Espaço Portugal – Aniki Bóbó (1942)

Realizado por Manoel de Oliveira
Com Fernanda Matos, Horácio Silva, Nascimento Fernandes
"Anikibébé. Anikibóbó. Passarinho. Tótó. Berimbau. Cavaquinho. Salomão. Sacristão. Tu és polícia. Tu és ladrão” é a lengalenga com que os miúdos da Ribeira do Porto decidiam os papéis que cada um representava nas suas brincadeiras e é também do título da obra mais célebre do mestre Manoel de Oliveira.
Estreado no cinema Éden a 18 de Dezembro de 1942, a adaptação do conto Meninos Milionários de Rodrigues de Freitas marca a passagem do realizador do documentário, com que se estreara em 1931 com a obra Douro, Faina Fluvial, para a narrativa ficcional. Contando com a interpretação de crianças daquela zona sem experiência em representação, Aniki Bóbó fala-nos da rivalidade entre Carlitos (Horácio Silva) e Eduardo (António Santos) pela conquista da atenção da pequena Teresinha (Fernanda Matos). Esta luta leva o primeiro a roubar uma boneca na Loja das Tentações, - cujo dono é interpretado pelo famoso actor da época, Nascimento Fernandes, -  para oferecer à sua amada que tanto a desejava. No entanto, um incidente trágico com um comboio vem  operar uma reviravolta nos acontecimentos, lançando terríveis suspeitas sobre Carlitos.

Mal recebido aquando da sua estreia, devido possivelmente à errada presunção de que um filme com crianças seria um filme para crianças, a obra veio posteriormente a atingir o reconhecimento merecido. Para o realizador, este filme usa o conflito entre os dois garotos como uma metáfora das emoções dos adultos, que os levam à violência e à injustiça, transmite ainda uma mensagem positiva de amizade e da vitória da verdade. Ainda que de alcance intemporal, não nos podemos esquecer que Aniki Bóbó foi rodado e estreou em plena  II Guerra Mundial.  Esta obra é considerada por muitos críticos como precursora do neo-realismo no cinema.

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