Crítica - A Quiet Place (2018)

Realizado por John Krasinski
Com Emily Blunt, John Krasinski, Millicent Simmonds

É possível criar um bom filme de terror sem recorrer ao som? Se viajarmos no tempo até à Era dos Filmes Silenciosos podemos encontrar alguns exemplos de qualidade, mas quantos conseguimos encontrar na atual Era Tecnológica? É uma pergunta pertinente, porque a verdade é que, cada vez mais, os efeitos técnicos têm uma maior preponderância nos filmes modernos e são vários os exemplos onde se sobrepõem inclusivamente ao enredo, algo impensável na supracitada Era dos Filmes Silenciosos. O que é certo é que, atualmente, tal cenário não é impensável e ainda bem que assim seja. É certo que todos desejamos um filme equilibrado que seja excelente em todos os parâmetros, mas também é possível admirar um grande argumento ou um grande poderio técnico em separado. O que importa é que a qualidade, o potencial e toda a energia desse específico parâmetro seja utilizada com o máximo aproveitamento e criatividade, mas também com aquela pitada de magia que o bom cinema precisa de ter. 
É neste ponto que entra "A Quiet Place". Estamos perante um filme de terror moderno com uma génese de argumento banalissíma, mas com uma força criativa surpreendente e parâmetros técnicos muito bem conseguidos. Sem apresentar uma história base muito dispare do que tem vindo a ser feito em Hollywood no que a filmes de terror pós-apocalípticos diz respeito, "A Quiet Place" consegue inovar ao impulsionar uma história banal com um twist impressionante. A questão é que tal twist não se prende com o argumento, mas sim com opções técnicas. Isto porque estamos perante um poduto de terror onde impera a quase ausência de diálogos e de pomposas sonoridades ambiente que permitem que o próprio filme, o suspense e a tal magia do cinema falem por si. 


Esta corajosa opção deu frutos e tornou "A Quiet Place" num filme muito especial e numa das maiores surpresas de 2018. No fundo torna-o num produto único que, mesmo sem um argumento forte, consegue causar impacto junto do espectador e promove o suspense tão bem como um filme que não prescinde do som. É claro que tudo isto poderia ter sido um desastre se o conceito tivesse sido mal aplicado, sim porque uma boa ideia é apenas meio caminho para o sucesso, já que até as melhores ideias têm que ser corretamente aplicadas.
É neste ponto que entra  John Krasinski, um ator relativamente experiente mas sem um grande passado atrás das câmaras que arriscou e assumiu a direção deste projeto. E fê-lo com grande sucesso e afinco, porque compensou a sua inexperiência  com genuíno interesse e devoção ao conceito e ao filme em si, tendo movido mundos e fundos para levá-lo a bom porto. Para além de o realizar, Krasinski também chamou a si o protagonismo e partilhou-o com a sua esposa, a experiente e magnetizante Emily Blunt, mas também com um par de jovens atores que corresponderam na perfeição às exigências do seus papéis. 
Esta positiva união entre um elenco competente, um poderoso conceito criativo e opções técnicas interessantes tornam esta obra num bom exemplo recheado de sequências corajosas e imponentes. Mas "A Quiet Place" é também uma importante lição para Hollywood, já que mostra que a criatividade deve ser valorizada e incentivada!

Classificação - 4 Estrelas em 5

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