Crítica - The Dressmaker (2015)

Realizado por Jocelyn Moorhouse
Com Kate Winslet, Liam Hemsworth, Hugo Weaving


Em duas horas de filme apenas a meia hora final de "The Dressmaker" sobressai junto do espectador pela positiva, já que os seus restantes noventa minutos são penosamente aborrecidos, banais e medianos. Este evidente desequilibro de qualidade dentro do próprio filme impede-o de se tornar mais apelativo e de assim fazer justiça à sua curiosa meia hora final que, verdade seja dita, consegue surpreender pela positiva e revela-se como a única real fonte de entretenimento e interesse de todo o filme. A sua história acompanha o regresso a casa de Tilly, uma jovem modista que regressa à sua terra natal, não só para se reconciliar com a sua mãe mas também para descobrir a verdade sobre o seu passado. Recorrendo à sua experiência na alta costura, Tilly transforma as mulheres da cidade em verdadeiras princesas rurais e, pelo meio, descobre interessantes pormenores sobre a sua infância que a levam  a preparar um engenhoso plano de vingança contra toda a cidade.


Os primeiros noventa minutos de "The Dressmaker" pouco puxam pelo espectador e raramente surpreendem com o seu conteúdo pouco criativo. É nesta parte que é desenvolvido, sem qualquer surpresa à mistura, o já típico romance cliché que amolece o amaldiçoado coração de Tilly, sendo também nos primeiros noventa minutos que Tilly embarca numa jornada pessoal de exposição e investigação relativamente ao seu passado. Tal como o pobre romance, esta jornada investigativa apresenta poucas surpresas, sendo evidente que o seu desenrolar poderia ser muito mais tenso, criativo, contextual e interessante. É a partir do momento que "The Dressmaker" resolve os mistérios que rodeiam o passado de Tilly e que esta descobre o seu verdadeiro amor, que esta obra se torna inesperadamente interessante. Seria injusto estragar todas as surpresa relativamente à melhor parte desta obra independente, pelo que me limito apenas a dizer que é a partir deste ponto que "The Dressmaker" se torna num filme merecedor do nosso interesse. É a partir deste ponto em que Tilly parece encontrar a felicidade que esta obra passa de um drama romântico pouco envolvente para um inesperado e competente filme de vingança com excelentes apontamentos de humor negro à mistura. A surpreendente mistura entra a tragédia inesperada que se abate sobre Tilly e a onda vingança sangrenta e ligeiramente cómica que esta promove na parte final de "The Dressmaker" é verdadeiramente sublime e, assim, ajuda de certa forma a compensar as enormes falhas do resto do filme.
Embora esta parte final ajude a melhorar substancialmente a sua imagem global, esta não apaga, por muitos elogios que se lhe faça, o pobre desempenho do resto do filme, pelo que apesar da sua nobre e divertida conclusão,"The Dressmaker" não se apresenta como um filme a recordar no futuro. É verdade que a sua conclusão torna-o num filme razoável para os para metros normais, mas num quadro completo onde todos os pontos e pormenores contam, "The Dressmaker" parece falhar um pouco o seu objetivo. Se ao menos o resto do filme tivesse seguido os nobres passos da sua conclusão não estaria a ter esta opinião, porque não tenho dúvidas que estaríamos perante um dos filmes mais curiosos de 2015. O resultado final apresentado é assim apenas e só razoável. E nem as competentes performances de Kate Winslet, Hugo Weaving ou Judy Davis ajudam a elevar para patamares superiores uma opinião que, no final, apenas se revela razoável por culpa exclusivamente própria dos seus responsáveis!

Classificação - 3 Estrelas em 5

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