MOTEx 2013 - Entrevista a Carlos Amaral, Realizador em Competição Com a Curta Longe de Éden

 
O Portal Cinema vai acompanhar de perto o MOTELx 2013, mas enquanto o festival não começa decidimos conhecer um pouco melhor os nove realizadores que este ano vão participar na Competição Oficial do MOTELx - Prémio Yorn MOTELx que, tal como tem vindo a acontecer, apenas é aberta à participação de realizadores portugueses. A vitória nesta competição vale ao realizador vencedor e ao seu trabalho o título de Melhor Curta do MOTELx, mas também um prémio monetário de 3000 euros, a que acrescem 2500 euros em serviços de pós-produção vídeo na Pixel Bunker e ainda um fim-de-semana de inspiração num dos Hotéis Belver, um dos patrocinadores do festival. Esta competição é portanto muito importante para os nove realizadores em competição, que aproveito desde já para congratular pelo trabalho realizado, e agradecer o tempo disponibilizado para participarem nesta pequena iniciativa do Portal Cinema, que tem como principal objetivo dar a conhecer ao público estes jovens realizadores e os seus respetivos trabalhos e, quem sabe, aguçar o apetite para o que o público poderá ver na Competição de 2013 do MOTELx. As nove entrevistas que foram feitas aos nove participantes – Nuno Sá Pessoa (Bílis Negra); André Gil Mata (O Coveiro); Carlos Amaral (Longe de Éden); Alex Barone (Monstro); Rui Pilão (Desespero); Paulo Araújo (Nico - A Revolta); João Seiça (Hair); Miguel Ângelo (Sara); Patrick Mendes (A Herdade dos Defuntos) – pretendem portanto dar a conhecer as suas respetivas curtas que estão a concurso, mas também o seu percurso profissional, os seus objetivos e gostos pessoais, os seus planos para o futuro e as suas expetativas para o MOTELx 2013.

O sexto entrevistado desta pequena iniciativa é o realizador Carlos Amaral, que apresentará no MOTELx 2013 a curta “Longe de Éden” (Escrita por Carlos Amaral/ Com Vítor Correia, Paulo Calatré, Catarina Lacerda/ Duração - 15 Min.), que tem a seguinte sinopse oficial: Num Portugal pós-apocalíptico, um homem extenuado percorre a desoladora paisagem e tenta sobreviver enquanto procura por um mítico Éden.

Portal Cinema (PC) - O que é que o Carlos tem feito nos últimos anos? Será que nos pode falar um pouco sobre a sua experiência profissional e educativa?
Carlos Amaral (CA) - Licenciei-me em Tecnologia da Comunicação Audiovisual no Porto, trabalhei em produção em alguns filmes e festivais de cinema, ao mesmo tempo que fazia freelance em publicidade. Trabalhei ainda em televisão quase 2 anos e saí para tentar voltar ao cinema, fiz uma curta no-budget e voltei ao freelance como realizador e pós-produtor enquanto participava em algumas produções de curtas. Fui tentando a minha sorte e tive a felicidade de conseguir financiamento para este projecto.

PC - Estava à espera de ver o “Longe de Éden” na Competição do MOTELx 2013? Já tem algum plano para o prémio monetário, caso vença a competição?
CA - Apesar de não ser bem um filme de terror, ficção-científica é um género raro em Portugal, daí que tinha alguma esperança de entrar no festival. Quanto ao dinheiro, o mais certo é investir num computador novo para pós-produção.

PC - O “Longe de Éden” insere-se no subgénero dos filmes pós-apocalípticos. O que é que o atrai neste tipo de filmes? Foi buscar inspiração a algum projeto já existente? O resultado final corresponde à sua visão inicial?
CA - Sou particularmente fã de ficção-científica, gosto de ver no ecrã "realidades" alternativas à nossa, o pós-apocalíptico é simplesmente uma alternativa mais trágica que me fascina por ser uma possibilidade real, civilizações quase tão complexas como a nossa já desapareceram... Acho que a maior inspiração que tive foram as ruínas que vejo espalhadas pelo país, não sou um grande fã de "ruin porn", mas acho visualmente impressionante e isso levou-me a ler alguns livros sobre o assunto como o Eternity Road de Jack McDevitt que apesar de não ser um grande livro, tem ideias muito boas no seu cenário pós-apocalíptico. O resultado final não é exactamente o que eu imaginava, mas este projecto era extramamente ambicioso e ainda assim acho que saiu bastante bem.

PC - O que é que nos pode dizer sobre a trama de “Longe de Éden”? Será que podia desenvolver um pouco mais a sua sinopse?
CA - O filme segue um homem num cenário pós-apocalítico que persegue um sonho recorrente com uma mulher num local idilíco. A única prova física que o personagem tem da existência desse local é um folheto que guarda religiosamente. Ele procura o paraíso no inferno e esta  é a sua viagem.   

PC - As filmagens foram muito trabalhosas? O que achou da prestação do elenco e da equipa técnica?
CA - Apesar de alguns contra-tempos, não foram muito complicadas, o maior problema foi o constante atraso de financiamento do governo à Capital da Cultura (que pagou o filme), o que causou constantes adiamentos e muita incerteza, mas toda a gente acabou por resolver bem os desafios que foram aparecendo. 

PC - Tem algum realizador que o inspire e cuja carreira admire? Qual é o seu filme favorito?
CA - Não tenho um filme favorito, nem realizador, posso mandar alguns nomes como: Paul Thomas Anderson, Terrence Malick, Andrew Dominik, S. Kubrick, Yoji Yamada... 

PC - O que espera da edição deste ano do MOTELx? O que é que lhe chama mais a atenção na programação deste ano?
CA - Confesso que ainda não vi o programa com atenção... Não faço ideia o que esperar, mas os fãs de terror e de fantástico são geralmente um público divertido e conhecer o ambiente do festival é para já o que me atrai mais.

PC- O que é que o futuro lhe pode reservar? Já está a trabalhar em alguma coisa nova?
CA - Cinema em Portugal... tem que ser um dia de cada vez, para já tenho outro projecto de ficção-científica chamado "Gliese 581D" que já estou a tentar arrancar há algum tempo, mas o financiamento é muito limitado cá e não favorece realizadores em início de carreira e muito menos de ficção-científica. Tenho esperança de ter um projecto que possa ter algum destaque lá fora e possivelmente atrair outro tipo de financiamento, mas para já acho que vou ter que me contentar a fazer vídeos para marcas de cerveja e supermercados para pagar renda. 

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