Crítica - Jojo Rabbit (2019)

Realizado por Taika Waititi
Com Roman Griffin Davis, Thomasin McKenzie, Rebel Wilson

A lembrar o estilo extrovertido, hipster e indie de Wes Anderson, "Jojo Rabbit" é uma comédia dramática bastante alegre mas com elementos negros (ou não tivesse a 2ª Guerra Mundial e o Nazismo como ambiente) que nos faz vibrar do início ao fim. E prova disso mesmo são as suas primeiras sequências, seja pela introdução que compara Hitler aos Beatles, seja pela primeira sequência que nos consegue por a gritar o impensável com os pulmões bem cheios: Heil Hitler!
Sim, “Jojo Rabbit” consegue retratar Hitler de uma forma diferente, leve e divertida. Se pensarmos um pouco só mesmo Chaplin conseguiu o mesmo num passado já longínquo. No fundo, “Jojo Rabbit” vende um Hitler muito simpático que, apesar de também odiar Judeus e de comer Unicórnios, surge como uma personagem com genuína piada e até ternurenta em alguns momentos…É claro que este Hitler é um fragmento da imaginação do protagonista que, mais não é, que um menino claramente obcecado pelo Regime Nazi e que, por isso, olha para Hitler (pelo menos numa primeira fase) como um Deus (opinião que se altera já perto do final).




Em nenhum momento, “Jojo Rabbit” glorifica Hitler ou os Nazis. O que o filme faz de forma significativa e impressionante é contar uma grande história e, pelo meio, quase de forma subjetiva, passar importantes ideias sobre o Regime Nazi e a 2ª Guerra Mundial. Desde o retrato que os Nazis pintavam dos Judeus, ao “brain washing” que o Regime impunha à população alemã, “Jojo Rabbit” está repleto de pérolas históricas e metafóricas que brilham ao mais alto nível. E estas unem-se na perfeição à jornada de Jojo que, ao longo do filme, tem uma grande evolução pessoal e mostra-nos, em primeira mão, como foi o final da 2ª Guerra sob o olhar de uma criança inocente.
Esta jornada, acompanhada pelo claro drama que rodeia a 2ª Guerra Mundial, tem ainda assim apontamentos muito interessantes e divertidos que tornam esta obra num projeto muito especial. Somos por isso incapazes de não nos conseguirmos divertir com os diálogos xenófobos de Jojo ou as frases inspiradoras de Hitler. E isto acontece não só porque as personagens e o argumento são fantásticos e enquadram-se no espírito do filme, mas também porque “Jojo Rabbit” tem um elenco de luxo. A começar por Taika Waititi que está tão sublime no papel de Hitler, como também o está no cargo de realizador.
Sim, “Jojo Rabbit” não é só descontracção. Tira ilações bastante sérias e, numa altura em que se comemora 75 Anos da Libertação de Auschwitz, torna-se num filme muito relevante e atual. Tem também alguns momentos bastante pesados que podem sensibilizar alguns, mas não há dúvida que é um filme com contexto e, acima de tudo, emocionalmente brilhante.

Classificação - 4,5 Estrelas em 5

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