Crítica - Captain Phillips (2013)

Realizado por Paul Greengrass 
Com Tom Hanks, Catherine Keener 

Já pressentia que o novo projeto de Paul Greengrass iria ter uma certa qualidade, porque afinal de contas, “Captain Phillips” tem como base uma história verídica bem intensa e emocionante, que na altura ilustrou na perfeição a ainda presente epidemia dos Piratas da Somália. Esta história, já de si bastante apelativa, teve a sorte de ir parar às mãos de Greengrass, um cineasta bem completo e sempre muito metódico, que lhe deu o melhor tratamento possível e sem nunca levar as coisas para um campo demasiado hollywoodiano, político ou pretensioso, já que demonstrou ter a sapiência suficiente para perceber que o drama verídico do Capitão Phillips não precisava de grandes artifícios para render um bom projeto dramático. A direção que Paul Greengrass assina aqui é portanto exímia em muitos aspetos, mas mesmo assim tenho que dizer que “Captain Phillips” nunca seria um filme assim tão poderoso sem a magistral performance de Tom Hanks, que se distingue claramente com a peça fulcral deste drama, porque sem a sua convincente interpretação do Capitão Phillips, seria muito mais difícil para o espetador sentir uma relação próxima com o drama humano e criminal do protagonista, que durante quase todo o filme tem de usar toda a sua experiência e inteligência para tentar sair com vida de um sequestro perpetrado por piratas somalis.


Acho que quase todos nós já ouvimos falar dos piratas somalis, que apesar de serem piratas não se comportam como o Jack Sparrow de “Piratas das Caraíbas”, já que estes piratas são piratas a sério que, tal como os piratas clássicos, ganham a vida a roubar navios mercantis de vários países, mas ao contrário dos principais piratas dos séculos passados, como Jean Lafitte ou Edward Teach, os piratas somalis não roubam a carga dos navios que assaltam, já que o seu principal objetivo é sequestrar a tripulação e pedir avultados resgates pela sua libertação. Embora os selvagens ataques dos piratas somalis sejam, normalmente, objeto de uma grande cobertura mediática em praticamente todo o mundo, são poucos os casos que deram origem a amplos projetos literários, cinematográficos ou televisivos, já que por norma os ataques dos piratas somalis acabam quase sempre sem grande registo de mortes ou feridos, mas é claro que há exceções, como é o caso da história que serviu de base a este filme e que começou por ser transposta para livro pelo próprio Capitão Phillips, cuja experiência pessoal com os piratas somalis poderia ter tido dimensões bem mais trágicas. Essa sua poderosa experiência é retratada aqui de uma forma bem tensa e emocionante, já que todo o filme está envolto num possante clima de suspense que Paul Greengrass faz questão de ir reforçando à medida que o filme vai avançando, sendo por isso que a parte em que o Capitão Phillips é sequestrado de forma isolada pelos piratas é um pouco mais violenta e interessante do ponto de vista emocional, já que é durante esta parte que vêm à flor da pele todas as principais emoções e medos do protagonistas que, de um momento para o outro, fica preso num sítio bastante apertado com homens violentos e bem armados que a qualquer altura podem decidir matá-lo. É a partir desta parte que “Captain Phillips” transforma-se num verdadeiro filme de sobrevivência humana, porque até então a problemática situação não estava confinada a um espaço tão restrito ou a comportamentos tão dados a imprevisibilidades. Embora a parte final de “Captain Phillips” seja um pouco mais profunda, não há dúvidas que este filme é bastante interessante do princípio ao fim, mas uma boa parte do seu brilho deve-se a Tom Hanks, que mostra todo o seu esplendor profissional ao longo deste magnetizante trabalho de Paul Greengrass, que tal como Hanks, ajudou a colocar “Captain Phillips” entre os melhores projetos cinematográficos do ano. 

  Classificação – 4 Estrelas em 5

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2 Comentários

  1. Não político? Ou pretensioso? Carácter verídico? O carácter verídico deve ter ficado na Somália, mais um filme de hollywood em que se baseiam no "disse que disse" do que propriamente em factos concretos.
    Um de vários links em que se pode verificar o heroísmo do Capitão Phillips
    http://africasacountry.com/tom-hanks-captain-phillips-and-the-true-story-of-somali-piracy/

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