Crítica - The Host (2013)

Realizado por Andrew Niccol
Com Saoirse Ronan, Max Irons, Diane Kruger, William Hurt

Há uns cinco ou seis anos atrás, Stephanie Meyer ainda era uma escritora relativamente desconhecida em todo o mundo. Atualmente, Meyer é, a par de J.K.Rowling (Harry Potter), E. L. James (Fifty Shades of Grey) ou Suzanne Collins (Hunger Games), uma das escritoras femininas mais famosas e ricas do mundo. O seu sucesso deve-se sobretudo aos livros e filmes “Twilight” mas, antes de terminar de escrever esta rentável série literária, esta autora norte-americana editou em 2008 um outro livro chamado “The Host”. A sua intenção era começar uma nova série literária dentro do reino do fantástico e fantasia, mas as coisas não correram assim tão bem e, até ver, esse livro ainda não recebeu nenhuma continuação, muito embora não tenha sido nenhum desastre comercial. Este cenário pode mudar entretanto, mas para que isso aconteça acho que é necessário que esta sua adaptação cinematográfica alcance um certo nível de sucesso nas bilheteiras. Eu acho que este cenário é perfeitamente possível devido ao seu potencial comercial, mas posso desde já dizer que não acho que “The Host” seja um bom filme romântico ou de ação. É claro que tem um certo apelo juvenil mas, tirando isso, são poucas as coisas positivas que encontramos nesta obra que sofre com as mesmas falhas e defeitos que tornaram a “Saga Twilight” num dos alvos preferidos dos críticos em todo o mundo. A história de "The Host" é protagonizada por Melanie Stryder (Saoirse Ronan), uma das poucas pessoas que ainda resiste às forças extraterrestres que invadiram o nosso mundo. Ao longo da sua combativa jornada de sobrevivência, Melanie terá que enfrentar muitas contrariedades e terá até que arriscar a sua própria vida pelas pessoas que lhe são mais queridas, mas estes sacrifícios são necessários para provar que o amor pode conquistar tudo, até mesmo o incrível poder dos extraterrestres.


Tal como “Twilight”, ”New Moon”, “Eclipse” e “Breaking Dawn – Part I e Part II”, “The Host” é, tal como se antevia, um improdutivo filme juvenil com uma ávida mas artificial temática romântica que, pelo meio, tem um par de parcas cenas de ação. A intriga de “The Host” parece ser, à primeira vista, um pouco mais interessante que a de “Twilight”, mas este aparente potencial nunca é aproveitado em nenhum momento da sua frouxa trama, que só se parece importar com subtramas emocionais muito desinteressantes. É neste campo que se insere a parva batalha interna que é travada entre Nómada e Melanie, duas personagens conflituosas que partilham o mesmo corpo mas que, após dez minutos de birras e chatices, tornam-se inexplicavelmente nas melhores amigas do mundo. É complicado de perceber como é que uma jovem terrestre consegue seduzir e convencer, em tão pouco tempo e com tanta facilidade, uma inteligente entidade alienígena que, no passado, ocupou vários corpos extraterrestres e nunca se preocupou minimamente com o destino dessas suas vítimas, tal como a própria admite no início do filme. O argumento dá-nos a entender que os fortes sentimentos humanos conseguiram convencer a extraterrestre a trair a sua raça e a aliar-se aos humanos, mas esta teoria nunca é confirmada porque o filme nunca nos dada uma resposta concreta sobre este assunto. O fato desta inexplicável aliança ter sido alcançada em menos de dez minutos também não abona nada a favor da capacidade intelectual e criativa desta obra, que se transforma num enjoativo melodrama juvenil a partir do momento em que Melanie e Nómada chegam à colónia da resistência terrestre e começam a interagir com os dois jovens protagonistas masculinos, Jared (Max Irons) e Ian (Jake Abel), que ora as querem beijar ora as querem matar. Esta inconstância é ridícula. Eu nem acredito que vou dizer isto, mas pelo menos “Twilight” tinha alguma consistência no campo amoroso, já que tanto Edward como Jacob sempre quiseram o melhor para Bella. Essa união e coesão não existe neste quadrado romântico entre Nómada, Melanie, Jared e Ian, cujo progressivo desenvolvimento ocupa todas as atenções da narrativa até final e destrói assim todo o seu ritmo e interesse. As dúvidas existências e familiares de Melanie saltam assim para segundo plano mas, mais grave do que isso, o argumento começa a negligenciar os extraterrestres e os esforços da vilã. Esta maligna personagem fica mesmo reduzida a uma inocente ninharia que nunca é tida como uma grande ameaça para os protagonistas porque, muito sinceramente, nunca o chega a ser. A sua ridícula atitude durante o confronto final evidencia isto mesmo, no entanto, esta vilã não é de todo o elo mais fraco de um filme cheio de debilidades e onde todas as personagens, centrais e secundárias, têm uma construção deficiente que torna os extraterrestres demasiado bonzinhos e os humanos demasiado frouxos. Esta ingenuidade moral retira muito entusiasmo a este drama sci-fi, mais até do que a sua entediante vertente romântica ou os seus crassos erros de contexto que envolvem, por exemplo, a ausência de um pequeno flashback que nos mostre como é que uma raça parasitária como as Almas conseguiu controlar tão facilmente e sem nenhuma resistência militar de maior a vasta maioria dos seres humanos.

