Crítica - Las Brujas de Zugarramurdi (2013)

Realizado por Álex De La Iglesia 
Com Javier Botet, Mario Casas, Santiago Segura 
Género - Terror 

Sinopse - Dois desempregados (Mario Casas e Hugo Silva) cometem um assalto à mão armada após o qual são perseguidos pela polícia e pela ex-mulher de um deles. Durante a sua fuga tresloucada, embrenham-se nos impenetráveis bosques de Navarra, caindo nas garras de uma horda de mulheres loucas que se alimentam de carne humana.


Crítica – Vencedor de oito Prémios Goya, os Óscares de Espanha, “Las Brujas de Zugarramurdi” é claramente e destacadamente um dos mais divertidos filmes espanhóis e até europeus de 2013. É claro que nos Prémios Goya, “Las Brujas de Zugarramurdi” só conseguiu triunfar nas categorias técnicas, como Melhores Efeitos Visuais, Melhor Caracterização ou Melhor Edição, mas isto só prova o reforço técnico de luxo que assenta nos pilares deste projeto de Alex de la Iglesia, que como se facilmente presume pela sua sinopse, é uma singular comédia de terror sem grandes momentos gore, mas com muita diversão à mistura e, claro, um guião simples mas cheio de boa disposição que entreterá facilmente o público. 
É claro que o seu guião apresenta algumas lacunas e falhas de contexto que nunca são devidamente contextualizadas, mas é claro que um filme com um espirito tão extravagante, absurdo e exagerado como “Las Brujas de Zugarramurdi” não poderia nunca pautar o seu desenvolvimento pela lógica e pela organização na hora de explorar uma trama mirabolante, que realmente faz justiça ao estilo do género fantástico, já que mistura, com muito exagero pelo meio, as particularidades do mundo sobrenatural com várias exposições de lendas urbanas e referências culturais. No fundo, “Las Brujas de Zugarramurdi” não é um filme para ser levado muito a sério, mas sim uma obra para ser apreciada de mente muito aberta, porque só assim é que poderemos ignorar livremente os múltiplos erros e falhas da sua narrativa, e apreciar sem preconceitos a sua intriga mirabolante com muitas piadas curiosas e sequências constrangedoras pelo meio. 
É claro que os espetadores mais exigentes vão sentir falta de algumas explicações e de mais profundidade na hora de explicar, por exemplo, que lógica é que tem o plano das bruxas, ou como é que certas personagens passam praticamente de um momento para outro a ser boazinhas ou mazinhas, mas o espírito de fantasia e comédia de “Las Brujas de Zugarramurdi” acaba por o destacar apenas e só como um daqueles projetos sem grande sentido, mas que conseguirão chegar ao coração dos apreciadores deste género, porque está muito bem filmado e parte de uma ideia muito boa. É claro que, como se prova pela carrada de prémios técnicos que recebeu, este projeto deve muito do seu brilho e fama à sua componente visual que, devo confessar, para um filme não-americano apresenta um nível visual e técnico verdadeiramente impressionante. Ao longo do filme existem várias sequências que mostram a grande qualidade técnica deste projeto, que para além de ter cenários muito bem construídos e de apostar em caracterizações de personagens verdadeiramente mirabolantes e interessantes, conta também com uma fotografia muito exuberante e com uma componente visual de elevada qualidade, como se comprova alias por certas sequências que parecem saídas de uma grande produção hollywoodiana, como a sequência inicial da perseguição automóvel ou a sequência final onde as forças do bem e do mal entram em conflito com um enorme monstro à mistura. 
A sua história pode portanto não estar muito bem montada, mas “Las Brujas de Zugarramurdi” compensa esta lacuna possivelmente problemática com uma direção muito boa e com uma vertente técnica de luxo, bem como com um elenco muito interessante. Os protagonistas Hugo Silva e Mario Casas, duas estrelas emergentes do cinema espanhol, têm duas performances muito divertidas que dão vida às suas respetivas personagens, mas também tenho que destacar a explosiva Carolina Bang, que tem todo o potencial para se destacar como uma das novas e belas caras femininas do cinema espanhol. E claro também há que dar uma palavra de apreço à experiente Terele Pávez, que até venceu o Goya de Melhor Atriz Secundária. Em suma, “Las Brujas de Zugarramurdi” não é um filme com muito sentido mas é divertido e está muito bem feito. Para mim foi um dos melhores filmes do FantasPorto 2014.

Classificação - 3,5 Estrelas em 5

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