Crítica - 300: Rise of an Empire (2014)

 Realizado por Noam Murro
Com Sullivan Stapleton, Eva Green, Lena Headey, Rodrigo Santoro

Não é certamente a deusa Artemísia, conhecida pela sua castidade, que Eva Green interpreta neste filme. Poderosa, enigmática e de um magnetismo sexual duríssimo, Artemísia, a quem o primeiro título pensado para a obra (300 – Battle of Artimisia) rendia homenagem, é sem dúvida a figura central deste novo capítulo de 300. Tal como na obra anterior, da qual Rise of an Empire não é nem uma prequela nem uma sequela, mas apenas outro episódio das lutas do Império Persa na Antiguidade tão minuciosamente relatadas por Heródoto, o argumento foi  retirado de uma graphic novel de Frank Miller, Xerxes. No entanto, embora se observe  modo como Xerxes ascendeu ao poder, após a morte de Dário I, tornando-se um deus, é mais da vingança da estonteante Artemísia que se trate.
Artemísia era grega mas, depois de ver toda a sua comunidade e inclusive a sua família ser chacinada por uma cidade-estado rival, e de ter sofrido as mais profundas humilhações, foi acolhida pelos persas e treinada para ser uma super guerreira. Da deusa encontramos aqui reminiscências no modo como maneja o arco que é habitualmente representado como símbolo da dita divindade. Responsável pela marinha persa, Artimisia liderará uma das batalhas das guerras médicas contra os gregos, dos quais Themistokles (Sullivan Stapleton) é a figura principal, desejando vingança pela derrota na Batalha de Maratona onde Dário perdera a vida. São dois titãs que se digladiam a todos os níveis aqui num jogo de química profundamente sexual, Artimisia, a comandante de homens dispostos a morrer para lhe obedecer, e Themistokles, disposto a tudo para salvar as cidades-estado gregas dos invasores, mesmo consciente de que não passavam de um exército de agricultores, poetas e artistas, um piscar de olho à sensibilidade do público que ao longo de todo o filme é chamado a aderir à posição dos gregos contra os persas.


Mais do que um filme de guerra naval é a um verdadeiro videojogo que parecemos assistir quando em Imax 3D vemos tão grandiosos quanto impressionantes e detalhados cenários digitais, recursos visuais de grande mestria e refinamento que usam ao limite as potencialidades do 3D, a ponto de, por vezes, sermos tentados a limpar da cara algum respigo de sangue que tenha saltado da tela. Outro dos aspectos mais convidativos do filme são o cenários e guarda-roupa tão clássicos como contemporâneos, onde abundam piercings e correntes sem cair em nenhuma loucura punk. De facto, é da riqueza asiática de um dos maiores impérios de todos os tempos, onde prevalece o negro e o ouro, que se trata por oposição à simplicidade, claridade e equilíbrio gregos.
Como comecei por fazer notar este é o filme de Eva Green.A sua grandiosidade e a força dos seus sentimentos dominam a tela, apesar da forte figura da Rainha Gorgo (Lena Headrey) que é também a narradora. De realçar também é o desempenho do seu antagonista, Sullivan Stapleton como Themistocles, cuja tensão sexual e jogo de poder com a guerreira, acabam por ser a grande força de inspiração desta.
Misto de vídeo jogo com série televisiva e épico clássico, este 300 – The Rise of an Empire é um deleite para os apreciadores do uso artístico dos meios digitais e daqueles que se interessam pelos caminhos que os grandes filmes de cinema comercial contemporâneo vão trilhando. 300 – The Rise of an Empire é seguramente um blockbuster mas é um óptimo blockbuster, pecando, talvez a meu ver pela desnecessária promessa de um final mais ou menos feliz.
Classificação - 4,5 Estrelas em 5

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5 Comentários

  1. Pelo trailer, este filme parece uma sequela. Pode não ser uma sequela directa, mas pelo menos superficial parece ser. Ainda não vi o filme, logo, posso estar redondamente enganado...se estiver caso quem me enganou foi o trailer.

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  2. Apesar de ser fã do 300 original, minha avaliação do Rise of an Empire foi bem diferente da sua.
    Se tiver interesse, minha crítica é essa: http://exercine.blogspot.com/2014/03/300-ascensao-de-um-imperio.html

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  3. O filme se chamava 300 pq foram 300 spartanos defender as termofilas sei la o nome do lugar, agora me vem 300 acenção de um imperio, fugindo completamente da originalidade, eu gostava muito da história dos espartanos, parece o filme se passa antes dos persas chegarem em sparta

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  4. Sequela pq 300 o titulo era baseado nos 300 spartanos que foram defender as termofilas e teria q ser mudado no rise of empire. Eu particularmente gostava muito da história dos spartanos, me identificava muito, agora o filme mesmo sendo uma superprodução bem feita foge da originalidade e tem muitas chances de eu achar uma sequela

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  5. Curioso as críticas a essa sequência de 300 possuem os mesmos ingredientes: a comparação com o primeiro filme.

    Contudo, atenção

    1-É preciso ler história e saber que houve 4 grandes batalhas nesse contexto todo: (1) Termópilas; (2) Artemísia; (3) Samamina e (4) Platéia. Essa sequência retrada a 2 e o começo da 3;

    2-Esperar que os gregos e comportassem como os espartanos é não ter conhecimento básico e não saber a diferença entre as duas cidades, seus costumes e tudo mais. Esparta era uma cidade militar, Athenas não. Chega a ser ridículo as pessoas ficarem procurando um segundo Leônidas nesse filme. E como não encontram ficam decepcionadas;

    3-O filme mostra homens comuns, vendedores, artesãos, pescadores, músicos, etc... (não guerreiros ou militares treinados) indo a uma guerra sem terem técnica apurada ou organização em combate como os espartanos. E sim, lutam como podem;

    4-300 - a ascensão de um império é um ótimo filme. Provavelemente já existe a continuação que seria o final da batalha de Salamina e a última batalha onde Xerxes e derrotado de vez : Platéia (onde lutam espartanos, gregos e diversos homens, guerreiros teinados ou não contra o gigantesco exército de Xerxes.

    5- Um ponto positivo é que o diretor conseguiu passar de forma clara que as batalhas de Artemísia e Termópilas se deram simultaneamente.

    Sim, vale a pena.

    E nem todo lider é, ou quer ser, um Leônidas. No caso do general grego Themistokles, ele faz o melhor que pode com o que tinha a disposição, e no geral se saiu bem.

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