Crítica - 12 Years a Slave (2013)

Realizado por Steve McQueen
Com Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender, Lupita Nyong’o

Steve McQueen e Michael Fassbender formam uma parelha interessante. “Hunger” surpreendeu meio mundo e catapultou Fassbender para as luzes da ribalta. “Shame” recebeu rasgados elogios um pouco por toda a parte e colocou Fassbender na rota dos prémios de interpretação. E este “12 Years a Slave”, o filme que marca a terceira colaboração entre ambos, tem sido sobejamente aclamado, afirmando-se desde já como um sério candidato aos Óscares de março próximo. Uma coisa é certa: nenhum destes filmes é de fácil visionamento. Todos eles são hipnóticos, sem dúvida, mas nenhum foi feito com o intuito de arrebatar grandes audiências e bater recordes de bilheteira. A sua qualidade cinematográfica é inegável, mas o seu conteúdo narrativo não é para todos e McQueen gosta de mostrar aquilo que muitas vezes fica retido na sala de montagem, o que nem sempre é do agrado dos grandes estúdios e das audiências mais suscetíveis. Tal como os seus antecessores, “12 Years a Slave” é estranhamente sedutor e cativante, apesar de conter sequências de violência explícita e apesar de apresentar brancos a maltratar negros em praticamente toda a película, o que não é propriamente encantador. “12 Years a Slave” não é, portanto, o protótipo do “feel good movie of the year”. Porém, é corajoso e ambicioso quanto baste para arrecadar uns quantos galardões na temporada de prémios que se avizinha e pode muito bem encerrar essa temporada com o título de melhor filme do ano metido no bolso.


Solomon (Chiwetel Ejiofor) é um homem livre que se vê raptado e vendido como escravo num piscar de olhos. Uma vez dentro da cruel rede da escravatura, de forma alguma consegue escapar e depressa compreende que tem de esconder a sua verdadeira identidade para simplesmente sobreviver. E ao tornar-se propriedade de um fazendeiro com fama de maltratar os seus escravos (interpretado por Michael Fassbender), o conceito de sobrevivência ganha um significado ainda mais premente… Ante uma narrativa como esta, depressa se compreende o porquê de “12 Years a Slave” não ser um filme para todos os públicos. Um pouco à imagem dos seus filmes anteriores, Steve McQueen faz questão de provocar a audiência, de a deixar incomodada com detalhes que nunca deixam o espectador em paz com aquilo que está a ver. Cânticos racistas são proferidos em voz-off durante uma missa cristã, passagens da Bíblia são utilizadas pelos fazendeiros para legitimar a escravatura e palavras como “preto” e “animal” são lançadas a torto e a direito como se de facas afiadas se tratassem. Para além disto, potentes vergastadas preenchem o ar cálido com gotículas de sangue e ferozes violações decorrem por entre as sombras da noite sem qualquer tipo de pudor. Não é de facto um filme fácil de se ver, mas é um filme grandioso a todos os níveis, desde as interpretações dos atores à direção de fotografia. Chiwetel Ejiofor e Michael Fassbender oferecem-nos prestações deslumbrantes, o primeiro comovendo-nos com a sua trágica história de vida, o segundo arrepiando-nos com a sua maldade imprevisível. “12 Years a Slave” tem sido apontado como um dos favoritos aos Óscares e agora percebe-se porquê. É uma obra portentosa e perturbadora, que decerto não deixará ninguém indiferente.


Classificação – 4 Estrelas em 5

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3 Comentários

  1. Numa frase, Steve McQueen mostra as coias como elas são. Sem rodeios e de forma directa. Quem viu as suas obras anteriores sabe que é assim. Este é sem dúvida o filme do ano! 5/5

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  2. Bom filme :) Continuem com o excelente site ;)

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  3. Como fazer uma resenha desse filme e não citar Lupita Nyongo, o CORAÇÃO do filme? Péssima crítica.

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