Crítica - The Muppets (2011)

Realizado por James Bobin
Com Amy Adams, Jason Segel, Chris Cooper

A estreia televisiva dos Marretas (The Muppets) aconteceu em 1955 com “Sam and Friends”, um programa de humor que apresentou ao mundo os primeiros bonecos criados por Jim Henson (1936 – 1990), sendo um desses marretas iniciais o divertido e atabalhoado Cocas (Kermit the Frog). “Sam and Friends” foi cancelado em 1961, mas Os Marretas sobreviveram e até ficaram mais famosos, como comprovam os seus inúmeros shows televisivos e filmes de sucesso como “The Muppet Show” (1976–1981), “Fraggle Rock” (1983–1987), “Jim Henson's Muppet Babies” (1984–1991), “The Muppet Movie (1979), “The Muppets Take Manhattan” (1984) ou “The Muppet Christmas Carol” (1992). A morte do seu criador em 1990 abrandou o ritmo destes hilariantes bonecos que, mesmo assim, continuaram a “fazer” filmes e shows, mas sem o sucesso de outrora. O “seu” novo trabalho, “The Muppets”, resulta de uma interessantíssima colaboração da Walt Disney Pictures e do The Muppets Studio com Jason Segel e Nicholas Stoller, duas mentes extremamente criativas que criaram um filme tão atractivo e tão encantador como os shows idealizados por Jim Henson entre 1955 e 1990. “The Muppets” é então uma hilariante comédia musical que nos relata mais uma fantástica aventura dos Marretas (The Muppets), que desta vez aliam-se a Walter, Gary (Jason Segel) e Mary (Amy Adams) para tentar salvar o icónico Teatro dos Marretas que está prestes a ser demolido por um manhoso multimilionário chamado Tex Richman (Chris Cooper). A única maneira de salvar este mítico edifício é organizar uma memorável Gala dos Marretas que consiga convencer os norte-americanos a doarem os dez milhões de dólares necessários para manter intacto o local onde Cocas, Miss Piggy, Animal, Gonzo e Fozzie deram os seus primeiros shows.


O enredo de “The Muppets” tem uma estrutura muito eficaz e interessante que promove uma série de momentos hilariantes e dramáticos que certamente farão as deliciais de toda a família. A sua vertente humorística é claramente dominada pelas inúmeras tiradas cómicas e satíricas dos Marretas, onde se destacam as cenas que envolvem Fozzie, Animal e a fenomenal Miss Piggy. Os Marretas também brilham nos criativos e cativantes números musicais, que não deverão deixar ninguém indiferente com a sua forte e electrizante essência cómica que se destaca nas cenas referentes a "Life's a Happy Song" ou "We Built This City". A narrativa de “The Muppets” também tem uma forte vertente dramática/ emotiva que se centra essencialmente em Walter, um boneco sonhador e relativamente solitário que encontra um novo rumo para a sua vida ao lado dos Marretas, um grupo que o aceita tal como ele é. A sua vertente dramática também é retratada em certos números musicais como "Pictures in My Head" ou "Man or Muppet" (Nomeada ao Óscar de Melhor Música Original), que nos mostram o lado mais intimista e emocional dos seus intervenientes (Cocas, Walter e Gary) sem cair em excessos melodramáticos ou descurar a sua essência cómica. A maior falha de “The Muppets” reside na forma como os romances de Gary e Mary ou Cocas e Miss Piggy são abordados. O relacionamento de amor/ ódio entre Cocas e Miss Piggy até é relativamente divertido, mas o de Gary e Mary está muito deslocado do filme e nunca nos convence. O protagonismo de Cocas, Miss Piggy, Walter, Fozzie, Animal, Gary e Mary é merecido, mas acaba por não deixar brilhar outros Marretas como Rowlf, Gonzo, Sam ou The Swedish Chef que mereciam um pouco mais de atenção. Os dois ou três defeitos narrativos de “The Muppets” não são suficientes para destruir o elevado nível desta obra que para além de celebrar a existência dos Marretas, também nos conta uma tocante e interessantíssima história sobre a aceitação social e a superação dos desafios que a vida nos coloca.


À semelhança dos outros filmes dos Marretas, “The Muppets” tem um visual muito tradicional e básico que se encaixa perfeitamente na essência natural destes divertidos bonecos. É claro que James Bobin incluiu um ou outro efeito visual mais avançado, mas o que realmente salta à vista são os seus interessantes jogos de luzes e os artesanais cenários do Teatro dos Marretas, que nos fazem recordar as décadas áureas deste franchise. A sua banda sonora é indiscutivelmente um dos seus melhores elementos. Entre temas clássicos e originais, “The Muppets” oferece-nos uma boa variedade de divertidas e/ ou comoventes músicas que nos cativam e que, em certos momentos, dão-nos vontade de levantar e começar a dançar. O seu elenco é liderado pelos Marretas e por três actores humanos - Amy Adams, Jason Segel e Chris Cooper – que estão tão bem como os seus parceiros sem pulso, sendo de destacar o lado vilanesco de Cooper e a óbvia dedicação de Segel. A estes actores de carne e osso juntam-se outro profissionais de renome como Alan Arkin, Emily Blunt, Zach Galifianakis, Whoopi Goldberg, Kristen Schaal, Jim Parsons, Rashida Jones e Jack Black que têm todos bons cameos mas que, em alguns casos, poderiam ter sido melhor aproveitados por James Bobin. Em suma, “The Muppets” é um divertidíssimo filme para todas as idades que presta um fantástico tributo ao trabalho de vida de Jim Henson, e que deverá abrir as portas a um renascimento mediático dos Marretas. Recomendado!

Classificação - 4,5 Estrelas em 5

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2 Comentários

  1. O filme é realmente muito divertido, e eu adorei a forma como eles exploraram esse "desaparecimento" dos Muppets na trama.

    Ainda assim, não achei que o ponto fraco foram os romances, mas sim o final do filme (que foi alterado de última hora), que acabou não fazendo muito sentido...

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  2. adorei o filme e também adorei a crítica

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