Pérolas Indie - The Broken Circle Breakdown (2013)

Realizado pelo Felix Van Groeningen
Com Bert Huysentruyt, Geert Van Rampelberg, Veerle Baetens 
Género - Drama

Sinopse - O filme conta a história de amor entre Elise e Didier. Ela tem a sua própria loja de tatuagens, ele toca banjo numa banda. É amor à primeira vista apesar das grandes diferenças. Ele fala, ela escuta. Ele é um ateu convicto, embora, ao mesmo tempo, um ingénuo romântico. Ela tem uma cruz tatuada no pescoço, mas os pés bem assentes na terra. A sua felicidade completa-se com o nascimento de Maybelle. Infelizmente, Maybelle, aos seis anos de idade, adoece gravemente. Didier e Elise reagem de forma muito diferente mas Maybelle não lhes irá deixar escolha. Didier e Elise terão que lutar juntos por ela. Será possível sentir o mesmo sendo tão diferente? Ou, o amor, mesmo quando forte e intenso, pode desiludir quando mais dele se precisa?

Crítica - Se calhar não sabe, mas Portugal foi um dos primeiros países a acolher e a reconhecer o brilhantismo de “The Broken Circle Breakdown”, já que em Junho de 2013, este belo drama de Felix van Groeningen foi exibido no clássico festival Festroia em Setúbal, onde acabou por vencer o Golfinho de Ouro de Melhor Filme. É claro que na altura, “The Broken Circle Breakdown” passou um pouco ao lado de todos nós, mas a verdade é que foi praticamente desde o Festroia que este filme começou a conquistar espetadores e críticas positivas que, apenas uns meses mais tarde, foram acompanhadas por um boom mediático em praticamente toda a Europa e América. A sua nomeação final ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro (Língua Não-Inglesa) e o seu brilharete nos Prémios LUX e nos European Film Awards ajudaram a confirmar o que já se sabia deste projeto que, na primeira parte do ano, conseguiu conquistar muitos elogios no Festival de Berlim e no Festroia. E o que já se sabia é que “The Broken Circle Breakdown” é um grande filme, com uma componente dramática e emotiva altamente contagiante e penetrante que dilacera facilmente a mente e as emoções dos espetadores.
A sua história de amor e morte é fenomenal, no entanto, convém avisar já que “The Broken Circle Breakdown” é um melodrama claro e sem hesitações, sendo certo que nunca tenta esconder ou disfarçar que é um filme forte e denso que não é nada fácil de assimilar. A sua trama assenta num drama forte e dilacerante que puxa claramente pelo lado mais intimo das nossas emoções e pela base da nossa humanidade, mas atenção, “The Broken Circle Breakdown” não é um melodrama barato. É um filme semelhante ao maravilhoso “Camino” (2008), de Javier Fesser, sem os óbvios temas eclesiásticos e cristãos, mas com o mesmo nível de sensibilidade e tristeza humana. É um filme mais maduro e sério que “Camino”, mas também usa e abusa sem consternação do tema do cancro infantil e de uma luta destemida com um final intenso e devastadoramente belo. É também um filme romântico. No meio do seu drama humano, “The Broken Circle Breakdown” tem uma história de amor forte e consolidada, cujo contexto é nos dado por flashbacks muito bem montados e nada confusos que se intercalam muitíssimo bem com o drama familiar e humano que o filme retrata no presente, e que se destaca facilmente como o epicentro emotivo e melodramático deste belo projeto, cujos soberbos aspetos técnicos ajudam também a incutir uma majestosidade extra à sua poderosa narrativa, que é então valorizada por uma direção muito talentosa e balançada de Felix van Groeningen, e por um banda sonora assustadoramente emotiva e dolorosa da autoria de Bjorn Eriksson.
E o que dizer do elenco? A surpreendente Veerle Baetens tem uma performance maravilhosa, que só a poderá colocar na rota de projetos maiores e mais mediáticos que poderão dar-lhe a fama que realmente parece merecer, já que em “The Broken Circle Breakdown” tem um trabalho notável e emotivo que salta à vista de todos. O seu companheiro de protagonismo, Johan Heldenbergh, também apresenta um bom nível, mas acaba por ter apenas o terceiro melhor desempenho do filme, já que o outro papel de relevo pertence à muito jovem Nell Cattrysse, que ilustra bem o sofrimento da sua adorável personagem que irá roubar o coração a todos que vejam este belo melodrama belga, que é provavelmente um dos filmes mais humanos e emotivos de 2013.

Crítica - 4,5 Estrelas em 5

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