Crítica - [REC] 3: Génesis (2012)

 
Realizado por Paco Plaza
Com Leticia Dolera, Diego Martín, Ismael Martínez

Desta vez sem a colaboração de Jaume Balagueró atrás das câmaras, “[REC]³ - Génesis” renuncia às origens e leva a saga criada por Balagueró e Paco Plaza numa direção completamente diferente. O mítico “[REC]” era um autêntico comboio fantasma em andamento, assustando audiências um pouco por todo o mundo com o seu terror tão imaginativo quanto asfixiante. Dois anos mais tarde, “[REC]²” inclinou-se um pouquinho para o género da ação sanguinária, ganhando em espetacularidade e em impacto visual, mas perdendo a capacidade de apavorar o espectador. E agora, o terceiro tomo da saga espanhola mais visceral de todos os tempos afirma-se como um banho de sangue à moda antiga, destruindo de vez o ambiente terrorífico para privilegiar um slash’em up quase cómico, ao estilo de fitas como o clássico “The Evil Dead” de Sam Raimi. De facto, “[REC]³ - Génesis” é tão diferente dos seus antecessores que até resolve acabar com o found footage (o estilo de filmagem câmara ao ombro que era a imagem de marca desta saga), alterando assim os próprios alicerces do franchise e imprimindo uma mudança estrutural ao universo [REC]. Tais alterações retiraram alguma credibilidade a esse mesmo universo, na medida em que a narrativa se torna muito mais forçada e até bastante vulgar. Todavia, uma coisa é certa: se por um lado se perdeu o pavor com que se encarava a diabólica menina Medeiros, por outro lado ganhou-se toda uma componente de entretenimento irreverente que não se encontra em qualquer esquina.

   

Ao contrário do que se esperava, “[REC]³ - Génesis” não é uma prequela. Posto isto, não se pode também dizer que seja uma sequela. Mas como não aborda as origens do terrível vírus e da possessão da menina Medeiros, não podemos encará-lo como uma prequela digna desse nome. Na verdade, a ação deste terceiro tomo decorre no mesmo espaço temporal dos dois primeiros filmes. Ou seja, a única coisa que se altera é o espaço físico, pois passamos do velho edifício catalão para uma luxuosa quinta que organiza festas de casamento, mas a noite fatídica é a mesma de sempre, dando a entender que o par de recém-casados desata a cortar cabeças à família possuída ao mesmo tempo que Ángela Vidal e os residentes do prédio catalão lutam pelas suas vidas a muitos quilómetros de distância. A narrativa deste “[REC]³ - Génesis” é então muito rudimentar. Durante a festa de noivado de Koldo (Diego Martín) e Clara (Leticia Dolera), o tio de Koldo (que havia sido mordido por Max, o cão da pequena Jeniffer, que aterrorizou meio mundo nos dois primeiros filmes) tem um estranho ataque de raiva e desata a morder os pescoços de todos quantos se encontram a seu lado. E assim se despoleta uma verdadeira confusão entre os convidados do casamento, que rapidamente pousam os copos de champanhe para se degolarem uns aos outros… 

 

Apesar de sanguinários quanto baste, os dois primeiros filmes da saga recorriam mais a um terror psicológico para incomodarem a audiência. Um terror mais refinado, portanto, jogando muito mais com os jogos de luz e de silêncio. “[REC]³ - Génesis”, por sua vez, vira as costas a esse tipo de terror e opta por seguir a fórmula dos slashers modernos, decapitando monstros com motosserras, triturando dentaduras com varinhas mágicas e cortando braços com espadas medievais. Agora percebem porque é que eu disse que este terceiro capítulo era um banho de sangue. Aliás, o poster é tremendamente sugestivo… Graças a esta abordagem ultraviolenta que não hesita em mostrar tudo, o filme torna-se quase perfeito a nível técnico e visual. Poderá não assustar, mas irá certamente suscitar muitos momentos de pasmo enojado. O departamento de caracterização está de parabéns, pois a caracterização dos monstros é de excelência, envergonhando muitas fitas de terror made in Hollywood. Aliás, posso dizer que Paul W.S. Anderson poderia aprender umas coisinhas com este filme antes de começar a preparar o próximo Resident Evil. O fantástico som da película enaltece também a fúria dos possuídos e a câmara de Plaza proporciona bons momentos de gore à moda antiga, comprovando que o realizador espanhol sabe bem o que faz, mesmo sem Balagueró a seu lado.


Trata-se, portanto, de uma fita corajosa e que não tem medo de chocar. Pena é que a narrativa não acompanhe a espetacularidade sonora e visual, brindando-nos com personagens maioritariamente unidimensionais e estereotipadas. A vertente emocional dos eventos retratados está mal aproveitada, na medida em que Koldo e Clara despacham tios, avós e irmãos como se fossem perfeitos desconhecidos. Haveria material para compor uma fita mais dramática e surpreendente, mas Plaza opta quase sempre por uma abordagem leve e a pisar o risco da comédia (Koldo chega mesmo a envergar uma armadura medieval, tornando difícil levar o enredo muito a sério). No fim de tudo, porém, “[REC]³ - Génesis” consegue ser satisfatório, desde que as expectativas não sejam demasiado elevadas. Se estiverem à espera de um serão ao nível da fita original, vão dar-se muito mal. Mas se quiserem apenas tomar um banhito de sangue para rejuvenescer a pele, “[REC]³ - Génesis” não tem muito por onde desapontar. 

 Classificação – 3 Estrelas em 5

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1 Comentários

  1. fugiu de toda expectativa que se esperava de uma sequencia tão boa, quebrando a tradição da câmera no ombro da personagem e colocando uma musica de fundo que serviria más para um filme de tubarões do que um terror, personagens que não tem uma historia que se prenda a atenção, ri muito e não tive nenhuma expressão que lembrasse terror, resumindo é uma bosta, por favor da próxima vez se fizer uma continuação não fuja das características rec1 e rec2, vai por mim será melhor do que u ultimo.

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