Estreia já esta semana em Portugal a primeira parte do tão aguardado e polémico thriller erótico "Ninfomaníaca"/ "Nymphomaniac", o novo esforço cheio de controvérsia de Lars Von Trier, que assim mantém o espírito desolador e sombrio de praticamente toda a sua filmografia, mas especialmente dos seus últimos dois filmes: “Antichrist” e “Melancholia”, que surgem agora como uma espécie de complemento cinematográfico deste “Ninfomaníaca", que objetivamente e subjetivamente está preso a uma linha editorial e criativa semelhante à dessas duas obras, mas com a particular diferença de ser, à primeira vista, um projeto ainda mais explícito no campo sexual e dramático que esses dois filmes que, já de si, também apostam forte nas componentes eróticas, filosóficas e humanas.
O que se pode portanto esperar de "Ninfomaníaca"? A julgar pelos trailers e clips que têm vindo a ser divulgados, esta longa-metragem irá chocar muita gente, não só porque é um filme aguerrido do ponto de vista sexual, mas também porque lida com uma amplitude de temas tabus da sociedade, como o vício por sexo, a violação, o masoquismo, a homossexualidade, a violência doméstica e, claro, o incontrolável desejo erótico. Estes temas polémicos são portanto explorados pela visão muito particular de Lars Von Trier, um realizador que, por ser tão singular e tão extravagante, só pode ter criado um grande filme ou então um grande desastre, porque será difícil "Ninfomaníaca" ser um simples meio termo. O que parece certo é que, seja pelo lado bom ou pelo lado mau, "Ninfomaníaca" não deixará ninguém indiferente e, embora esteja dividido em duas partes por simples razões logísticas, parece-me que irá atrair a atenção do público que já está, sem qualquer dúvida, preso à curiosidade com o que vai sair deste ambicioso e altamente volátil projeto que, na onda de produções igualmente polémicas como “A Serbian Film”, “The Dreamers” ou “Emmanuelle”, poderá ficar gravada, durante muitos anos, na memória do grande público.
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