Crítica - Gravity (2013)

Realizado por Alfonso Cuarón 
Com Sandra Bullock, George Clooney

Uma experiência imprópria para claustrofóbicos e paranóicos, assim se pode descrever “Gravity”, o novo filme de Alfonso Cuáron, que após a sua pequena aventura na saga comercial “Harry Potter”, onde foi responsável pela criação da entrega mais negra do franchise, regressa agora aos filmes de grande orçamento em grande estilo, isto após se terem passado mais de seis anos desde que lançou o drama indie sci-fi “Children of Men” (2006). Entre 2006 e 2011, Cuáron viveu num aparente estado de hibernação cinematográfica, do qual despertou há dois anos para trabalhar com um grande à-vontade neste curioso projeto, que ainda demorou algum tempo a sair do papel, primeiro por questões logísticas, e depois porque os seus protagonistas iniciais, Robert Downey Jr. e Angelina Jolie, decidiram abandonar, por variadas razões, este inicialmente acidentado projeto de elevado orçamento, algo que promoveu a entrada posterior de George Clooney e Sandra Bullock. Se Clooney até parece preencher sem grande crise a vaga deixada vaga por Downey Jr, Bullock pelo contrário deixa no ar a forte sensação que Jolie teria tido uma performance mais aguerrida e apoteótica, mas o desempenho mínimo de Bulock é apenas um pormenor menos bom no seio de um projeto satisfatoriamente sufocante, onde seguimos a demanda espacial dos astronautas Matt Kowalsky e Ryan Stone (Sandra Bullock e George Clooney) que, durante uma viagem espacial de rotina, são surpreendidos por um desastre potencialmente catastrófico, que os deixa completamente sozinhos na vastidão do espaço. Eles sabem que perderam qualquer hipótese de salvamento por parte dos seus companheiros da NASA, mas também sabem que só dependem de si para voltarem a casa, mesmo que isso implique irem mais longe na imensidão aterrorizante do espaço.

 

É fácil de chegar à conclusão que “Gravity” pedia uma melhor protagonista feminina, embora Bullock já tenha vencido um Óscar de Melhor Atriz Principal, mas o que realmente chama a atenção neste filme é o seu ambiente sufocante e claustrofóbico, que embora seja acompanhado por um guião cheio de fragilidades lógicas e impossibilidades cientificas, consegue prender o espetador quase desde inicio até praticamente ao final da inesperada saga de Kowalsky e Stone, que entre a adrenalina que marca as suas tentativas de regressarem a salvo a casa, lá vão soluçando algumas verborreias melodramáticas, que até contribuem, de certa forma, para aumentar o suspense e o impacto emocional deste thriller visualmente e emocionalmente impactante, que realmente não foi feito a pensar nas pessoas mais frágeis.

   

O grande ponto positivo de “Gravity” resume-se portanto ao seu pródigo clima de suspense, que Cuáron faz questão de manter praticamente inviolável até final, juntando-lhe pelo meio uma irrepreensível componente técnica que consegue valorizar ainda mais o negro ambiente paranóico deste competente thriller espacial, já que é absolutamente incrível a forma hábil e detalhada como Cuáron reforça e retrata a obscura imensidão e a assustadora solidão do cosmos, tendo para isso recorrido às ciências computorizadas mais avançadas do momento para criar o magnifico retrato espacial assustadoramente belo e intenso com que somos presenteados durante todo o filme. Este brilhante complemento visual melhora de forma exponencial este já de si forte e admirável mega-projeto, que tem todas as possibilidades de brindar os espetadores menos impressionáveis com uma imprevisível e impressionante experiência cinematográfica.

 Classificação – 4 Estrelas em 5

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7 Comentários

  1. Chamar "desempenho mínimo" à performance de Bullock parece-me completamente disparatado. A expressão, o olhar, a respiração...ela transporta-nos emocionalmente e fisicamente. Pode haver o preconceito por ela vir da comédia, mas a prestação dela neste filme é notável e tenho sérias dúvidas que Angelina, apesar de ser sua fã, a superá-se.

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    1. Totalmente de acordo. Aliás é graças ao desempenho dela que temos as reacções de ansiedade ao longo do filme

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  2. Concordo em absoluto com o Anónimo. É completamente ridículo dizer que a interpretação da Sandra Bullock é mínima. Mais uma vez se prova a excelente actriz que é...Mais um Óscar de Melhor actriz

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  3. Rídiculo dizer que a interpretação de Sandra Bullock é minima... é uma candidata aos óscares para os críticos "a sério".

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  4. De cortar a respiração... Sandra Bullock mais uma vez a superar-se... Filme fascinante...

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  5. Prefiro a interpretação da Sandra a um desempenho da Jolie, seria muito inferior

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  6. Fui ver este filme sem grandes espectativas, apenas fui por estar tão referenciado no que diz respeito a prémios... O que posso dizer é que fiquei impressionado pela positiva, o desmpenho de bullock e o trabalho de Cuarón merecem todo o reconhecimento e respeito. Parabéns

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