Crítica - The Amazing Spider-Man 2 (2014)

Realizado por Marc Webb
Com Emma Stone, Jamie Foxx, Shailene Woodley e Andrew Garfield 

As aventuras do Homem-Aranha nos cinemas sempre tiveram uma boa dose de entretenimento, moralismo e realismo que, de certa forma, ajudaram a aproximar esses filmes a um elevado parâmetro de seriedade que, por ventura, consegue apenas ser superado pela trilogia “Batman” dirigida por Christopher Nolan. É certo que a última entrega da trilogia realizada por Sam Raimi, “Spider-Man 3” (2007), deixou um pouco a desejar no capítulo da seriedade, tendo ficado um pouco mais próximo dos parâmetros de leviandade e ação dos projetos da Marvel Pictures, como “Iron Man", do que outro qualquer filme da saga “Spider-Man”, mas com o aclamado reboot “The Amazing Spider-Man”, as aventuras do Homem-Aranha voltaram a ter uma reconfortante dose de realismo e moralidade que, juntamente com uma sempre cativante dose de entretenimento referente a eletrizantes sequências de ação e aventura, conseguiram colocar, novamente, a saga “Spider-Man” junto dos projetos mais adultos, objetivos e realistas referentes a aventuras de heróis, ao lado de projetos como “X-Men: First Class” (2011) ou “The Dark Knight” (2008).
Era portanto de esperar que esta sua continuação mantivesse os parâmetros estabelecidos pelo filme anterior, quer a um nível moral e narrativo, quer a um nível de ação e aventura, mas para minha surpresa, e porventura para surpresa de muitos fãs da saga, “The Amazing Spider-Man 2” apresenta um argumento com uma inesperada superficialidade e com uma impressionante falta de objetividade dos seus protagonistas. É desta forma que, nesta segunda entrega, o jovem Peter Parker/ Spider-Man aparece menos maduro que na entrega anterior, notando-se uma clara evolução negativa na sua personalidade, já que, de um momento para o outro, Peter Parker passa inexplicavelmente de um herói com responsabilidades e cheio de mágoa por tudo o que aconteceu a pessoas próximas de si, a um herói com comportamentos juvenis, que adora o reconhecimento público e que, enquanto está algo de mau a acontecer perto de si, arranja sempre tempo para fazer umas piadas, fazer alguns telefonemas ou até perder tempo a brincar com os vilões.  E convém não esquecer que, nesta sua nova aventura, Peter Parker nunca recupera as lições deixadas pelo seu Tio Ben, pouco se preocupa com a sua Tia May, parece esquecer, durante grande parte do filme, que há um grande mistério em redor da morte dos seus pais e, talvez mais grave que tudo isso, parece ter decidido, por causa de aparentes assombrações mentais, esfriar um pouco a sua relação romântica e melancólica com a Gwen Stacy, no entanto, durante todo o filme, os avanços e recuos desta decisão acabam por ser tão irritantes e stressantes como a própria relação em si, que não acrescenta nada, nesta entrega, à história e à vida de Peter Parker. 


Embora o Homem-Aranha de “The Amazing Spider-Man 2” seja mais infantil e imaturo que aquilo que se esperava, nada nos poderia preparar para as surpreendentes fraquezas dos três vilões desta entrega: Electro, Green Goblin e Rhino. Este último raramente aparece, mas avizinha-se que, em entregas ou spin-offs futuras, vá ser uma parte importante da saga, algo que é preocupante, já que o que nos é mostrado aqui não é nada positivo, mas pior é mesmo o vilão central do filme, o eletrizante Electro. Esta personagem não é nada apelativa, muito pelo contrário, até é bastante quixotesca. Os seus poderes são impressionantes, sem dúvida, mas nunca são capitalizados da forma mais proveitosa, mas tal falha é parca em comparação com a construção da sua personalidade, que é bastante fraca e humilhante para um antagonista sério e forte do Homem-Aranha. O mesmo pode ser dito do novo Green Goblin, que é uma sombra do Green Goblin interpretado por James Franco em “Spider-Man 3”, e sobretudo do Green Goblin que foi interpretado por Willem Dafoe em “Spider-Man” (2002), que permanece até hoje como uma das melhores interpretações e representações de um vilão do universo da Marvel Pictures no cinema, talvez a par do icónico Magneto, que tão bem tem sido interpretado e representado por  Ian McKellen e Michael Fassbender nos filmes “X-Men”.
As personagens de “The Amazing Spider-Man 2” podem ter uma construção fraca, mas a própria construção do guião é em si muito fraca. A presença de dois inimigos fortes nunca é capitalizada com inteligência, já que o filme nunca contrabalança nem rentabiliza devidamente a influência e força que estes vilões poderiam ter no seio da aventura do Homem-Aranha. Tal como já expliquei, as suas personalidades são bastante frágeis, tal como as suas origens e a forma pouco séria e dramática como se apresentam na vida de Peter Parker, então a história individual de Electro é absolutamente ridícula. É claro que falhando esta base e o seu contexto mais maléfico, “The Amazing Spider-Man 2” fica apenas refém de uma série de moralidades vazias, que se focam nos dilemas extenuantes que prendem Peter à sua relação com Gwen Stacy, ou que o levam a investigar a trágica morte dos seus pais e os segredos que dela resultam, mas só após se lembrar dos seus traumas de infância. No final, Peter Parker enfrenta outro dilema dramático e este sim, bastante forte, mas tal evento sombrio e catastrófico só dura uns meros minutos e acaba com um clássico cliché, que até já se previa desde a parte introdutória do filme.


