Crítica - The Perks of Being a Wallflower (2012)

 
Realizado por Stephen Chbosky
Com Logan Lerman, Emma Watson, Ezra Miller, Paul Rudd

É tido como um dos possíveis candidatos surpresa aos Óscares 2013 e, após o ver, estou completamente à-vontade para subscrever esta posição, já que “The Perks of Being a Wallflower” é decididamente um dos melhores filmes deste ano. Na base do seu enorme valor estão três elementos fundamentais: uma direção atenta, um elenco interessantíssimo e um enredo refrescante que, em conjunto, conseguem levar-nos numa dramática e intensa jornada até aos bastidores sociais e familiares de três adolescentes que estão na encruzilhada que separa a infância da idade adulta. Um desses adolescentes é Charlie (Logan Lerman), um rapaz academicamente precoce e socialmente desajeitado que vive no seu próprio mundo, mas tudo isto se altera quando conhece Sam (Emma Watson) e Patrick (Ezra Miller), dois carismáticos e rebeldes meios-irmãos que o apresentam a novas experiências que o ajudam a amadurecer e a aumentar a sua autoestima. Ao mesmo tempo, Mr. Anderson (Paul Rudd), o seu professor de inglês, começa a introduzi-lo no mundo da literatura, alimentando-lhe os sonhos de um dia se tornar um escritor mas, apesar de se sentir realizado no seu novo mundo de adulto, ele nunca consegue ver-se livre da dor que arrasta do seu passado e que ameaça destruir o seu futuro.


A sua trama é portanto uma surpreendente e espantosa mistura entre uma completa telenovela juvenil e um profundo melodrama pessoal. Os medos, dramas, romances e dúvidas do protagonista e dos outros dois jovens que o ajudam, são todos explorados com grande beleza e dignidade, mas também com uma admirável profundidade emocional que normalmente não encontramos nos dramas/comédias juvenis. A maior parte desses problemas e complexos sociais/ mentais pertencem a Charlie, um jovem muito perturbado que tenta exteriorizar, confrontar e resolver todos os seus medos e demónios através da sua relação simbiótica com a escrita, mas também através da sua amizade com Sam e Patrick, dois jovens igualmente complexos que o conseguem ajudar a viver sem remorsos e a tirar o maior proveito possível da sua adolescência, daí a inclusão de certos temas essenciais num filme deste estilo como a sexualidade, a família, a rebeldia e a fúria. Esta jornada de Charlie contra as suas constantes dúvidas e tristezas que derivam, por exemplo, do suicídio do seu melhor amigo ou da morte acidental de um familiar que lhe era muito querido, é pautada por muitas surpresas mas sobretudo por vários momentos de genuína emoção, liberdade e exaltação que nos mostram o lado mais conturbado e desorientado dos jovens, um lado muitas vezes ignorado ou incompreendido que ajuda a explicar a rebeldia e obscuridade desta faixa etária. O principal responsável pela profundidade emocional do argumento é Stephen Chbosky que, para além de ter escrito o best seller literário que está na sua base, conseguiu manter e transmitir as suas principais ideias sem sacrificar a sua essência ou recorrer a atalhos desnecessários, que muitas vezes são utilizados pelos guionistas de adaptações cinematográficas em proveito do entretenimento das massas.


O escritor Chbosky decidiu também realizar este filme e, para supressa de muita gente, fez um ótimo trabalho. A sua forte relação com a história influenciou, como é óbvio, a forma íntima e emotiva como a retratou, mas seria de esperar que a vertente técnica da sua realização fosse substancialmente mais fraca, até porque este é o seu filme de estreia e um cineasta estreante comete normalmente erros básicos e notórios, mas nada disto acontece em “The Perks of Being a Wallflower”. É claro que é injusto dizer que a realização de Chbosky é soberba, mas de um ponto de vista intelectual e emocional está muito bem conseguida. As estrelas do seu elenco, Logan Lerman, Emma Watson e Ezra Miller, também conferem uma forte dose de excelência ao filme, nomeadamente Ezra Miller que mais uma vez nos prova que é um ator versátil e fenomenal que tem potencial e qualidade para interpretar personagens que não sejam psicopatas. Emma Watson também começa a mostrar os seus verdadeiros dotes artísticos e a sair da sombra do sucesso de “Harry Potter”, mas é ainda difícil desassociar esta jovem atriz de Hermione Granger. Já Logan Lerman, apesar de dar vida à personagem principal, acaba por ter a pior performance dos três, mas isto não significa que esteja abaixo da média porque realmente não está. A clássica banda sonora rock/grunge/indie de “The Perks of Being a Wallflower” também está muito bem conseguida, ou não fosse um dos temas recorrentes da sua trama a incessante procura por uma música que atormenta o protagonista. A vasta maioria dos restantes elementos mais técnicos e secundários também estão dentro de um nível aceitável. Em suma, “The Perks of Being a Wallflower” agradou-me bastante e posso assegurar que, apesar de ter uma temática juvenil, não é um filme que só pode ser devidamente apreciado e compreendido por adolescentes, já que o seu argumento transcende as barreiras da idade e da maturidade devido à sua força dramática. 

Classificação – 4 Estrelas em 5

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2 Comentários

  1. Este filme é ótimo. Ele cosengue despertar os seus setimentos lhe emocionando de uma forma que você não espera.

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