Crítica - ParaNorman (2012)

 
Realizado por Chris Butler e Sam Fell
Com Kodi Smit-McPhee, Anna Kendrick, Casey Affleck, Christopher Mintz-Plasse

Não se pode dizer que a Laika Entertainment seja uma novata nestas andanças do stop-motion. De momento, e em conjunto com a Aardman Animations (a produtora dos múltiplos filmes “Wallace & Gromit” e do mais recente “The Pirates! Band of Misfits”), será porventura o maior estúdio de animação stop-motion a nível mundial. Só nestes últimos anos já nos trouxe pérolas da animação como “Coraline” e “The Corpse Bride”, ambos nomeados para o Óscar de Melhor Filme de Animação nos respetivos anos de estreia. E agora apresenta-nos este mágico e muito peculiar “ParaNorman”, uma obra que se assume como uma carta de amor aos velhinhos filmes de zombies e ao género do fantástico na sua extensa generalidade. De facto, pode dizer-se que este é um filme do qual Tim Burton ou Henry Selick (cineastas ligados ao stop-motion fantástico e bizarro) se orgulhariam de ter realizado. Nada em “ParaNorman” é vulgar ou convencional. Todas as personagens têm um traço (físico, psicológico ou ambos) que as torna bizarras, todos os fabulosos cenários possuem uma intensa aura fantasmagórica e todos os efeitos sonoros (com particular destaque para a banda-sonora de Jon Brion) remetem o espectador para a época de ouro dos velhinhos e divertidos filmes de zombies made in Hollywood. 

 

A sua narrativa acompanha as desventuras de Norman Babcock (Kodi Smit-McPhee), um rapazinho de onze anos que tem a rara capacidade de falar com os mortos e que, como tal, é o jovem mais incompreendido da pequena cidade onde vive. Vítima de Bullying na escola e alvo de bocas constantes no seio do seu próprio lar, Norman isola-se do mundo que o rodeia e prefere fazer amizades com espíritos que mais ninguém consegue detetar. Porém, o pobre rapaz vê-se obrigado a sair do seu casulo de acanhamento quando Prenderghast (John Goodman) – o seu tio gorducho, deslavado e amalucado – lhe confia a missão de salvar a cidade de uma perigosa maldição secular. A princípio, Norman não presta grande atenção ao tio decadente. Mas quando a maldição de uma bruxa começa a poluir o ar da cidade e os mortos ameaçam regressar à vida, o rapaz decide fazer aquilo que o destino lhe parece ter reservado. O problema é que, apesar dos seus esforços, a maldição não é travada a tempo. E quando um grupo de zombies começa a aterrorizar a cidade pacata, Norman vê-se forçado a aceitar a ajuda de todos aqueles que costumavam importuná-lo no seu dia-a-dia…


“ParaNorman” consegue aglomerar tudo o que o cinema fantástico para jovens plateias tem de melhor. Pois vejamos: possui um visual extraordinário, digno de fazer inveja aos melhores projetos de Tim Burton e capaz de nos fazer viajar até uma terriola bizarra infestada de fantasmas; possui uma mensagem forte e consistente para adocicar o coração de miúdos e graúdos, ao bom estilo da Walt Disney nos seus tempos de glória incontestada; possui um sentimento de aventura clássica ao estilo de Scooby-Doo ou das divertidas fitas juvenis de Steven Spielberg e da Amblin Entertainment; e para terminar com chave de ouro, possui um argumento sólido e surpreendente, capaz de nos manter colados à cadeira do início ao fim da película e, ainda por cima, com um efeito de crescendo que leva a emoção a subir de intensidade à medida que a fita se vai desenrolando. De facto, não se podia pedir muito mais. Depois do fantástico e arrepiante “Coraline”, “ParaNorman” vem comprovar que a Laika Entertainment está aqui para ficar no que ao stop-motion diz respeito, afirmando-se desde já como um dos candidatos ao Óscar de Melhor Filme de Animação deste ano. Diversão e magia para toda a família são as palavras de ordem nesta película deveras surpreendente. Para além de nos deliciar com as suas cores aguerridas e os seus efeitos encantadores, “ParaNorman” consegue ainda ser satírico em relação à sociedade atual, num registo leve e cómico que não passa despercebido e que nos coloca um sorriso no rosto. Em poucas palavras, um mimo para os fãs do fantástico e um belo aperitivo para a criançada a pouco mais de um mês do próximo Halloween. 

 Classificação – 4 Estrelas em 5

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