Histórias do Cinema - The Wizard of Oz, Um Adorável Clássico Recheado de Controvérsias nos Bastidores

Histórias do Cinema - The Wizard of Oz, Um Adorável Clássico Recheado de Controvérsias nos Bastidores

Quem nunca viu o sublime clássico "The Wizard of Oz"/ O "Feiticeiro de Oz" de 1939, onde a sublime Judy Garland interpreta Dorothy, uma jovem rapariga do Kansas que, após ser apanhada por um tornado, é transportada até Oz, uma terra de fantasia cheia de magia, mas também de muitos perigos. Todos já conhecem a história, muitos já viram o filme e todos sabem o sucesso que o filme teve em 1939, tendo sido aliás um dos primeiros grandes blockbusters da Era Dourada de Hollywood e um dos últimos grandes filmes a ser lançados nos cinemas antes do início da Segunda Guerra Mundial que, de certa forma, colocou Hollywood em pausa. 

Problemas Quase Letais nos Adereços


O que poucos conhecem são as polémicas que, ainda hoje, rodeiam o filme e que têm marcado negativamente o seu brilhante legado dourado. A primeira polémica começou mesmo antes do filme começar a ser gravado e poderia ter mesmo impedido a sua concretização. O ator Jack Haley é o intérprete do Homem de Lata, um dos companheiros de Dorothy na sua jornada em Oz e na procura pelo Feiticeiro de Oz, mas Haley não foi o primeiro ator a ser associado ao papel. Originalmente, Buddy Ebsen  tinha sido contratado pela MGM para interpretar o Homem de Lata, mas durante os primeiros ensaios, Ebsen ficou gravemente doente e ficou internado durante vários dias em estado grave nos Cuidados Intensivos, tendo-se descoberto posteriormente que Ebson desenvolveu uma grave reação alérgica ao alumínio presente no fato do Homem de Lata. Ebsen recuperou, mas a MGM optou por substituí-lo para acelerar a produção do filme. Caso Ebson tivesse morrido devido a este incidente, "The Wizard of Oz" poderia até nunca ter sido feito.
E, por estranho que pareça, o caso de Ebson não foi único de envenenamento. Embora tenha permanecido no filme até ao final e de não ter adoecido, Margaret Hamilton, que interpreta a vilã Bruxa Má do Oeste, teve a sua vida em perigo durante as filmagens desta obra. E tudo porque a tinta verde que foi usada para pintar a cara de Hamilton, conferindo-lhe assim o look maquiavélico da bruxa, continha, nada mais nada menos, do que cobre, um material tóxico e irritante cujo uso em tintas faciais é, hoje em dia, proibido universalmente. Embora nunca tenha sido hospitalizada, Hamilton sofreu queimaduras no rosto (reversíveis) provocadas pela exposição direta e continua ao cobre presente na tinta. Esta icónica atriz foi, alias, uma das maiores vítimas do filme, já que para além desta exposição a um elemento tóxico, Margaret sofreu também um aparatoso acidente  durante as filmagens que a levaram a ser hospitalizada, tendo ficado de baixa durante seis meses após as filmagens serem concluídas. Também Ray Bolger, que interpretou o Espantalho, também foi vítima do filme, já que a caracterização da sua personagem, embora não tenha nenhum elemento tóxico, era bastante dolorosa e causou-lhe graves sequelas físicas, já que tal caracterização implicava aplicar diretamente na pele certos elementos que eram fixados por agulhas, algo que lhe provocou graves cortes e cicatrizes sobretudo no rosto. Uns anos mais tarde foi detectado um novo elemento tóxico que esteve bem presente nas filmagens do filme. Muitos dos cenários e adereços do filme continham Amianto que, como se sabe, é, hoje em dia, um material proibido devido à sua relação com o cancro no pulmão. É claro que, na altura, o amianto estava na moda e era usado em quase tudo, pelo que o seu uso era tolerado e recorrente. Só uns anos mais tarde é que o uso do amianto foi proibido, mas ainda assim foi mais um elemento tóxico nos bastidores deste clássico.

