Histórias do Cinema - O Homicídio de William Desmond Taylor

Histórias do Cinema - O Homicídio de William Desmond Taylor


William Desmond Taylor é um nome que pouco dirá aos cinéfilos de hoje em dia, mas nos anos 1920, Desmond Taylor era uma verdadeira celebridade em Hollywood, tendo realizado mais de cinquenta filmes entre 1913 e 1922 e participado como em ator em várias produções.


´Histórias do Cinema - O Homicídio de William Desmond Taylor
William Desmond Taylor


Os anos 1910 e 1920 representam os primórdios de Hollywood e, nesta altura, os filmes mudos dominavam as telas de cinema. E, embora não seja recordado como uma lenda, certo é que Taylor era considerado um dos cineastas mais talentosos da sua geração e uma das figuras mais proeminentes de Hollywood, tendo até sido homenageado pela  Motion Picture Directors Association, o equivalente atual ao Directors Guild of America. 

Em 1922, Taylor estava no auge da sua carreira e, aos quarenta e nove anos de idade, estava na linha da frente para liderar Hollywood em direção à sua Era Dourada, mas Taylor nunca chegaria a assistir à aurora do Cinema e de Hollywood. Isto porque a 2 de Fevereiro de 1922, Taylor foi assassinado. O seu corpo foi encontrado dentro do seu luxuoso apartamento numa das zonas mais populares da cidade. A notícia rapidamente correu Los Angeles, assim como a causa da morte. Taylor não morrera de causas naturais, mas fora assassinado com um tiro. E é com este evento que é despoletado um dos maiores mistérios criminais de Hollywood do Século XX. Quem matou William Desmond Taylor? Até hoje não há uma resposta para esta pergunta, já que o caso permanece em aberto. 

Ao longo da sua carreira, Taylor trabalhou quase em exclusivo para um estúdio que viria a tornar-se na Paramount Pictures que, hoje em dia, é como se sabe um dos principais estúdios de Hollywood. Até hoje especula-se que os principais responsáveis pelo estúdio ajudaram a encobrir o crime, já que existem alegações que alguns dos executivos de topo do estúdio tiveram na cena do crime e, sem a polícia reparar, retiraram do apartamento de Taylor vários documentos confidenciais e sensíveis que poderiam implicar algumas figuras de topo de Hollywood no crime. Tais alegações foram sempre negadas, mas certo é que a suspeição sempre se manteve e nunca foi completamente refutada pelas autoridades.

Foram vários os suspeitos apontados pela polícia, mas nunca ninguém foi formalmente acusado. Entre atores, executivos, realizadores, ex-trabalhadores do cineasta e fãs tresloucados, a Polícia de Los Angeles apontou vários suspeitos com múltiplos motivos que envolvem vingança, ciúmes e até teorias políticas. O caso esteve aliás sempre rodeado por mistérios e teorias tresloucadas promovidas pela imprensa, pela polícia e, ainda hoje, por fãs de investigações criminais.

Foi alegado que Taylor era homossexual e que foi assassinado por um namorado vingativo e que, para proteger a sua imagem e a identidade do assassino, os diretores do estúdio para o qual Taylor trabalhava foram forçados a roubar provas para proteger o estúdio (que representava os filmes de Taylor) de um escândalo. Uma outra teoria defende que um antigo funcionário de Taylor matou-o como um ato de vingança pelo seu despedimento, sendo que tal teoria parece ser corroborada por uma série de eventos que antecederam a morte de Taylor e que parecem indicar que o cineasta estava a ser perseguido e ameaçado por alguém que lhe guardava grande rancor. 

As teorias sensacionalistas prendiam-se, no entanto, com suspeitas relativas a celebridades. Várias teorias afirmavam que Taylor tinha sido assassinado por um cineasta rival ou por atores que recusou integrar nos seus filmes, mas as teorias mais forte prendem-se com um motivo amoroso.  A certa altura, Mabel Normand foi apontada como suspeita. Normand era uma das grandes atrizes da altura em Hollywood e, alegadamente, teria um caso com o cineasta, pelo que muitos apostavam que Normand matou Taylor quando este tentou terminar a relação. Vários suspeitam também que Taylor sabia do alegado envolvimento de Normand com drogas e que Taylor pode ter sido morto por um traficante ou mesmo por Normand quando esta estava sob o efeito de drogas. Pese embora as suspeitas, Normand nunca foi acusada, até porque não foi a única atriz a ser suspeita do crime. As atrizes Mary Miles Minter e Margaret Gibson, todas elas apontadas como possíveis casos amorosos de Taylor,  também foram consideradas suspeitas da sua morte, mas nunca foram acusadas pela polícia. Também aqui especula-se que a Paramount se possa ter envolvido no caso para evitar um escândalo e proteger alguma destas estrelas com quem tinha ligações contratuais. 

Desde 1922 que este caso teve centenas de suspeitos, teorias e possíveis motivos mas, mesmo assim, nunca foi resolvido. Já houve várias confissões apontadas como falsas e várias alegações que nunca se poderão provar, mas o caso da morte de William Desmond Taylor continua sem resolução e tudo indica que continuará sem resolução, já que todos os possíveis intervenientes já faleceram. 

Em todo o caso, o a morte de William Desmond Taylor permanece como uma das grandes histórias de Hollywood e como uma das primeiras polémicas criminais de Los Angeles a envolverem celebridades. Hoje em dia o caso já não é tão falado, até porque já se passaram quase 100 Anos desde esse fatídico evento, mas permanece como uma das páginas mais sombrias e macabras de Hollywood. Vários dos filmes de Taylor sobreviveram e ainda estão preservados em arquivos espalhados pelos Estados Unidos, sendo que a sua morte, por ironia do destino, ajudou a preservá-los já que poderiam ser encarados como prova, mas acima de tudo porque ficariam sempre como peças únicas que comprovam o legado de um dos primeiros grandes cineastas de Hollywood que teve um fim misterioso e digno do plot de um filme noir.

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