Crítica - Belfast (2021)

Crítica - Belfast (2021)

Realizado por Kenneth Branagh

Com Jude Hill, Lewis McAskie, Caitriona Balfe


A par de "The Power of the Dog", de Jane Campion e da Netflix, "Belfast" é, porventura, o grande candidato ao Óscar de Melhor Filme. Por detrás deste projeto está Kenneth Branagh, veterano ator transformado em realizador e já com uma extensa lista de sucessos que, quando anunciou esta produção, descreveu-a como o seu filme mais pessoal até à data. E este poderá mesmo ser o projeto que lhe dará o tão desejado Óscar, seja o de Melhor Filme, Realizador, Argumento Original ou, quem sabe, até os três...

Escrito pelo próprio Branagh, "Belfast" conta a história de um jovem rapaz de nove anos terá de encontrar o seu caminho para a num mundo que, subitamente, se virou do avesso. A sua comunidade estável e carinhosa, e tudo o que ele aprendera sobre a vida, transformara-se para sempre; mas a alegria, o riso, a música e a magia inerente ao cinema permaneceram...Nascido em Belfast, Branagh experenciou em primeira mão o tumultuoso descalabro do confronto entre Católicos e Protestantes em Belfast que rapidamente se alastrou a toda a Irlanda do Norte e conduziu a um grande conflito político e religioso que, mesmo hoje em dia, não está completamente ultrapassado, sanado ou esquecido. 

Branagh revelou que já estava a pensar neste projeto há mais de cinquenta anos, mas só recentemente é que decidiu transpor para o papel todos os seus pensamentos. O resultado é uma história poderosa, onde o cineasta/escritor revisita a sua própria infância e as suas experiências do conflito, criando no processo um belo drama sobre amadurecimento, crescimento e família que transcende o conflito e o seu drama inerente.

Embora inspirado nas vivências e realidade de  Kenneth Branagh, "Belfast" não é um filme biográfico e o próprio cineasta faz questão de referir isso. Esta obra assenta, apenas e só, numa grande ideia que expõem um forte sentimento e uma profunda conexão entre o seu criador, o seu passado e a sua cidade natal.

Tão dramáticamente poderoso como emocionalmente imprevisível, "Belfast" é, sem dúvida, um drama cheio de força e vitalidade que, numa época em que o Brexit reabriu velhas feridas na Irlanda do Norte, conquista um novo espaço de referência e interesse. Para além de uma direção intimista, de um enredo avassalador e de uma banda sonora eclética liderada pelas sonoridades de Van Morrison, "Belfast" conta também com um elenco de excelência (sim, até Jamie Dornan). Este é liderado por Caitriona Balfe que confirma, finalmente, as boas indicações deixadas  pela sua performance na série "Outlander" e poderá, assim, ter aqui o seu papel de impulso na sétima arte....Infelizmente, Balfe falhou a nomeação ao Óscar de Melhor Atriz, sendo esta ausência, sem dúvida, um dos escândalos desta edição....


Classificação - 4,5 Estrelas em 5


Crítica publicada originalmente a 27 de Janeiro de 2021 e atualizada a 22 de Fevereiro de forma a refletir sobre as suas nomeações aos Óscares. 

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