Crítica - Centurion (2010)

Realizado por Neil Marshall
Com Michael Fassbender, Olga Kurylenko, Noel Clarke

Estreado em 2010 nos Estados Unidos da América, mas só lançado em 2014 em Portugal, “Centurion” está longe de ser um daqueles filmes cujo lançamento nas salas de cinema seria imprescindível, porque embora possa apelar aos apreciadores de filmes de sobrevivência com uma certo toque de violência bélica, não se pode de todo dizer que seja um projeto ideal e cativante para o grande público, apesar de poder satisfazer quem procura um filme de guerras antigas com várias sequências de combate, perseguição e morte. E ponho isto nestes termos porque a sua trama se passa na Inglaterra durante os primeiros anos da Era Cristã, onde seguimos Quintus (Michael Fassbender), o único sobrevivente de um ataque selvagem contra uma fortificação romana perto de uma zona fronteiriça, que decide alistar-se na IX Legião do General Virilus (Dominic West) e juntar-se assim à missão de exterminar as terríveis tribos conhecidas apenas como Pictos. O problema é que os seus objetivos pessoais complicam-se drasticamente quando a própria Legião IX sofre um ataque surpresa por parte dos Pictos e Virilus é capturado, obrigando assim Quintus e os poucos soldados que restam a lutar pela sobrevivência em campo inimigo enquanto procuram salvar o seu general, escapar ao inimigo, à tortura e à morte certa.


É provável que o grande público já tenha ouvido falar de Neil Marshal graças aos seus dois elogiados filmes de terror: “The Descent”(2005) e “The Descent 2”(2009), que naturalmente pertencem a um género completamente diferente deste seu projeto mais comercial, que apesar de ser menos aguerrido do ponto de vista da violência explicita e de ter outros objetivos temáticos mais próximos ao drama, apresenta ainda assim algumas semelhanças com esses dois exemplos do bom cinema de terror, porque  favorece também o espírito da temática da sobrevivência humana, já que a sua história foca grande parte do seu tempo na luta que um pequeno número de soldados romanos travam para sobreviverem às investidas de uma tribo selvagem, ao mesmo tempo que tentam encontrar uma forma de resgatarem o seu destemido general. Esta sua corajosa luta pela sobrevivência é ilustrada por várias sequências de batalha e conflito que evidenciam a temática bélica desta produção, que apesar de não ser de todo desajeitada e desajustada dentro do género, não apresenta um argumento assim tão forte do ponto de vista da coerência e da construção narrativa, já que todas as personagens e todo o rumo da sua viagem de sobrevivência aparentam um vazio enorme de substância e clareza, que dificultam a nossa ligação à base do filme. O que vale a “Centurion” é que, por vezes, aparecem várias sequências que nos acordam com a sua energia, mas estas pouco servem para dar algum corpo ao guião, que no fundo padece de uma crónica falta de direção, que se limita apenas à luta pela sobrevivência dos protagonistas, que embora sejam interpretados por atores competentes, como Michael Fassbender, não têm propriamente um papel decisivo no valor deste projeto que, afinal de contas, poderia muito bem não ter estreado nas salas de cinema do nosso país, especialmente quando já se passaram quase quatro anos desde a sua estreia norte-americana.

Classificação – 2 Estrelas em 5

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