Crítica - The Assistant (2020)

Crítica - The Assistant (2020)

Realizado por Kitty Green

Com Julia Garner, Matthew Macfadyen, Kristine Froseth


O movimento MeToo pode não ter sido tão revolucionário como se esperava naquela que é a grande luta pela igualdade de género e pelo empowerment feminino…Mas promoveu uma ampla discussão global sobre o assédio e os abusos sexuais em várias industrias, tendo colocado em primeiro plano mediático várias situações polémicas que permitiram acabar com verdadeiras culturas de impunidade e levar à justiça muitos abusadores.  

Embora o movimento MeToo tenha dado voz a milhões de pessoas e de ter tornado muitas indústrias e locais de trabalho mais seguros, certo é que o assédio sexual é ainda uma realidade global. É certo que há uma menor impunidade e um menor silêncio global sobre a matéria, mas está longe de ser um assunto do passado ou uma questão exclusiva de certas culturas.

É importante manter esta tema na ordem do dia para não se regredir em toda a evolução social que o MeToo provocou. Neste sentido têm surgido ainda vários projetos cinematográficos que expõem a negra realidade que o movimento expôs, sendo um desses belos exemplos o drama “The Assistant”

Não chegou às nossas salas de cinema, apesar de ter sido cogitado para chegar aos Óscares, mas é uma obra que se recomenda. Isto porque exemplifica na perfeição como é que a cultura de assédio e abusos sexuais no local de trabalho pode-se desenvolver e crescer quando ninguém a contraria. Através das experiências de Jane (Julia Garner), uma aspirante a produtora de cinema que recentemente conseguiu o emprego dos seus sonhos como assistente de um poderoso magnata do entretenimento. É através do dia a dia de Jane no seu escritório que podemos observar como é que uma figura sempre omnipresente provoca e está no epicentro de uma cultura de abusos que promovem um ambiente tóxico a todos os níveis.

O retrato dramático e criminal exposto em “The Assistant” mostra na perfeição como é que uma cultura de assédio se desenvolve e como é tão difícil quebrá-la. Mesmo quando esta cultura deixa de ser ignorada, o sentimento geral de apatia e impotência acaba por abafar qualquer correção ou reação. O resultado é aquele que vimos em muitos dos casos expostos pelo MeToo, ou seja, décadas de impunidade e milhares de vítimas que foram enxovalhadas e escondidas pelo sistema…Tudo isto até ao dia em que alguém dá ouvidos à vitima e ações são tomadas…


Classificação - 4 Estrelas em 5

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