Realizado por Rayan Coogler
Com Michael B. Jordan, Melonie Diaz, Octavia Spencer
O grande mérito deste filme é, a
meu ver, o facto de relatar uma historia verídica e de um tal dramatismo que não
pode deixar de nos tocar o coração. Não há heróis, Michael B. Jordan encarna na
perfeição um muito humano Oscar Grant, cheio de contradições psicológicas como
é natural num ser humano, agravadas pelo meio classe media baixa suburbana onde
está inserido.
Oscar tem uma filha, como ele
lembrará no final, e uma namorada que
adora mas a quem tem algumas dificuldades em ser fiel, e um família. É um
miúdo-homem que tenta ser decente. Divertido, problemático e popular, acaba por
rapidamente conquistar o público com a sua vida trapalhona mas plausível e
compreensível. Esta adesão à personagem segue-se ao espectador começar por
assistir ao desenlace da narrativa, através de uma das muitas câmaras de
telemóvel que filmaram o ocorrido. Lentamente acompanhamos as suas últimas
horas sem perceber como pode ter acontecido o que aconteceu. E será esse o sentimento
que nos acompanhará quando saímos da sala e possivelmente foi essa a intenção de
todo o filme, como foi possível isto acontecer e como é possível que não se
faça justiça?
Não há respostas nem são
sugeridas. Fica denúncia ao mundo de um
caso de violência policial de índole racista nos nossos tempos e numa sociedade
dita civilizada como a norte-americana. O excelente desempenho de Jordan é bem sustentado
por um série de personagens secundárias, como a namorada, a mãe, os amigos, que
não extravasam os limites do verosímil nem ofuscam o protagonista. Todos eles
são perfeitamente humanos e credíveis e aí reside toda a sua força, são pessoas
em que acreditamos e até gostaríamos de conhecer. A história essa já era
desnecessária. O cinema ao serviço da denúncia social e a minar por dentro, ou
talvez não, o tão exportada democracia americana.
Classificação - 4 Estrelas em 5
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