Munchkins os Rebeledes, Judy Garland a Vítima


Não eram só os adereços e as tintas que eram tóxicos, já que vários elementos do elenco também o eram. Os Munchkin, habitantes de Oz, são personagens adoráveis em "The Wizard of Oz", mas os atores que os interpretaram não eram assim tão adoráveis. A MGM contratou, ao todo, 120 pessoas com nanismo para interpretarem as adoráveis personagens, mas muito poucos eram atores profissionais. Aliás a esmagadora maioria trabalhava em bares, cabarets e até na indústria do sexo. Uma boa parte dos relatos sobre as filmagens de "The Wizard of Oz" retratam os atores que interpretavam os Munchkin como desordeiros que, para além de complicarem o processo de filmagens, tinham também comportamentos reprováveis nos bastidores. São múltiplos os relatos de assédio sexual despertados por esses atores, incluindo contra a estrela Judy Garland. Os atores também causaram grandes estragos nos hotéis onde ficaram hospedados.  Também verdade seja dita que tais atores estavam entre os mais mal pagos do filme, já que até o cão que deu vida ao adorável ToTo recebeu o dobro do dinheiro que qualquer uma das pessoas que interpretou um Munchkin. 


Histórias do Cinema - The Wizard of Oz, Um Adorável Clássico Recheado de Controvérsias nos Bastidores


Para além de sofrer com o alegado assédio sexual por parte de alguns dos Munchkins, Judy Garland foi também uma vítima em outros aspetos. Não foram só os Munchkins a assediá-la, já que reza a história que muitas outras pessoas nos bastidores tiveram comportamentos inadequados que nunca foram devidamente punidos. Mas Garland também sofreu de bullying laboral por parte de alguns executivos da MGM que, alegadamente, chamavam-lhe de "porco com tranças". Embora tendo um peso bem razoável para a sua estrutura, alguns executivos acreditavam que Garland era obesa e que não tinha o devido cuidado com a sua figura, já que Garland se distanciava-se do físico esguio e portentoso exibido pelas divas da época. A baixa estatura de Garland aliada ao seu peso comum foram sempre um problema para a MGM que, mesmo antes de começarem as filmagens, ordenou a Garland que entrasse numa dieta rigorosa quase totalmente à base de líquidos,algo que a mesma seguiu à risca e que, mesmo assim, não foi suficiente para alguns executivos. Tudo isto causou-lhe grandes problemas de ansiedade e alguns distúrbios, já que , como se sabe, Garland teve que enfrentar, ao longo da sua vida, problemas com a dependência excessiva de comprimidos. Garland foi, alias, um dos primeiros rostos trágicos da dependência química e dos problemas de imagem em Hollywood, aliás como se sabe Garland acabou por falecer em 1969 vítima de overdose. E especula-se que a sua dependência de drogas e comprimidos começou, precisamente, com as filmagens de "The Wizard of Oz". A somar a isto tudo, Garland sofreu ainda agressões físicas no set, já que durante uma sequência com Bert Lahr, que interpreta o Leão Cobarde, houve um incidente algo grande. A história diz que Lahr acabou por se enfurecer com Garland e, no auge da sua raiva, acabou por lhe dar um estalo. Embora não lhe tenha causado danos graves, Garland ficou abalada, mas nenhuma atitude foi tomada contra o ator, provando também que no set deste clássico existia um certo machismo. 

Os Rumores de Oz

Isto é o que de concreto se passou nos bastidores de "The Wizard of Oz", mas desde sempre que o filme esteve envolto em mais controvérsias. Vários rumores sempre apontaram que a produção do filme foi assombrada e que, por isso, tudo correu mal. Também surgiram, com o passar do tempo, rumores de que um Munchkin se tinha suicidado durante as filmagens e que uma cena do filme mostra  até o seu corpo sem vida. Nunca se provou que "The Wizard of Oz" tenha sido assombrado, como já foi categoricamente desmentido que um Munchkin se tenha suicidado, mas o filme nunca se livrou destes rumores. 
O desempenho comercial do filme também foi alvo de grandes dúvidas e crítica. Embora, hoje em dia, seja considerado um êxito universal, quando estreou, nas vésperas do inicio da Segunda Grande Guerra, "The Wizard of Oz" não foi um sucesso avassalador. Foi visto por milhares de pessoas na época, mas tal não chegou para cobrir os gigantescos custos de produção e, tecnicamente, "The Wizard of Oz" foi um flop comercial, tendo também sido prejudicado por uma limitada distribuição internacional. Com o passar dos anos, "The Wizard of Oz" ganhou popularidade e até deu lucro à MGM, mas é inegável que não foi um êxito destacado comercial aquando da sua estreia.

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