Abaddon de Rui Madureira


Rui Madureira, nosso colaborador desde há muito, lançou agora o seu primeiro romance, Abaddon, já disponível nas livrarias. Lucifer – o primeiro anjo criado por Deus e o mais belo de toda a estirpe celestial – decide rebelar-se contra o Pai divino após a misteriosa e muito polémica criação do Homem. As consequências para o Mundo que daí advêm são o mote desta obra. Falámos com o autor sobre este projecto numa conversa que gostaríamos de partilhar convosco.

Acabaste de lançar o teu primeiro livro que aborda a questão do fim do mundo. Acreditas que ele é uma preocupação relevante na vida dos teus leitores de hoje?

Por coincidência ou não, estamos no ano em que o calendário Maia profetizava o fim do mundo, de forma que esse é um assunto que está muito em voga. Assim sendo, talvez seja a altura ideal para lançar um livro sobre o apocalipse. Mas não penso que o fim do mundo seja uma questão que preocupe a população mundial, pelo menos não nos dias de hoje. Continua a haver uma minoria que se deixa afetar por esse tipo de superstições e simbolismos, mas penso que a grande maioria já não liga nada a essas profecias mirabolantes. Se pensarmos bem no número de vezes que o fim do mundo foi já anunciado, a raça humana já não deveria existir há muitos, muitos séculos. Afinal de contas, já se fala no apocalipse deste os tempos de Cristo. E, no entanto, aqui continuamos a viver as nossas vidas, em pleno século XXI.

As personagens do teu livro pertencem à mitologia cristã. Consideras-te religioso ou esta é para ti uma das possíveis concepções da transcendência?

Não sou religioso. De todo. Para dizer a verdade, prefiro afastar-me de qualquer tipo de religião organizada, pois não confio nos seus propósitos e não creio que a religião sirva de exemplo de paz para ninguém. Basta consultar a História para vermos o número infindo de pessoas inocentes que foram assassinadas em nome da religião. E ainda nos dias de hoje, as crenças religiosas são a génese de muitas guerras entre povos, pelo que prefiro manter-me afastado desse mundo. Para mim, a Bíblia não passa do maior e mais espetacular livro de fantasia alguma vez escrito. E como tal, qualquer fã acérrimo do fantástico encontra na Bíblia inspiração para arquitetar grandes histórias repletas de magia e aventura. Foi o meu caso.

O teu interesse tão evidente pelo cinema tem influenciado, de algum modo, a tua forma de escrever?

Sem dúvida. Eu aprendi a contar histórias através do cinema. Tendo sido inspirado por fitas como “O Senhor dos Anéis” e “O Exorcista”, este livro respira uma linguagem muito cinematográfica. Aliás, ele começou por ser idealizado como um argumento de cinema. Mas depois compreendi que a melhor forma de partilhar esta história com o grande público passava por abandonar a ideia do argumento e transformar “Abaddon” num livro. Penso que, ao lerem o livro, muitos leitores serão capazes de encarar o fio narrativo como um filme que se vai desenrolando na sua cabeça. Um filme bom ou mau, isso caberá a eles ajuizar.

Como encaras o fantástico enquanto proposta ficcional, isto é, o que é que, a teu ver, as pessoas procuram na literatura fantástica e o que é que ela é capaz de oferecer?

Eu penso que a literatura fantástica é poderosíssima porque é capaz de transportar os leitores para mundos inteiramente distintos do mundo real. As pessoas estão cada vez mais saturadas da vida mundana e do quotidiano. Elas anseiam por um pouco de magia nas suas vidas. E o género do fantástico é o que as transporta para esse mundo alternativo de forma mais rápida e eficaz. De certa forma, é quase como se fosse um escape. Depois de um dia inteiro a lidar com os problemas da vida real, não há nada melhor do que chegar a casa e refugiarmo-nos num mundo de fantasia, onde nada é impossível e tudo é encantador. É por isso que o fantástico está tão em voga nos dias que correm. Vivemos vidas cada vez mais insanas e, para contrariar isso mesmo, as pessoas procuram cada vez mais refugiar-se em mundos alternativos. Mundos onde o FMI não impera e onde a economia não é dona e senhora das nossas vidas.

