativas.. já para não falar de quase toda a envolvente cientifica que fica por explicar os detalhes.

    gostaria de salientar o uso do assobio pelo hollander que está genialmente bem enquadrado e que considero um dos momentos altos do filme.

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  3. O mote do filme ja inicia sem sentido... Durante um "flash back" aparece Eric Bana relacionando-se com a mãe da garota e a menina no automóvel logo antes de ela ser asassinada. Nessa cena observa-se uma intimidade (precoce?) entre eles injustificada.. Ele termina por salvar a criança como a uma filha. Durante 16 anos se dispõe a cuidar dessa criança no meio do nada, abstendo-se de tudo (outro erro do filme ao meu ver, já que so quem parece sofrer psicologicamente com o isolamento parece ser a menina. E ele seria imune a isso tantos anos!?! ) prepara essa criança com afinco para simplesmente realizar uma vingança sem propósito?!? O próprio filme mostra em uma de suas cenas a Cate Blanchett retirando arquivos já dados como encerrados!.. Por que então não apenas "preparou" a menina para o caso de uma investida dos perigos passados ao invés de bolar um plano inclusive mal feito, suicida e que realmente da errado, usando a criança que supostamente ele amava!? Ou seja a principal justificativa do filme ja inicia injustificável ! Existem outros pontos importantes que não vou detalhar.. Mas, enfim, para não ficar de todo mal, fica o comentário da boa atuação de Saiorse Ronan e da excelente trilha sonora. Deu pra salvar o filme. OBS.: Salve amigos. Abraços.

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    1. Ele se isolou pq foi acusado pelo assassinato,sem contar q a organização pra qual ele trabalhava queria dar fim nele.

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  4. Alguem sabe a música ou trilha que o cara assobia?!?

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    1. The Chemical Brothers - The devil is in the detai…: http://youtu.be/evJelMKDKiw

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  5. O filme é bem interessante, foi mal desenvolvido na minha opinião e não explorou coisas que ajudariam na construção da história. Achei o final simples e que poderia ser melhor.

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  6. Eu discordo da crítica em alguns pontos. Embora eu seja leiga em relação a técnicas de construção de narrativas e enredos, etc.. Gostei muito do filme "Hannah". Foi o primeiro filme deste gênero que tocou-me profundamente e, ao contrário do que a crítica afirma, senti muita adrenalina e desfrutei de momentos de muita ação, acompanhados de uma maravilhosa trilha sonora, que vai nos levando a nos sentirmos quase dentro do filme. As "anti-heroínas" marcam muito bem o papel da mulher, pela primeira vez, pelo menos em minha vida, nos filmes da atualidade, atuando com autonomia, vencendo "inimigos" masculinos, o que demonstra uma grande força de empoderamento feminino. O cenário, muito contundente, revelando a frieza dos personagens, e acredito que o diretor, ao contrário das expectativas demonstradas por esta crítica, não estava nem um pouco preocupado em criar uma história com sentido e com uma narrativa linear, que desse todas as explicações necessárias para cada evento do filme, contextualizando personagens, etc. Esta , ao meu ver é a maior cartada do filma, além das heroínas femininas. O mais interessante é ver-se, como mulher, representada como tendo um grande potencial para lutar contra homens, e não como meros objetos de consumo, como geralmente são retratadas. Nisso concordo, o personagem "Hannah" foi maravilhosamente construído. Muita ação, excelente trilha sonora, adrenalina pura, empoderamento, e um sentimento de suspense exatamente por estas supostas "falhas" apontadas na elaboração do enredo. Acredito que estas referidas "falhas" foram intencionais, para dar mais credibilidade ao aspecto de "suspense" do filme, que, não necessariamente, precisa de uma explicação para tudo. Partes em aberto também empoderam o expectador, dando-nos a oportunidade de projetarmos nossas ideias e fantasias acerca do "não explicado", "não explicável" no filme. Isso é espetacular. Quem disse que tudo tem de fazer sentido? É perfeito! Algumas cenas meio surreais, ainda dão umas pitadas de humor sarcástico, ousaria arriscar. Minha classificação seria 4,7 ou mesmo 5,0 em 5,0. Excelente filme de ação.

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    1. Carol! Acabei de ver o filme e gostei imenso! Faço minhas as suas palavras! Não preciso comentar porque disse tudo!

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  7. Eu discordo da crítica em alguns pontos. Embora eu seja leiga em relação a construção de narrativas e enredos, etc.. Gostei muito do filme "Hannah". Foi o primeiro filme deste gênero que tocou-me profundamente e, ao contrário do que a crítica afirma, senti muita adrenalina e desfrutei de momentos de muita ação, acompanhados de uma maravilhosa trilha sonora, que vai nos levando a nos sentirmos quase dentro do filme. As "anti-heroínas" marcam muito bem o papel da mulher, pela primeira vez, pelo menos em minha vida, nos filmes da atualidade, atuando com autonomia, vencendo "inimigos" masculinos, o que demonstra uma grande força de empoderamento feminino. O cenário, muito contundente, revelando a frieza dos personagens, e acredito que o diretor, ao contrário das expectativas demonstradas por esta crítica, não estava nem um pouco preocupado em criar uma história com sentido e com uma narrativa linear, que desse todas as explicações necessárias para cada evento do filme, contextualizando personagens, etc. Esta , ao meu ver é a maior cartada do filma, além das heroínas femininas. O mais interessante é ver-se, como mulher, representada como tendo um grande potencial para lutar contra homens, e não como meros objetos de consumo, como geralmente são retratadas. Nisso concordo, o personagem "Hannah" foi maravilhosamente construído. Muita ação, excelente trilha sonora, adrenalina pura, empoderamento, e um sentimento de suspense exatamente por estas supostas "falhas" apontadas na elaboração do enredo. Acredito que estas referidas "falhas" foram intencionais, para dar mais credibilidade ao aspecto de "suspense" do filme, que, não necessariamente, precisa de uma explicação para tudo. Partes em aberto também empoderam o expectador, dando-nos a oportunidade de projetarmos nossas ideias e fantasias acerca do "não explicado", "não explicável" no filme. Isso é espetacular. Quem disse que tudo tem de fazer sentido? É perfeito! Algumas cenas meio surreais, ainda dão umas pitadas de humor sarcástico, ousaria arriscar. Minha classificação seria 4,7 ou mesmo 5,0 em 5,0. Excelente filme de ação.

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