 

Já deu para entender que “The Host” tem um argumento assumidamente meloromântico e franzino, mas importa também referir que não tem também nenhuma boa sequência da ação. Para além de não nos mostrar a invasão ou nenhum momento verdadeiramente sci-fi, “The Host” não nos mostra também nenhuma batalha ou confronto físico merecedor desse nome. O máximo que nos oferece é uma idiota perseguição de carros com poucos tiros e cheia de simpatias, algo que só reforça o espirito piegas de todas as personagens, sejam elas humanos ou extraterrestres. Eu não compreendo como é que o hábil diretor de “In Time” ou “Gattaca”, Andrew Niccol, realizou um filme assim tão mau que, por incrível que pareça, é mais fraco do que qualquer uma das produções da “Saga Twilight”. É porque em "The Host" nem o seu jovem elenco se safa.

Classificação - 1,5 Estrelas em 5

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3 Comentários

  1. Não poderia discordar mais desta sua critica. Ao contrário da saga "Twilight" este filme é composto por um romance extramente sentido, explicado e entendido pelo amor de duas almas (mesmo sendo de mundos diferentes) e não pelo amor de dois corpos.
    Obviamente que possas dizer que não é mostrada a evasão nem a resistência aos extra terrestres mas penso que esse também não é o objectivo nem a mensagem que o filme pretende passar.
    Não entendo que a harmonia entre as duas almas fosse facil nem de 10 minutos... Entendo sim que foi uma conquista de Melanie(e não só, como se pode constactar no final do filme) através dos seus profundos sentimentos para com os seus.
    Penso também que o facto "deles" serem bastante amáveis e contra violência um argumento absolutamente genial na minha opinião evoluida e explicada pelos anos de experiência que sua espécie tem!
    Amei o filme principalmente por não estar rodiado de lutas, tiros e explosões!! Achei também fascinante a forma como este filme apesar de ser sci-fi me ter dado perguntas bastante realistas e algumas potencias respostas também.
    Abraços e bons filmes.

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  2. Não poderia discordar, esperava mais do filme apois ter lido o script que me pareceu muito interessante, mas o filme é simplisment aborecedor!

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  3. Pois eu também discordo do que aqui foi criticado. Como se pode pedir uma batalha se a raça alien era pacifica!? Como se pode pedir confrontos e ação militar quando o argumento é assumidamente romântico e se foca na relação pessoal e familiar da personagem principal!? Achei o filme muito bom, principalmente a dualidade interior da personagem, muitissimo bem representada pela Saoirse Roman que é quanto a mim uma das melhores atrizes da sua geração e que se enquadra muito bem a papeis atípicos e sci-fi (ver Hanna e Byzantium).

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