Quanto a Abaddon não revelamos mais nada por agora. O livro já está à venda por isso aguardamos vivamente as vossas opiniões.

Sobre o Autor...


Rui Madureira nasceu a 13 de Dezembro de 1985, uma sexta-feira treze que decerto terá alimentado a enorme paixão que nutre pelo fantástico. Formou-se em Psicologia na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, onde concluiu o ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre na área de Psicologia Clínica e da Saúde. O cinema e a literatura, porém, foram desde sempre as suas grandes paixões. Acima de tudo, sempre desejou ser um contador de histórias. Fosse por que meio fosse, sempre almejou tornar-se um narrador de grandes contendas e aventuras inesquecíveis. Assumindo o papel de crítico de cinema, escreve regularmente para o Portal Cinema e o SCIFIWORLD PORTUGAL, dois sítios da internet dedicados essencialmente à 7ª Arte. Tem também a seu cargo uma coluna bi-mensal no jornal regional Maia Hoje, onde publica crónicas variadas relacionadas com o cinema. Algumas das suas críticas cinematográficas foram publicadas em revistas como a Premiere e a Fórum Estudante. É autor de dois contos não publicados, um dos quais recebeu o terceiro prémio de um concurso literário organizado pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Abaddon é o seu primeiro romance literário. Encontra-se de momento a trabalhar num segundo romance com título ainda indefinido, baseado num argumento para cinema também da sua autoria.


Enviar um comentário

9 Comentários

  1. Que artigo escreveu para a Premiere? Gostava de o ler! Gosto muito das críticas do Rui, desejo-lhe muito sucesso na sua carreira literária. Mas que não deixe as críticas de cinema!!

    V.

    ResponderEliminar
  2. Olá, V.

    Foram publicadas quatro ou cinco críticas na Premiere, que entretanto já deixou de ser publicada no mercado nacional. São críticas que também encontras aqui no Portal, nomeadamente as críticas aos filmes "The Boy in the Striped Pijamas", "The Unborn", "A Esperança Está Onde Menos Se Espera" e outra que agora não me estou a lembrar. Prometo não deixar as críticas de cinema. ;)

    ResponderEliminar
  3. Em que lojas podemos comprar o livro?
    Espero pela resposta :)

    ResponderEliminar
  4. Pode comprar o livro online pelo site da Edium Editores ou nas lojas mencionadas aqui - http://www.ediumeditores.org/postos-venda-livros.aspx

    ResponderEliminar
  5. Caro anónimo,

    A informação previamente fornecida pelo João Pinto está correta. De qualquer forma, posso também acrescentar que o livro já se encontra disponível para vendas/encomendas on-line na Wook (www.wook.pt) e no site da Bertrand. Dentro em breve estará também à venda nas lojas Book.it (as livrarias da Sonae), em algumas Bertrand e FNAC, e também em algumas livrarias independentes de todo o país. É uma questão de procurar no local que lhe der mais jeito. :)

    Cumprimentos,
    Rui

    ResponderEliminar
  6. não sou nenhum critico ou fã + gostaria de ler a respeito para avaliar u q é oesse mundo na sua visão até então ehehe ...

    ResponderEliminar
  7. Sou brasileiro, estou buscando uma forma ler a sua obra, uma vez que compartilho de pensamentos sobre a religião 'organizada' que são bem parecidos aos seus. Desde já desejo-te muito sucesso.

    ResponderEliminar
  8. Obrigado, Whelbert. Tente encomendar o livro pela internet, através da Wook, da Fnac ou da Bertrand. Penso que eles deverão enviar o livro para o Brasil, mas não tenho a certeza.
    Pode também contactar a editora diretamente. Siga este link para saber como comprar o livro diretamente à editora: http://www.ediumeditores.org/ajuda/faqs-pergunta-frequentes.aspx
    Senão, envie um e-mail para geral@ediumeditores.org a perguntar como pode fazer para adquirir o livro. A editora terá todo o prazer em responder-lhe e em enviar-lhe um exemplar.
    Abraço

    ResponderEliminar

//]]>