Crítica - Halloween (2018)


Realizado por David Gordon Green
Com Jamie Lee Curtis, Judy Greer, Andi Matichak

Há 40 Anos, John Carpenter lançou um dos maiores slashers/ filmes de terror do Século XX: “Halloween”. Tido ainda hoje como um dos maiores clássicos do género, juntamente com outras obras igualmente marcantes, como “Friday the 13th”, “Nightmare on Elm Street” ou “Texas Chainsaw Massacre”, o “Halloween” original de 1978 consolidou Carpenter como um dos maiores mestres do terror, mas também imortalizou Michael Myers como um dos maiores vilões do cinema. Certo é que desde essa obra icónica, a saga “Halloween” já teve muitos episódios, sendo que foram muito poucos os que fizeram justiça ao nível do filme original. 
As entregas mais modernas foram lançadas em 2007 e 2009 e visavam explorar as origens de Myers. Embora o seu realizador Rob Zombie tenha conseguido elevar um pouco o nível em relação aos desastrosos cinco filmes anteriores, o que é certo é que nem estas obras conseguiram cativar o espectador.
Qual então a solução apresentada para ressuscitar de vez a saga? Trazer de volta John Carpenter ao Universo Halloween. Embora David Gordon Green assuma o cargo de realizador, Carpenter surge como compositor, produtor executivo e consultor criativo desta produção que, em 2018, nos aparece como uma sequela direta do primeiro filme. Com a consultadoria de Carpenter, com a colagem direta ao filme original e, claro está, com o regresso de Jamie Lee Curtis à saga para promover a recuperação do confronto entre a sua personagem e o grande vilão, julgo ser escusado dizer que todos esperavam que este “Halloween” conseguisse reencarnar a qualidade do original.
O resultado final, contudo, é bastante fraco e vai contra todas as melhores intenções dos seus criadores. E o mau produto deve-se às suas bases. Este novo “Halloween” não apresenta o suspense, o mistério, a tensão ou o poderio do filme original. É no fundo um projeto de uma nova era que tenta, sem sucesso, emular o sucesso de uma obra de outros tempos, obra essa que nunca poderá ser verdadeiramente replicada. O que torna o produto original tão bom e tão icónico nunca poderia ser replicado aqui ou em qualquer outro filme da saga, porque o “Halloween” de 1978 é, literalmente, a alma do franchise. Todos os elementos que o tornam tão especial nunca poderiam funcionar hoje, porque estamos a falar de um outro tempo e, acima de tudo, de uma outra forma de fazer terror. 
É evidente que o que se tentou fazer aqui foi criar uma sequela moderna mas sempre com aquela nostalgia e ligação com o original, tentado aproveitar elementos narrativos e até diretivos que nos remetem para o clássico de 78. Mas o choque entre os Séculos XX e XXI é demasiado e o Peso dos 40 Anos de diferença entre os 2 Filmes é notório. E, por isso, aquela mistura entre velho e novo que até poderia resultar noutro plano, aqui acaba por esbarrar estrondosamente na mediocridade. 
O que Green e Carpenter não se aperceberam é que o Mundo e Hollywood mudaram radicalmente desde o “Halloween” de 1978 e, embora seja possível fazer algo bom com o passado, não é possível apresentar algo de qualidade sem saber juntar as duas realidades. E foi isso que falhou aqui. O que é recuperado do passado não funciona, mas o que nos é apresentado de novo é mau demais para funcionar. O excesso e a debilidade de momentos de humor, o terror forçado, o exacerbar do ridículo e do irreal ou a falta de classe do enredo são evidentes e danosos. É incomportável que um filme que visava ser o sucessor digno do “Halloween” original tenha diálogos ridículos e tão juvenis, mas acima de tudo que tenha diálogos inconsequentes sobre sandwiches, sexo ou dramas teen.
Quando se fala em Michael Myers e “Halloween”, menos acaba por ser mais e muito melhor. A personagem é tão forte e já de si tão assustadora que um bom filme com ele como vilão quase que se faz sozinho. O problema é quando se tenta melhorar algo que já apresenta um grau de elevada qualidade e, quando isso acontece, não surpreende que o resultado seja mau. E pior. É um resultado muito igual aos fracos produtos “Halloween” que não resultaram no passado. Pelos vistos não se quer aprender com os erros cometidos e, a julgar por esta nova entrega, a saga “Halloween” está mesmo condenada a um futuro de banalidade que em nada honra o original. Salva-se Jamie Lee Curis que, por tudo o que representa, merecia claramente um melhor regresso a uma saga que ajudou imenso a sua carreira..

Classificação - 1,5 Estrelas em 5

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