Pérolas Indie - Promised Land (2012)

Realizado por Gus Van Sant 
Com Matt Damon, Frances McDormand, John Krasinski 
Género - Drama

Sinopse - Steve Butler (Matt Damon) é enviado para McKinley, uma pequena cidade rural, com a sua parceira de vendas, Sue Thomason (Frances McDormand). McKinley foi gravemente afetada pelo declínio económico dos últimos anos, pelo que os dois comerciais de vendas acreditam que os habitantes aceitarão facilmente a oferta monetária da sua empresa em troca dos direitos de perfuração de gás nos terrenos. O que lhes parecia ser um simples trabalho e uma curta estadia, torna-se mais complicado quando a pequena comunidade começa a negar as ofertas da empresa e Steve começa a se apaixonar por Alice (Rosemarie DeWitt), uma bela habitante local. 

Crítica – Eu admito que Gus Van Sant é um dos meus realizadores favoritos, mas não tenho qualquer problema em admitir que “Promised Land” é um dos seus projetos mais fracos até à data mas, mesmo assim, acho que estamos perante um filme muito agradável que explora o amplo contraste entre a frieza corporativa e a responsabilidade humana, aproveitando também este tema para referenciar alguns dos problemas ecológicos relacionados com o processo de extração de gás natural. O já experiente Matt Damon tem uma performance muito boa como Steve Butler, uma personagem que tem algumas semelhanças com as inesquecíveis personagens que o ator interpretou em “The Informant!” (2009) ou “Syriana” (2005). (Aviso - Contém Spoilers) Tal como estas, Steve vê-se envolvido num complexo jogo sociopolítico que eventualmente desperta a sua consciência social que, durante anos, foi subjugada pelo cruel espírito corporativo e pela sua desmedida ambição, que também o impediu de construir uma vida familiar. Só perto do final, quando é confrontado com uma chance de emendar os seus erros, é que Steve acorda novamente para a vida e tenta uma vez mais ser feliz, mas para o fazer terá que deitar por terra a sua carreira e abater as ambições de uma empresa sem escrúpulos que quer apenas obter o melhor negócio possível, mesmo que isso implique custos humanos catastróficos. Esta empresa representa a clássica entidade comercial sem limites morais, que não se importa de lesar terceiros se isto render milhões de dólares. Esta ideia fica patente pelas imorais estratégias políticas e planos de marketing que poem em prática para tentar convencer e controlar a ingénua população da comunidade rural, que teria cedido facilmente aos caprichos desta companhia se não fosse pelos esforços de um professor reformado, Frank (Hal Holbrook), e pelo nobre sacrifício final de Steve, cuja progressiva evolução moral é representada de uma forma muito pormenorizada.
Este filme reforçar portanto o espírito capitalista sem escrúpulos que move a grande maioria das poderosas corporações multinacionais, mas também nos mostra que este espirito extremamente negativo pode e deve ser combatido por todas as pessoas que acreditem que o dinheiro não compra tudo nem compensa a defesa de valores humanos essenciais, como a vida ou a liberdade. Para além disto, “Promised Land” também nos alerta para uma questão ambiental bastante polémica que, nos últimos anos, tem sido muito debatida nos Estados Unidos da América. Essa questão diz respeito ao processo de extração de gás natural que, apesar de ser uma energia sem grandes riscos para a saúde ou meio ambiente, só pode ser extraída da terra por um processo altamente perigoso que, em certos casos, pode contaminar o solo e matar aos poucos a fauna e flora da região. Esta problemática não é propriamente recente e até já foi debatida em vários filmes de relevo, como o aclamado documentário “Gasland” (2010), mas “Promised Land” confere-lhe um lado mais dramático e humano que incita muitos debates internos na nossa cabeça. É claro que “Gasland” aborda com um maior detalhe esta controvérsia, mas Gus Van Sant consegue alertar o espetador sem o bombardear com palavreado difícil e sem o massacrar com um enredo, única e exclusivamente, dedicado a este assunto. Este realista drama do exímio Gus Van Sant pode não ser tão intenso ou dramático como “Elephant" (2003) ou ”Milk” (2008), mas é muito interessante de analisar e está, acima de tudo, muito bem filmado.

Classificação - 3,5 Estrelas Em 5

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