Será complicado descobrir alguém no planeta, independentemente da sua religião, que já não tenha, pelo menos, ouvido falar na espetacular história da Arca de Noé, que permanece até aos dias de hoje como uma das lendas bíblicas mais populares do Velho Testamento. Esta história, que vem descrita no Génesis, o primeiro livro quer da Bíblia Hebraica, quer da Bíblia Cristã, revela que, várias gerações após o aparecimento de Adão e Eva, Deus decidiu destruir o mundo por causa da crescente perversidade humana, mas antes de avançar com a planeada onda de destruição, Deus decidiu avisar Noé, o único homem justo da Terra, e mandou-lhe construir uma grande arca para salvar a sua família e os representantes de todos os animais e aves do planeta de um grande diluvio que iria purificar a Terra de todos os seus males. O dilúvio chegou e durou quarenta dias e quarenta noites, ao fim dos quais Deus interrompeu-o, fazendo as águas recuarem e as terras secarem, permitindo assim a Noé e à sua família recomeçarem de novo a sociedade humana.
Esta história, que também é retratada em outros moldes pelo Alcorão, o Livro do Islamismo, sobreviveu aos séculos e, ainda hoje, é uma das lendas mais exploradas pelas religiões cristãs e judaicas, sendo utilizada pelos seus fieis como um alerta para os perigos e consequências da perversidade humana, que por força da impetuosidade do Homem continua a fazer parte da nossa sociedade que, assim sendo, poderá ser novamente varrida do Planeta a qualquer momento pela fúria de Deus, o Criador da Terra e do Universo. A popularidade desta história deve-se, em grande parte, à sua perversidade e espectacularidade, mas também à sua utilidade para relembrar e ilustrar as falhas morais da Humanidade, servindo assim como um importante aviso alegórico, quer para as gerações futuras, quer para as gerações atuais, das consequências que certos comportamentos da Humanidade poderão ter na Terra. É claro que a história da Arca de Noé, tal como outras histórias religiosas, não tem qualquer fundamento verídico ou científico comprovado, servindo por isso apenas como um alerta moral para todos, bem como um teste para a crença de cada individuo.
É claro que, independentemente da religião de cada um, é complicado negar o poder desta lenda, que agora foi adaptada ao cinema pelo visionário realizador Darren Aronofsky, que pegou num orçamento de cento e vinte milhões de dólares para contar, com o máximo de esplendor visual possível, esta portentosa história que mostra, em simultâneo, os defeitos e virtudes da raça humana, sem esquecer como é óbvio a influência do divino e do misterioso. É óbvio que os mais religiosos vão-se sentir mais próximos deste mega projeto cinematográfico, mas mesmo para os não crentes, "Noé" apresenta uma história espetacular e apocalíptica, ilustrada por uma forte componente visual, com potencial para entreter e, quem sabe, emocionar o grande público, que tanto pode ver "Noé" como um exercício religioso, ou como apenas mais um projeto comercial baseado numa história apocalíptica.
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