Crítica - Downsizing (2018)


Realizado por Alexander Payne
Com Matt Damon, Kristen Wiig, Christopher Waltz


Esta é a aventura de Paul Safranek (Matt Damon), um homem comum do Omaha que, juntamente com sua esposa Audrey (Kristen Wiig), sonha com uma vida melhor. Com o mundo a enfrentar uma crise de crescimento populacional, cientistas nórdicos desenvolvem uma solução radical que consegue encolher os humanos para 13 centímetros. Paul decide submeter-se à operação de redução de tamanho porque descobre que num mundo mais pequeno existe mais riqueza e uma maior possibilidade de ter um estilo de vida mais abastado, muito além daquilo que podia imaginar, mas, após o procedimento, um estranho revés fá-lo reavaliar a sua opção e começa a acreditar que a mudança pode não ter sido tão positiva. 
Realizado por Alexander Payne, cujos últimos filmes chegaram aos Óscares, "Downsizing" parte de uma premissa que aparenta ser intrigante, mas que ao fim de quinze minutos de filme, perde rapidamente o seu interesse. A combinação entre comédia, ficção cientifica, drama e meio ambiente poderia até resultar num outro patamar, mas aqui não funciona de todo devido à banalidade coletiva  do enredo. Este desenvolve-se a um ritmo lento, mas é a sua abordagem dramática e filosófica em relação à situação de Paul no seu novo mundo que mais contribuiu para o desinteresse do espectador e para uma série de bocejos incontroláveis. 



Tais bocejos também são provocados graças à prestação insípida de Matt Damon, que consegue piorar um cenário já de si negro que assenta, principalmente, num leque de personagens desinspirandos e num enredo profundamente enfadonho. A única luz de esperança é a surpreendente Hong Chau, que consegue fornecer algum "comic relief" minimamente apelativo e sem forçar demasiado alguns clichés asiáticos (embora o seu sotaque forçado roce bastante um cliché xenófobo). Um outro aspeto positivo é o visual geral. Neste ponto, Payne mostrou toda a sua qualidade e, realmente, "Downsizing" revela-se um filme esteticamente apelativo com cenários bem pensados, sobretudo na sua reta final. Mas mesmo o jogo visual muito habilidoso que é feito entre o Mundo Real e o Mundo Pequeno está bem pensado e foi habilmente orquestrados. Um ponto positivo também para a presença de Portugal no filme e não falo do breve cameo de Joaquim de Almeida, mas sim da forte presença de Buddy, um carro amigo do ambiente que foi produzido em Portugal pelo Centro de Excelência para a Inovação da Indústria Automóvel. No fundo, Buddy consegue ter mais presença no grande ecrã que o próprio Matt Damon.
Os pontos positivos, infelizmente, acabam aqui. É estranho que um filme de Alexander Payne seja tão pobre e inconsequente, mas a realidade é que não convence. O mais grave para Payne e restantes responsáveis é que acaba por não fazer nenhum serviço publico positivo favor do meio ambiente, como provavelmente pretendiam. A mensagem ecológica e protectora está lá, efetivamente, mas perde-se, figurativamente, num mar de pobreza narrativa que se revela tóxica para qualquer cinéfilo.

Classificação - 1,5 Estrelas em 5   

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