Realizado por Steven
Knight
Com Tom Hardy, Olivia Colman, Ruth Wilson
Com Tom Hardy, Olivia Colman, Ruth Wilson
Ivan Locke (Tom Hardy
num registo de afirmação enquanto ator para ser levado muito a sério nos
próximos tempos) pica o ponto de saída do emprego numa noite como tantas outras
e enfia-se no carro para ir para casa, onde a família o aguarda com ansiedade
para assistir a um jogo de futebol especial. No entanto, a meio da viagem,
Locke decide mudar de rumo e partir para bem longe, iniciando uma viagem de
várias horas até Londres. No decurso dessa longa viagem, uma série de
telefonemas altera a vida de Locke para sempre, aproximando-a cada vez mais do
abismo à medida que o local de destino se vai aproximando. Esta sinopse dá de
imediato a entender que “Locke” é um filme diferente. Só há um cenário (o
interior do carro) e só Hardy dá a cara para as câmaras (o restante elenco tem
uma presença meramente vocal). Depressa entendemos que se trata de um projeto
arriscado, mas também ambicioso e muito intrigante. Alguns poderão pensar que
se trata de um filme aborrecido, que se resume a Hardy a falar ao telefone. Mas
“Locke” é muito mais do que isso, afirmando-se como um drama e um thriller
psicológico por excelência. Não há explosões nem perseguições de carros. Mas a
tensão psicológica atinge um nível de tal ordem que nos sentimos com a
adrenalina em alta durante toda a viagem. Uma coisa é certa: numa altura em que
as fórmulas pré-fabricadas dos grandes estúdios dominam o cinema comercial
(tornando os filmes cada vez mais previsíveis e monótonos), obras como “Locke”
são uma lufada de ar fresco para a indústria, comprovando que ainda há espaço
(felizmente!) para histórias diferentes, originais e arrojadas.
Há um sentimento de
queda no abismo que trespassa toda a película, o que apenas intensifica o
interesse do espectador. De certa forma, assistir a este filme é como assistir
à queda de um homem nos infernos, já que a sua vida se desmorona a cada minuto
que passa e tudo aquilo que o rodeia vai adquirindo contornos de um negrume
abominável. Aqui ou ali, há pitadas de esperança que Steven Knight tem a
bondade de oferecer à audiência, quais luzes opacas ao fundo do mais profundo e
abafado dos túneis. Porém, na maior parte do tempo, “Locke” só tem um sentido:
o descendente, o da queda no lodo cada vez mais viscoso, colocando o
protagonista em maus lençóis e prendendo a atenção dos mirones sentados na sala
de cinema. Fazer com que um filme destes funcione é obra. Afinal de contas, não
é fácil manter um ritmo constantemente elevado numa obra que jamais abandona o
interior de um automóvel e que não mostra nenhuma personagem além de Ivan
Locke. Assim sendo, temos que dar os parabéns a Knight pelo espetáculo de
minimalismo a que ele nos sujeita durante hora e meia, sem nunca nos aborrecer
ou nos fazer olhar para o relógio. Claro está que Tom Hardy merece também
receber uma boa porção dos louros, já que é ele que carrega com o filme às
costas e já que o faz de forma exímia. Depois de Eames em “Inception” e de Bane
em “The Dark Knight Rises”, Hardy mostra aqui uma outra faceta enquanto ator. Não
só consegue segurar um filme que ruiria a um mínimo descuido seu, como o faz
aparentemente sem grande esforço, com uma naturalidade incrível. Por tudo isto
e por muito mais, “Locke” merece um visionamento atento por parte de todos. Não
é propriamente um candidato a melhor filme do ano, mas é um dos exercícios
cinematográficos mais interessantes e apelativos dos últimos anos.
Classificação – 3,5 Estrelas em 5
8 Comentários
Boa crítica. Parabéns!
ResponderEliminarvc não viu o filme né?
EliminarGrande Filme, boa critica...
ResponderEliminarMuito bom. O filme!!! Adorei!
ResponderEliminarBoa crítica, grande filme, só não acho a nota coerente com o texto e os elogios. 3,5/5, semelhante a um 7/10, seus elogios fazem-me pensar que do seu ponto de vista uma nota mínima seria um 8/10, ou 4/5.
ResponderEliminarFilme horrível, podia ser muito melhor!
ResponderEliminarNunca assisti um filme tão péssimo na minha vida.
ResponderEliminarNunca assisti um filme tão péssimo na minha vida
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