Crítica - The Disappearance of Eleanor Rigby: Them (2014)

 Realizado por Ned Benson
Com James McAvoy, Jessica Chastain, Viola Davis, Ryan Eggold
 Depois de em 2013 ter levado até ao público os dois primeiros filmes da trilogia, "The Disappearance of Eleanor Rigby: Him" e "The Disappearance of Eleanor Rigby: Her", Ned Benson remata o tríptico com esta longa-metragem sobre a vida destroçada do casal composto por  Eleanor Rigby (Jessica Chastain) e Conor Ludlow (James McAvoy) e o impacto trágico anunciar do fim da sua relação no circulo da família e dos amigos de ambos. Repleto de clichés sobre a vida sofisticada de uma América deslumbrada com a cultura europeia, o filme fala-nos da vacuidade da psicologia, de monografias inacabadas sobre a vida artística parisiense, sem faltar a inevitável presença de Isabelle Huppert e um sem número de outros lugares comuns que surgem aos olhos dos europeus como algo de sufocante de tão batidos. O mote é uma tragédia familiar quase apenas sugerida e a luta por um amor.


Se é interessante a apresentação de diferentes pontos de vista sobre uma mesma questão, a vacuidade do argumento – ele próprio é uma glosa do vazio que se instalou naquelas vidas – transforma o filme numa ciranda em torno de coisa nenhuma. A fotografia de Christopher Blauvelt (A Single Man, 2009; I'm Still Here, 2010) é  pura poesia e é, talvez, o aspecto que contribui para dar alguma aura de lirismo a este filme, bem como o guarda-roupa sofisticadamente simples da autoria de Rebecca Edmonston (We Need to Talk About Kevin, 2011). Digna de menção é ainda a banda sonora de Son Lux que enche a tela tão vazia de conteúdo. Mas todos estes elementos não são suficientes para conferir a consistência dramática exigível a uma produção desta dimensão. Esta tentativa americana de fazer filmes ao estilo europeu surge-me sem sentido dadas as diferenças culturais gritantes entre os dois continentes e nem sequer é sustentada pelo próprio filme que necessita a todo o momento de fazer evocações culturais do velho continente. Terá sido, julgo, a procura, a meu ver falhada, de criar algo diferente, pouco comercial e com maiores ambições artísticas que levou a duas nomeações em Cannes (Golden Camera e Un Certain Regard Award), onde o filme estreou,  e ainda à atribuição do Ischia Actress Award a Jessica Chastain.

Classificação - 3 Estrelas em 5

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