Enfim, “The Amazing Spider-Man 2” até oferece ao público duas ou três sequências de ação bem montadas, mas nenhuma delas é extraordinária ou fantástica, aliás, todas são bastante normais. A sequência final tem um certo impacto moral, mas pouco entusiasma, tal como a sequência onde o Homem-Aranha enfrenta o Electro pela primeira vez. Estas são as duas únicas sequências de ação de relevo do filme, já que as outras não têm grande impacto, e por vezes são mesmo estragadas pelas parvoíces perpetradas pelos protagonistas. O que convém de facto salientar é que Marc Webb incutiu um competente estilo visual a esta sequela, mantendo sim o que já tinha feito na entrega anterior. Os efeitos computorizados são bem poderosos, mas acabam por não ser utilizados como mereciam ser utilizados em várias sequências, nomeadamente na grande cena final. E por fim falo do elenco, onde ninguém se destaca pela positiva, quer se dizer, Andrew Garfield  continua competente na pele de Peter Parker, mas não nos consegue maravilhar tanto, tal como Emma Stone, que nesta sequela passa completamente ao lado de todos nós graças a uma presença mais frouxa da sua Gwen Stacy. Jamie Foxx e Dane DeHaan, que interpretam respetivamente o Electro e o Green Goblin, também pouco fazem de positivo pelo filme, especialmente Jamie Foxx, que muito por culpa da pobre construção da sua personagem, pouco conseguiu dar ao seu papel.
É com grande pena que digo que “The Amazing Spider-Man 2” seguiu um caminho demasiado superficial, que o aproxima mais de “Spider-Man 3” que “The Amazing Spider-Man”. Este caminho é perigoso, porque poderá transformar toda a saga num espetáculo igual a tantos outros blockbusters de igual formato, ou seja, o elemento diferenciador que sempre marcou os filmes do Homem-Aranha poderá estar a desaparecer e, quem sabe, se daqui a alguns anos as suas entregas não perderão tudo aquilo que tornou os seus antecessores em projetos bem especiais. É claro que nem tudo é mau, porque o filme entretém dentro do possível, mas se continuar por este caminho, a saga “The Amazing Spider-Man” poderá entrar na tão temida estupidificação do franchise.

Classificação - 2,5 Estrelas em 5

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11 Comentários

  1. Gostei muito da crítica!
    O Filme é carregado de efeitos visuais que não empolgam,
    e a história e a motivação dos vilões chega a ser ridícula!

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  2. Pra quem curti as hq dos anos 90 e 2000, sabe que foi mais fiel a. Elas, por isso curti bastante, principalmente apesar dos problemas o spider faz piada pra desconcentrar os vilões.

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  3. o filme foi bom mais eu e muita gente gostaria que a personagem de Emma stone nao tivessi sido morta nos HQ

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  4. O filme foi dez. Claro o electron teve um início meio fora do comum. Mais é assim que o homem aranha. Mais real. Mostra que nao sao vilões por querer. O mundo os transformou nisso. Diferente de um cara que teve os pais mortos quand criança e por isso luta contra o crime e fica se amargurando . E o pior nao possui habilidades especiais. Mais ganha de todo mundo. Kkkk. É melhor enfrentar o Galactus do que ele. Kkk..o homem é mais real..o mais próximo da realidade. Pois ele sempre sacrifica e nunca tem reconhecimento.

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  5. cara eu acho o filme bom demais e sua critica foi uma merda me desculpe mas reveja seus conceitos!agradou muitos fãs

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  6. o aranha sempre fez piadinhas, o filme é espetacular! quem fez a critica não assistiu o filme.

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  7. Filme bom com muito real .. Mais a morte da Gwen a atriz (Emma stone) deixo a desejar ..ela dava força para o homem aranha .. Tinha tudo a ver ela fazer parte do filme e continuar nele ... E uma boa atriz alem disso ... Poderia ser diferente aos guadrinhos ... Acabou com o filme... Triste

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  8. Filme bom com muito real .. Mais a morte da Gwen a atriz (Emma stone) deixo a desejar ..ela dava força para o homem aranha .. Tinha tudo a ver ela fazer parte do filme e continuar nele ... E uma boa atriz alem disso ... Poderia ser diferente aos guadrinhos ... Acabou com o filme... Triste

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    Respostas
    1. Com certeza a morte dela foi algo que nao devia ter acontecido,e do jeito que ele tinha as alucinações e se sentia culpado , o personagem depois da morte dela era nem pra voltar era pra deixar o filme acabar "meio" que por ali e voltar só no 3 . Ainda com a força que ela apoiava ele , o enredo foi fraco e da forma que foi apresentado ela tinha que morrer pq ela ia pra Inglaterra e ele queria seguir ela e spider man só é NY .

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  9. O filme para mim foi bom principalmente os efeitos especiais que foram bem montados e as músicas usadas foram bem escolhidas incríveis. Mais as intenções dos vilões talvez precisavam de mais lapidação e desenvolvimento e o ponto mais emotivo do filme foi a morte da Gwen Stacy que para mim tirou a alma da franquia

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