Crítica - Roma (2018)

Realizado por Alfonso Cuarón
Com Yalitza Aparicio, Marina De Tavira

Já no início de 2018, “Roma” era apontado como uma das principais apostas cinematográficas da Netflix e como o primeiro filme com potencial para levar o famoso Serviço de Streaming a voos bem altos nos Óscares. Tais previsões revelam-se agora bem acertadas e, embora os Óscares estejam a alguma distância, não é difícil de prever que esta bela obra de Cuarón consiga, pelo menos, alcançar algumas importantes nomeações. O que é certo é que “Roma” tem feito um brilharete na Época de Prémios e à conquista do Leão de Ouro do Festival de Veneza já juntou muitos outros prémios como os Globos de Ouro de Melhor Realizador e Melhor Filme Estrangeiro.
A sua história aposta num registo profundamente pessoal, já que é inspirada na própria vida de Cuarón, e leva-nos até à Cidade do México em 1971, onde acompanhamos os altos e baixos do quotidiano de uma família de classe média e da sua empregada, Cleo. O registo de “Roma” recorda-nos um pouco o do sucesso brasileiro “A Que Horas ela Volta?”, mas em “Roma” há um pouco mais de profundidade e uma maior abrangência de temas. Neste caso particular aprofundamos vários segmentos narrativos no seio da família de classe média, nomeadamente a deterioração do casamento dos pais de família e o progressivo afastamento emocional dos elementos da mesma, mas também vários pontos muito interessantes relativos a Cleo. É, aliás, sobre esta personagem que recaem os pontos mais positivos do enredo e tornam-na num ponto fulcral do filme e na força motriz do mesmo, quer de um ponto de vista dramático e emocional, quer de um aspeto mais Humano e Carinhoso. 
Estamos, acima de tudo, perante um poderoso drama sobre tudo o que torna a vida imprevista e complexa, promovendo sempre uma narração imprevisível e organizada que é sempre acompanhada por uma banda sonora de excelência. Existe em “Roma” uma sequência interminável de belos elementos, quer técnicos, quer narrativos, que ajudam a formar um bolo cinematográfico de excelente qualidade que nos emociona, cativa, choca e inspira!
E não surpreende que tal bolo tenha múltiplas camadas, porque para além de um guião com as já mencionadas referências e temas, “Roma” explora igualmente imensos subtextos e referências simbólicas que nos enviam múltiplas mensagens sobre a natureza humana e relacionamentos, hierarquia social, política e violência. É por isso difícil ficar indiferente ao potencial e magnitude deste tour de force cinematográfico de Cuáron, tendo este cineasta trabalhado muito bem um argumento complexo mas bem completo! E soube elevá-lo, respeitá-lo e cultiva-lo com elementos técnicos de qualidade superior! A elementos como a Fotografia e a Banda Sonora de elevado poder junta-se também um elenco fenomenal e praticamente desconhecido, onde Yalitza Aparicio, a intérprete de Cleo, é a principal surpresa pela positiva neste campo particular.

Classificação - 4 Estrelas em 5

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