Crítica - Oz: The Great and Powerful (2013)

Realizado por Sam Raimi 
Com James Franco, Michelle Williams, Mila Kunis, Rachel Weisz

Quem nunca ouviu falar do belo clássico “The Wizard of Oz” (1939), de Victor Fleming, que contribuiu para a edificação da ilustre carreira de Judy Garland, uma das melhores atrizes do Século XX. O filme, baseado no livro “The Wonderful Wizard of Oz”, de L. Frank Baum, foi um sucesso e, atualmente, ainda comove e maravilha muitos cinéfilos em todo o mundo. Infelizmente, “Oz: The Great and Powerful” nunca terá esse estatuto. Este desproporcionado e exagerado filme de fantasia e aventura de Sam Raimi é uma grande desilusão, e junta-se por isso a uma longa lista de produtos que, infelizmente, não conseguem honrar o nível de imaginação ou qualidade da grandiosa série literária ou da sua adaptação cinematográfica original. Esta prequela apresenta-nos a Oscar Diggs (James Franco), um medíocre mágico de circo de ética questionável, que é levado do empoeirado Kansas para a vibrante Terra de Oz. Ele fica convencido que ganhou a lotaria e que está a um passo da fama e da fortuna, mas tudo isto se altera quando conhecer as três bruxas, Theodora, Evanora e Glinda, que não estão assim tão convencidas de que ele é realmente o grande feiticeiro por quem todos esperavam. Arrastado com relutância para os problemas épicos relacionados com a Terra de Oz e os seus habitantes, Oscar terá agora que distinguir o bem do mal antes que seja tarde demais. Recorrendo às suas artes mágicas através da ilusão, perspicácia, e ainda um pouco de feitiçaria, Oscar transforma-se não apenas no Grande Feiticeiro de Oz mas também num homem melhor.

   

Idealizado como uma antevisão de “The Wizard of Oz” (1939), “Oz: The Great and Powerful” dá-nos a conhecer a primeira parte da história de vida do Feiticeiro de Oz que, antes de se tornar no bondoso governante de uma imaginária terra mágica cheia de personalidades caricatas, tentava singrar no competitivo mundo real, algo que sempre se revelou difícil devido à sua personalidade egocêntrica e mulherenga que nos é apresentada durante a bela e retro introdução deste filme. Este enfoque no Feiticeiro de Oz até não está nada mal pensado, porque ele é realmente uma das personagens mais interessantes e misteriosas da série literária criada por L. Frank Baum, no entanto, não se pode dizer que esta leviana prequela, produzida pela Walt Disney Pictures, consegue realçar o que de melhor tem esta personagem, que se perde rapidamente no meio de um desenvolvimento individual muito rudimentar e de uma aventura atolada por excessos e artificialidades desnecessárias que incluem, por exemplo, a presença de várias personagens secundárias completamente irritantes, como a Rapariga de Porcelana ou o Macaco Finley, que tentam compensar as compreensíveis ausências das personagens clássicas da história original que, por acaso, são pobremente referenciadas através de pobres alusões às suas origens ou ao seu paradeiro. Para além destes e de outros débeis elementos, “Oz: The Great and Powerful” também sofre com a fraca interação entre o interveniente central e as três bruxas, Theodora (Bruxa Má do Oeste), Evanora (Bruxa Má do Este) e Glinda (Bruxa Boa do Sul), que, para além de serem alvo de um aprofundamento individual insatisfatório, nunca conseguem sobressair junto do protagonista nem nunca parecem tão interessantes como as suas versões literárias. Esta triste realidade é particularmente evidente em relação às vilãs deste filme, Evanora e Theodora, que são, na minha opinião, uma autêntica sombra daquilo que as suas caricatas e carismaticamente malévolas personagens deveriam ser, sendo a ingénua e posteriormente rancorosa Theodroa aquela que nos deixa mais desiludidos com a sua imatura construção. É claro que para a falta de profundidade e poder destas quatro personagens principais muito contribuiu a mediana performance das quatro estrelas do elenco - James Franco, Michelle Williams, Mila Kunis e Rachel Weisz. Todos eles não estão ao nível que nos têm habituado nos últimos anos, sobretudo Mila Kunis e James Franco, que têm aqui um trabalho demasiado distante e nada carismático, que contraria o suposto poder das suas personagens. A inocente Michelle Williams acaba por ser a melhor dos quatro, na pele da igualmente inocente Glinda, a bruxa boa do sul.

   

O aparente trunfo de “Oz: The Great and Powerful” reside na sua vertente visual. A vasta maioria do seu elevado orçamento de duzentos milhões de dólares foi consumida na construção dos exagerados cenários computorizados e na inclusão de generosos efeitos visuais em praticamente todas as sequências deste blockbuster exageradamente artificial que, infelizmente, perde toda a sua magia e imaginação no meio de tanto excesso de cores e efeitos que, no meu entender, acabam por ser contraproducentes. Seria difícil idealizar “Oz: The Great and Powerful” sem uma colorida direção artística ou os melhores efeitos visuais da atualidade, mas a equipa de técnicos liderada por Sam Raimi exagerou na dose de efeitos computorizados e acabou por retirar muita simplicidade e singularidade ao argumento, que é praticamente absorvido pela evidente superioridade da sua faustosa mas inconvincente e artificial componente técnica. A Walt Disney Pictures já confirmou a continuação de “Oz: The Great and Powerful” e Sam Raimi também já confirmou que não a vai realizar, mas temo que o segundo filme irá apresentar um nível semelhante ao desta obra, que até se esforça para nos dar uma sensação de continuidade e contexto em relação aos eventos e intervenientes de “The Wizard of Oz” mas, no meio de todas as boas intenções e ideias, existe uma má execução da sua vertente técnica e da sua narrativa. 

 Classificação – 2 Estrelas em 5

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2 Comentários

  1. Boa noite.

    Não tenho conseguido selecionar os textos das últimas críticas postadas aqui no site.
    Tenho utilizado muitas das críticas que fazem para armazenar numa base de dados de filmes que possuo, uma vez que as considero das melhores que se encontram pela internet.
    Existe alguma razão para essa mudança?

    Cumprimentos.

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  2. Este filme fantástico Mila Kunis charme me fascina-me, eu vou ver de novo e de novo

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