Crítica - Hours (2013)

Realizado por Eric Heisserer 
Com Paul Walker, Genesis Rodriguez, Judd Lormand 

A trágica morte de Paul Walker chocou o planeta, mas por muito estranho e mórbido que possa parecer acabou por ajudar “Hours” a ganhar uma ampla atenção mediática que de outra forma não teria, já que este projeto indie, protagonizado e produzido por Paul Walker, parecia condenado a nem sequer passar nas salas de cinema, no entanto, após a morte da sua principal estrela, acabou por conseguir um vantajoso acordo de distribuição limitada nas salas dos principais mercados mundiais. Embora seja um dos últimos projetos de Walker, “Hours” não deixa por isso de ser um filme medíocre que, em outras circunstâncias, teria sido ignorado pela maior parte do público durante a sua breve passagem pelo mercado de vídeo que, de certa forma, enquadra-se muito melhor nos parâmetros deste filme, cuja trama se desenrola durante o Furacão Katrina, que arrasou Nova Orleães em 2005. É durante este trágico período que Nolan Hayes chega ao Hospital de Nova Orleães com a sua mulher grávida e em trabalho de parto, mas aquele que devia ser um dos dias mais felizes da sua vida fica rapidamente fora de controlo com o trágico nascimento prematuro da sua filha e com a igualmente precoce morte da sua esposa durante o parto. As coisas ficam ainda piores para Hayes quando ele e a sua filha são esquecidos durante a evacuação do hospital e ficam presos sem qualquer ajuda ou apoio no meio do nada, algo que obrigará Nolan a tomar decisões de vida-e-morte uma após a outra para manter a sua filha viva.

   

A sua intriga começa de uma forma prometedora, mas vai perdendo força e ritmo à medida que vai avançando, não só porque os desafios do protagonista começam a ficar cada vez mais absurdos, mas também porque o filme vai perdendo a sua aura de dúvida e intensidade com que começa. É claro que os irritantes flashbacks da história romântica entre o protagonista e a sua esposa também não ajudam, porque em última análise apenas servem para ocupar tempo, já que nunca são necessários para compreender e gozar o drama de sobrevivência do protagonista, por isso todo o contexto que nos é dado é uma completa perda de tempo que acentua ainda mais as dificuldades que os criadores de “Hours” tiveram para desenvolver a trama e manter o herói ocupado. O desespero dos guionistas para ocupar tempo torna-se também evidente com a pequena artimanha da incubadora, que após algum tempo começa a pôr o protagonista a correr de um lado para o outro para assim conseguiu manter a sua filha a respirar e, simultaneamente, conseguir encontrar ajuda. É de pressupor que se os criadores tivessem arranjado mais e melhores elementos para enriquecerem a trama do filme, então toda a questão do temporizador da bateria da incubadora seria dispensada, mas a sua presença indica precisamente o oposto e isso é bem notório após os primeiros vinte minutos. A própria performance de Walker, que tem sido elogiada por muitos, parece-me também ser um pouco mediana, no entanto, tenho que admitir que foi agradável vê-lo num plano mais dramático que, de certa forma, ajudou a mostrar a sua veia mais profissional. É pena que “Hours” não seja um filme atrativo ou até emotivo, mas a sua falta de imprevisibilidade e a patente dificuldade em preencher o tempo de forma útil e cativante acaba por mandá-lo para uma justa classificação negativa. 

  Classificação – 1,5 Estrelas em 5

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