Crítica - Robin Hood (2018)

Realizado por Otto Bathurst
Com Jamie Dornan, Taron Egerton, Ben Mendelsohn

A lenda de Robin dos Bosques/ Robin Hood já foi adaptada aos cinema em diversas ocasiões, quer em versões de animação, quer em versões live action. Em 2010, Ridley Scott lançou a sua versão protagonizada por Russell Crowe e Cate Blanchett que, pese embora os altos valores de produção e da clara tentativa de criar algo diferente, acabou por fracassar junto do grande público. Pese embora o insucesso do filme de 2010, Hollywood não desistiu de Robin Hood e, por volta de 2015/2016, surgiu a ideia de produzir um novo filme baseado na lenda do herói ladrão que poderia vir a ser o início de um franchise centrado no herói. 
Essa ideia materializou-se agora, em 2018, neste “Robin Hood”, um filme que, tal como o projeto de Scott, tenta diferenciar-se e até distanciar-se da lenda clássica do herói. É um projeto que tenta popularizar tal lenda e até torna-la comercialmente mais apelativa, explorando assim as origens de Robin Hood de uma forma mais centrada na ação. 
Embora se compreenda a lógica por detrás desta decisão, não se compreende a mediana concretização da mesma. É perfeitamente compreensível que os seus criadores tenham tentado aproximar a lenda do Robin Hood a uma geração mais jovem e mais focada numa ação objetiva, já que este seria sempre o público alvo do filme. Mas esta estratégia, para resultar, nunca poderia menosprezar por completo a importância de um argumento estruturado e com sentido prático e objetivo. Nada contra a ideia dos produtores em criar um blockbuster mais focado em ação e capaz de ancorar uma saga, mas ao focarem-se só na componente da ação e num visual explosivo acabaram por criar um produto vazio e pródigo em falhas.



É certo que esta versão da Lenda de Robin Hood é aquela que mais enche o olho a nível de sequências de ação e da adrenalina, mas em contrapartida também é certo que é a mais supérflua e insípida no que ao enredo diz respeito. Este desequilíbrio é-lhe fatal e, por ter apostado em excesso na ação e não tanto no conteúdo, o resultado final desiludirá quem procure um filme completo.
Há coisas que chegam mesmo a irritar profundamente devido a este excesso foco na ação. Uma delas é, estranhamente, o guarda roupa. Para um filem tão preocupado com a componente visual e com o estilo visual, “Robin Hood” falha incrivelmente num departamento secundário mas tão importante como o guarda roupa. Tendo em conta a época medieval em que o filme se desenrola, torna-se ridículo ver todos os personagens a ostentarem um guarda roupa moderno e vanguardista que nada se adequa à época em si. 
Mas o que é mais ridículo em todo o filme é a objetivação sexual que o filme faz da Lady Marian interpretada por Eve Hewson, a filha de Bono, o vocalista dos U2. É certo que Hewson pode não ter sido a escolha mais feliz para interpretar a personagem, mas o argumento em conjugação com os departamentos visuais, nomeadamente o guarda roupa, tornam-na apenas num objeto sexual que está ali para representar uma mulher atraente. E diz-se isto porque, embora o filme tente passar pelas suas ações a ideia que estamos perante uma mulher forte independente, no final a ideia que passa da Lady Marion é de uma jovem sem grande conteúdo e facilmente impressionável que usa sempre roupas demasiado provocativas (diga-se decotadas). Ou seja, nada relacionado com a Lady Marion forte e desenrascada interpretada por Cate Blanchett, por exemplo, no filme de 2010. E neste ponto, “Robin Hood” representa um retrocesso moral, algo que não se compreende atendendo à época em que estamos e à tentativa feita pelo filme de modernizar a lenda. 
Em relação ao casting de “Robin Hood” podemos concluir que os responsáveis acertaram, primeiramente, na escolha de Taron Egerton como o Robin dos Bosques. Este jovem britânico interpreta com grande pujança o ladrão herói e, certo é, que atendendo à ideia inicial que existia por detrás do filme a sua escolha foi acertada. Também as escolhas de Jaimie Foxx (Little John) e Tim Minchin (Frei Tuck). Já a escolha de Jamie Dornan, tal como a de Hewson, levanta muitas dúvidas.
O que se conclui, portanto, é que “Robin Hood” não ganhará nenhum Óscar, muito menos o de Melhor Guarda Roupa! Falando um pouco mais a sério diga-se que é, realmente, um blockbuster que enche o olho dos espectadores com sequências de ação (sendo que muitas recorrem aos clichés é certo). Mas se espera encontrar um produto memorável sobre Robin Hood, então é melhor ver uma das versões passadas.  

Classificação - 2 Estrelas em 5

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1 Comentários

  1. Faça uma análise socio-política com observação da influência árabe atual, o centexto da tributação fiscal atual e o problema dos abusos a menores nos sistemas de internato naquele século que se estenderam e são confirmados por relatos de ocorrências idênticas, ou prática que daí adevêm, em sistemas de internato no reino unido atual.

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