Crítica - The Place Beyond The Pines (2012)


Realizado por Derek Cianfrance 
Com Ryan Gosling, Bradley Cooper, Eva Mendes

 Foi apontado por quase toda a imprensa como um dos possíveis candidatos aos Óscares 2013, mas a Focus Features acabou por nos trocar as voltas quando adiou a sua data de estreia, nos Estados Unidos da América, de Novembro de 2012 para Abril de 2013. Esta inesperada decisão afastou “The Place Beyond The Pines” dos Óscares 2013, mas também dos Óscares 2014, e levou-me a pensar que, se calhar, este novo projeto do realizador de “Blue Valentine” (2010) era uma grande porcaria. Esta presunção acabou por cair por terra quando tive a oportunidade de ver o filme e comprovar que este projeto de Derek Cianfrance é, afinal, um competente thriller dramático, que embora não seja de todo um filme com qualidade suficiente para suportar e justificar uma séria candidatura à Época de Prémios, não deixa por isso de ser uma produção assinalável, que acaba por ter menos Ryan Gosling do que seria de esperar, mas em contrapartida conta com duas longas e agradáveis performances do promissor Dane DeHaan e do já seguro Bradley Cooper, que neste filme interpreta Avery Cross, um policia novato que trabalha no Departamento de Policia de Schenectady em Nova York, que é controlado pelo corrupto Detetive Deluca (Ray Liotta). O jovem Cross tenta cumprir o seu dever da melhor maneira possível, mas a sua vida sofre uma inesperada reviravolta quando o equilíbrio entre a sua vida profissional e a sua vida pessoal é posto em causa quando o seu caminho cruza-se com o de Luke Glanton (Ryan Gosling), um jovem rufia que costumava realizar arriscadas performances de motas em feiras populares errantes, mas que acabou por se tornar num famoso ladrão de bancos quando descobriu que tinha um filho pequeno para sustentar. O épico confronto entre Avery e Luke termina de forma trágica e trará consequências nefastas para o futuro dos filhos de ambos, Jason e AJ (Emory Cohen e Dane DeHaan), que terão de lidar, mais tarde, com as consequências das ações irrefletidas dos seus respetivos pais.

   

Há três histórias diferentes em “The Place Beyond The Pines”, mas todas elas têm uma forte relação entre si, já que as vidas dos seus quatro protagonistas têm como epicentro melodramático o mesmo trágico evento que marca o final do primeiro ato desta espécie de thriller dramático e familiar, onde duas gerações de boas pessoas com destinos e sortes muito diferentes acabam por entrar em conflito por causa de azares ou mal entendidos. O primeiro ato do enredo traça a personalidade e o trajeto de vida de Luke Glanton, um jovem com um bom coração mas com uma péssima cabeça que, por causa do seu péssimo feitio e de várias más opções, acaba por se envolver em muitas confusões e por ter o infortúnio de cruzar caminhos com Avery Cross, que tal como Luke é um homem com boas intenções que só quer dar a maior segurança financeira possível ao seu filho recém-nascido, mas que por causa de uma má decisão acaba por ter de lidar com consequências existenciais e laborais imprevistas, que são retratadas ao pormenor no segundo ato deste filme, que também é utilizado para aprofundar a personalidade combativa de Avery. Já no terceiro e último ato de “The Place Beyond de Pines” são Jason e AJ, os filhos já adolescentes de Luke e Avery, que assumem o protagonismo desta produção e se tornam no centro das atenções do público, que passa a seguir a par e passo o lento processo de coincidências e conflitos que os levam a descobrir os sentimentos latentes e os tristes eventos que estão na base do violento historial que une as suas famílias. A par da evidente temática familiar que se faz notar em todos os três atos, “The Place Beyond The Pines” também é dominado por uma forte onda de ideias humanos relacionadas com as vicissitudes do destino e com as lacunas do sentido de honra, que tanto são observadas junto dos membros bonzinhos da Família Cross, como junto dos membros rufias da Família Glanton. Pelo meio deste portentoso retrato sombrio e dicotómico entre duas famílias com bases sociais e sortes distintas, estão presentes certos defeitos assinaláveis que, no entanto, pouco afetam esta apelativa obra de Derek Cianfrance, que volta portanto a nos presentear com mais um projeto bem composto que se destaca facilmente como um dos melhores filmes de meio da tabela do presente ano. 

Classificação - 3,5 Estrelas em 5

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