Crítica - The Captive (2014)

 
Realizado por Atom Egoyan
Com Ryan Reynolds, Scott Speedman, Rosario Dawson 


É possível compreender o que é que Atom Egoyan e os restantes responsáveis por "The Captive" queriam retirar desta produção, mas tais intenções acabam por não ser capitalizadas da melhor forma e o que o público acaba por receber é um thriller mediano que tinha potencial para muito mais. A base da sua trama tem como ponto inicial o sequestro de uma menina chamada Cassandra, que desaparece sem deixar rasto da parte de trás do carro do seu pai, Matthew, (Ryan Reynolds), quando este saiu do mesmo para comprar uma tarte. Este trágico e incompreensível evento dá início a uma série de consequências pessoais, familiares e policiais para todos os envolvidos, desde os pais da menina, até aos próprios detetives que investigam o caso e tentam encontrar a jovem rapariga que, sem ter noção da real dimensão da sua complicada situação, passa também por tempos muito difíceis.


A intriga de "The Captive" estende-se ao longo de praticamente uma década e não é explorada de uma forma cronológica, ou seja, eventos do passado e do presente estão sempre lado a lado, especialmente durante a fase inicial do filme. Tal opção criativa provoca uma certa confusão nos primeiros minutos do filme, mas acaba eventualmente por fazer um certo sentido relativamente à estrutura e desenvolvimento do mesmo. É certo que tal opção retira, desde logo, qualquer sentido de suspense e imprevisibilidade à trama porque, quase desde o início são dadas ao público respostas importantes relativamente às principais questões do filme, mas este mantém ainda assim um certo nível de curiosidade em relação às causas que motivaram o evento que começa e dá mote à trama. O grande problema é que tais causas e motivos, que supostamente deveriam ser um dos principais pontos de interesse e informação deste projeto, acabam por ser mal explorados e perdem-se no meio de uma melodrama familiar com contornos criminais que não é assim tão bem concretizado como deveria ter sido, muito por culpa dos excessos incompreensíveis de drama e inutilidade que rodeiam a família da jovem, mas sobretudo por culpa da pobre construção e dinamização da investigação policial que tem como protagonistas dois detetives pastelões que não acrescentam qualquer tensão ou interesse a este projeto. 
Neste sentido, "The Captive" perde muita da credibilidade que parecia derivar da sua premissa,  porque não chega sequer a ser um thriller policial cativante ou um melodrama familiar potente, como também nunca aproveita o potencial da sua ideia base para singrar no campo dramático ou intelectual, já que temas tão importantes e populares como a pedofilia ou os perigos da internet nunca são convenientemente explorados por um filme que, para além do mais, apresenta ainda pequenos mas graves erros de contexto e sentido que mexem inevitavelmente com a sua qualidade. Embora tenha sido um dos nomeados à Palma de Ouro do Festival de Cannes de 2014, "The Captive"  nunca foi um real candidato a esse prémio e agora sabe-se porque, já que esta produção, apesar de todo o seu potencial e do talento dos seus responsáveis, não consegue apresentar uma receita cinematográfica minimamente decente e fiel para cativar o espectador. 

Classificação - 2 Estrelas em 5

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1 Comentários

  1. Concordo, plenamente.
    "Prisioneira": 2*

    "Prisioneira" tinha tudo para ser um filme perfeito, mas é apenas razoável. "The Captive" teve cenas em que fiquei confuso, pois a história ia do passado ao presente e vice-versa.

    Cumprimentos, Frederico Daniel.

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