Crítica - Fading Gigolo (2014)

Realizado por John Turturro 
Com John Turturro, Woody Allen, Liev Schreiber 

É algo raro vermos Woody Allen a trabalhar como ator num filme onde não aparece também creditado como realizador, aliás antes deste "Fading Gigolo" só teve papéis relevantes em pouco mais de uma dezena de produções de ficção, incluindo os clássicos "What's New Pussycat?" (1965) ou "Play It Again, Sam" (1972), sendo que este último foi escrito pelo próprio Allen. É certo que a mera presença de Allen no elenco de um filme de outro realizador não significa, por si só, que o projeto tem qualidade, aliás convém reforçar que boa parte dos filmes que Allen protagonizou mas não realizou foram mal recebidos pelo público e também pela imprensa. "Fading Gigolo" acaba por não se destacar como uma excepção a esta tímida regra, sendo também um projeto que roça bastante o medianismo. Neste caso particular, estamos perante uma comédia algo vulgar que utiliza com demasiada liberdade o humor sexual para motivar e mover uma história sem um particular valor ou diversão, que apenas aproveita-se da química mágica que deriva das performances inspiradas de Woody Allen e John Turturro para conquistar alguns risos e tração junto do espetador.
Neste projeto, Allen e Turturro interpretam, respetivamente, Murray e Fioravante, dois bons e velhos amigos que, de um momento para o outro, entram no complexo ramo da prostituição masculina, que aqui é retratado de uma forma demasiado leviana e até humilhante, que nos faz recordar uma comédia ainda pior que esta, falo claro está de "Deuce Bigalow: Male Gigolo" (1999) e, já agora, da sua igualmente horrível continuação "Deuce Bigalow: European Gigolo" (2005). A extravagante e simplista aventura destes duo, por um mundo que aqui não é devidamente representado, começa portanto quando Murray, após cruzar-se com a sua dermatologista, descobre que esta está à procura de um homem para participar num ménage à trois juntamente com a sua amiga. A passar por dificuldades financeiras graças ao recente encerramento da sua livraria, Murray reconhece um certo potencial financeiro nesta proposta indecente e decide convencer o seu libertino amigo Fioravante a fechar este negócio cheio de prazer. O inicialmente hesitante Fioravante, que também precisa do dinheiro, acaba por aceitar a proposta e começa assim uma viagem sem grande piada e muitas questões mal resolvidas por um mundo demasiado artificial, que eventualmente o leva a chegar às já esperadas considerações morais e, como é óbvio, a encontrar o amor no sítio mais inesperado de sempre junto de uma pessoa extremamente complicada.

   

Tal como "Deuce Bigalow: Male Gigolo", "Fading Gigolo" não chega a entrar a sério e de forma direta na componente sexual da prostituição, já que no final Fioravante acaba por nada fazer, mas ainda chega a ter um par de encontros contidos e castos com uma mulher tímida. Estes pequenos encontros dão eventualmente azo a uma vertente romântica que começa e acaba mal, dando pelo meio origem a uma história intermédia que está isenta de eficácia ou motivação. É verdade que a questão da prostituição é utilizada como uma espécie de cenário extravagante que serve de mote para a intriga cómica, mas mesmo assim é algo ridículo e insultuoso criar qualquer tipo de história humorística com base num assunto tão sério como a prostituição provocado pela falta de posses financeiras. A relativização da componente sexual não compensa nem justifica a presença do tema para alimentar a base de uma intriga semi cómica e romântica, mas embora este cenário não ajude a credibilizar este projeto, não é a principal causa da sua qualidade mediana, já que o que realmente fere de morte esta comédia romântica é a ausência de piadas que façam rir e uma intriga romântica que desperte a atenção do espetador. E tais coisas não aparecem durante todo o filme. É certo que, pelo meio, lá aparece uma piada com mais piada que as restantes, mas acaba tudo por se perder na vulgaridade de uma história sem sentido que nem sequer chega a puxar por nós, e que se aproveita apenas da peculiaridade dos seus dois protagonistas para ter um certo sucesso. Neste sentido, Turturro resulta melhor como ator. A sua prestação com diretor é muito fraquinha, sendo responsável por muitas más decisões que também acabam por não puxar o público para dentro desta obra que, ao estar isenta de humor e diversão, acaba apenas por focar toda a nossa atenção uma trama pseudo romântica e bastante seca sem muito sumo humano ou amoroso.

Classificação - 2 Estrelas em 5

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